quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

A Vida Não é Vida Apenas Porque se Vive

A semana passada começou tranquilamente agitada, ou seja, o mesmo corre-corre das mesmas coisas. A segunda, terça e quarta feiras foram bem parecidas. Na quinta, porém, tudo começou a tomar ares diferentes.

Atualmente meu negócio é uma loja especializada em cachaças e produtos regionais. Ao final da tarde fazemos um gostoso happy hour com amigos. Às quintas e sextas a brincadeira vai até mais tarde. As responsabilidades são divididas com um sócio.

Pois bem, na quinta feira deixei meu negócio nas mãos do sócio e fui a uma solenidade da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, da qual sou membro fundador, acompanhado de minha mulher, Gorette, e de minha mãe, a poetisa Concita Farias, também membro da Academia. O clima num evento desses é sempre de alto astral. A melhor parte foram os encontros com amigos e as conversas em compadrio. Essa academia é viva, verte amizade, cordialidade e ideias. Foi uma noite agradável.


Na sexta, um black out na cidade no início da noite deixou todos apreensivos. Mais tarde, tudo normalizado, comemoramos os trinta anos de minha filha, Ana Maria, que recebeu amigos e alguns familiares no meu próprio barzinho. O genro, bastante descontraído, denunciava que ali se sentia muito bem, como se em casa estivesse. Esse é o espírito da coisa. Trinta anos... Já?


Na sexta à tardinha recebemos uma equipe de TV que foi à nossa loja fazer uma matéria sobre cachaças e bares que será exibida em circuito nacional. O pessoal da TV muito legal e a gravação transcorreu em clima de naturalidade e grande curtição.


No sábado estava de folga. Aproveitei para circular em alguns bares até hora do almoço. Depois descansei um pouco e por volta das 16:30 horas estava de saída com meu filho, Altino José, para um encontro de carros antigos a bordo do Opala 1978 da família. Lá, amigos e papos sobre carros e tal. Novamente o alto astral presente e muitas ideias. É sempre bom encontrar essa turma.

 



À noite, pegamos a estrada para Pacajus, que fica a 60km de Fortaleza, para ir a uma festa dos amigos de adolescência de Gorette. Festa boa, música anos 70/80, uísque e novamente bons papos e alto astral. Chegamos em casa com o Sol nascendo. Foi uma noite muito legal.


No domingo pela manhã, uma passada no bar de sempre. À tarde preparei um prato para levar à casa de mamãe, onde a família comemoraria o aniversário da Aninha. Mais uma ocasião de encontros e boas conversas. E parece que a carne que levei contou com a aprovação de todos. Amém!





Depois de tudo isso, silêncio, uma música suave, uma vela, carinhos e sussurros...


O resumo desta semana mostra uma diversidade de relacionamentos e situações, tanto em relação a pessoas em si, quanto em relação ao que as une: literatura, pensamento político, amizade, amor familiar, paixão por carros antigos, amigos de bar. Universos distintos, todos em ebulição num mesmo caldeirão.


Gosto de permear entre uma coisa e outra. A mesmice me incomoda. O mesmo tom de cinza aborrece e enjoa. Assim, num momento penso na restauração do meu Fusquinha, noutro fico comovido com os trinta anos de minha filha, encontro tempo para estar com o povo dos bares, curto estar em família e a alegria de minha mulher voltando à adolescência, troco ideias com meu filho, exercito meu pensamento com o pessoal das letras... 

Vários furacões, muita lava e calor. Tudo muito incandescente e repleto de emoções, porque a vida não é vida apenas porque se vive!


Pedro Altino Farias, em 02/12-2015
ATENÇÃO:
os textos deste blog estão protegidos pela lei nº 9.610 de 19/02/1998. Não copie, reproduza ou publique sem mencionar os devidos créditos.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Messejana, Mariana, Paris

                                              

Tragédia e catástrofe. Messejana, Mariana, Paris. Iguais em sofrimento e indignação, diferentes em suas causas.

A chacina de Messejana é resultado de uma conjuntura de Estado na qual a educação, a cultura e o direito nunca foram levados a sério. Uma educação de qualidade gera boas oportunidades de vida, a eficácia do judiciário disciplina a sociedade e a cultura a eleva como um todo.

A catástrofe de Mariana pode ter sido fruto de descaso, ganância, negligência ou pura irresponsabilidade, ou tudo junto e misturado, dos que deveriam ser responsáveis pela segurança da represa de rejeitos da mineradora. Como resultado, mananciais poluídos, cidades arrasadas, pessoas mortas e desabrigadas.

Paris. Atentados terroristas em vários pontos da cidade resultaram em destruição, mortos,  feridos e medo. Muito medo. Atentados terroristas, pela sua própria natureza, são atos covardes. No caso de Paris, o atentado, como outros, foi baseado num fundamento religioso (?) difícil de entender, e contou com um grande aparato logístico e apoio financeiro milionário. E consumiu muito tempo para seu planejamento.

Iguais em sofrimento e indignação, diferentes em suas causas.

A chacina de Messejana pode nominar os assassinos, mas jamais encontrará um culpado objetivo pelos dramas de nossa sociedade, que sofre de muitas mazelas desde sempre. Não houve uma ação especificamente planejada para esse desmantelamento da sociedade. Ela sempre existiu, disfarçada e dissimulada, mas sempre existiu.

A catástrofe de Mariana facilmente apontará os responsáveis pelo arrombamento da barragem, dificilmente conseguirá reparar os danos materiais e ecológicos. Para traumas psicológicos e mortes não haverá solução jamais. Nesse caso, não há um indivíduo que tenha provocado de forma deliberada o arrombamento da barragem. Houve uma sequencia de negligências e desrespeito a vidas. Inclusive por parte do Estado.

Diferentemente dos demais casos mencionados, os atentados de Paris foram movidos pelo ódio, essa é a grande diferença. Difícil se conseguir identificar claramente os idealizadores dos atentados, que contaram com um planejamento de alto nível e muitos dólares, deliberadamente, para fazer o que fizeram: matar, destruir e instalar o medo. A mensagem? Eles podem estar em qualquer lugar, fazer o que bem entenderem, matar quem quer que seja, a qualquer hora, destruir e espalhar o medo.

Messejana, degeneração da sociedade; Mariana, ganância e irresponsabilidade; Paris, ódio, ódio e ódio. E ódio não há quem detenha.


Tragédia e catástrofe. Messejana, Mariana, Paris. Iguais em sofrimento e indignação, diferentes em suas causas.


Pedro Altino Farias, em 17/11/2015

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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Encontro de Arquitetos




Ocorreu sábado último, 24/10, um encontro informal de arquitetos amigos da família na residência do arquiteto e professor José Armando Farias, falecido em 1974.

O evento foi iniciativa dos irmãos Altino e Armando Farias, engenheiro civil e historiador, respectivamente, e cumpriu seu objetivo de apenas proporcionar bons momentos e boas conversas.

Compareceram os arquitetos:
- Artur Novaes, sobrinho de Armando Farias;
- Paulo Regis Assumpção, ex-aluno e amigo íntimo da família;
- Romeu Duarte, arquiteto e porfessor da UFC, amigo de Altino;
- Solange, arquiteta, professora da UFC, esposa de Romeu e amiga de Ana Luíza;
- Luciano Gumarães, também ex-aluno de Armando e casado com Tetê, filha de um grande amigo de Armando, Heitor Albuquerque;
- Ricardo Muratori e Altino se conhecem de longas datas. Além de reconhecidamente excelente arquiteto, Muratori é, também, fino cronista.

Destaque especial para a presença do arquiteto e professor Liberal de Castro, que foi colega e amigo pessoal de Armando Farias. Os dois participaram com os colegas Neudson Braga e Ivan Brito da estruturação do curso de arquitetura na fundação da Escola, que completa agora 50 anos, dentre inúmeros outros projetos.

Da famíla de José Armando estiveram presentes, além de Altino e Armando, a pedagoga e poetisa Concita Farias (viúva de Armando), a bibliotecária Ana Luíza (filha), Mariana Chaves (acadêmica de medicina, filha de Ana Luíza), Gorette Almeida (esposa de Altino), Altino José (engenheiro mecânico, filho de Altino), Ana Maria (arquiteta, filha de Altino) e Daniel Pessoa (engenheiro civil, genro de Altino).

Durante toda a tarde falou-se sobre a Fortaleza de ontem e de hoje, com suas mazelas, qualidades e possibilidades futuras; sobre a fundação da Escola de Arquitetura e sua histórias de bastidores, e sobre o trabalho de José Armando, dentre outros assuntos.

Todos visitaram o memorial com trabalhos, fotografias e objetos pessoais de José Armando, cuidadosamente organizado por seu filho Armando.

Para a família esta foi uma comemoração particular pelos 50 anos da Escola de Arquitetura da UFC. Fica aqui o agradecimento pelas presenças citadas, ao mesmo tempo que coloca o acervo existente disponível para eventuais consultas.

Na foto do grupo, Ana Maria, Luciano Guimarães, Tetê, Armando Farias, Paulo Régis, Romeu Duarte, Concita Farias, Liberal de Castro, Ana Luíza, Artur Novaes, Ricardo Muratori, Daniel Pessoa, Altino José, Gorette Almeida, Mariana Chaves e Altino Farias.






Minhas Viagens à Lua


Ninguém sabe, mas já fui à Lua várias vezes. Sempre que vou, fico por lá muito tempo, embora não tenha ideia de quanto.

Ao contrário do que se pensa, a Lua é povoada. Não por lunáticos, isso, não. Mas por sonhadores.

Para quem tem esse poder, a viagem à Lua é instantânea, e o tempo que nela permanecemos não conta aqui na Terra. Assim, podemos ir, ficar por lá o tempo que quisermos e, ao voltarmos, ninguém terá sentido nossa ausência. 

Imensas crateras, grandes avenidas, uma brisa gostosa, um silêncio musicalmente suave e a vista deslumbrante da saudosa Terra. Ah, coitada Terra...!


Pedro Altino Farias, em 26/10/2015
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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Uma Vida em Capítulos

                                                    


                                         INTRODUÇÃO

Achava que a vida deveria ser vivida em capítulos como contos independentes. Ao virar uma página, o que passou, passou. Ponto. Sem interferências nos capítulos seguintes, sem traumas, mágoas, rancores ou lembranças. Assim se viveria tantas vidas diferentes quanto se quisesse. Para que ser advogado ou funcionário público por toda uma vida? Por que construir uma família para sempre? Por que morar numa mesma cidade por décadas a fio?

                                  
                                          CAPÍTULO I

Nasceu em boa família. Estudou bastante. Brincou um pouco. Namorou e casou com seu primeiro amor ainda bem jovem, antes mesmo de formar-se médico. Aliás, esse capítulo e o casamento terminaram antes que concluísse o curso.


                                         CAPÍTULO II

Conheceu uma nova-iorquina descendente de porto-riquenhos pela internet, largou o curso e mandou-se para os EUA. Bebeu, conheceu drogas e proclamou: “Liberdade! Essa é a vida que eu quero!". Decidiu estudar artes cênicas, mas seu visto de permanência venceu e ele teve de voltar ao Brasil. Deixou a nova-iorquina no passado, assim como o filho que ainda estava por nascer. De volta à pátria mãe, escolheu uma cidade do litoral para viver, mas passou o restante deste segundo capítulo sem saber ao certo que caminho seguir.


                                        CAPÍTULO III

“Meu Deus, já? Não sabia que quarenta anos se passam tão rápido!”. Mas a vida começa aos quarenta, não é mesmo? Ou ao terceiro capítulo de qualquer história. Mas este terceiro capítulo foi curto, e acabou antes que ele resolvesse qualquer coisa.


                                        CAPÍTULO IV

Contrariando o que pensara na introdução, aqui aconteceram coisas absurdas. Os capítulos começaram a se entrelaçar inesperada e freneticamente. Aquela do primeiro amor cobrou-lhe anos de desatenção apontando para o filho desajustado. “Ausência total do pai”, acusava ela. Ato reflexo, quis conhecer o rebento fruto do romance com a nova-iorquina, mas não obteve sucesso. Impacientou-se. A saúde também lhe cobrou uma conta pelos excessos da temporada teatral. Um capítulo inteiro tentando desesperadamente reorganizar a vida antes que ele terminasse.


                                           CAPÍTULO V

Inteligente e criativo, sem dúvidas, enfim, encontrou uma atividade que lhe satisfazia e rendia algum dinheiro para seu sustento, pois seus pais, que antes lhe proviam de tudo, haviam falecido no capítulo anterior. Seu único irmão não queria notícias dele há tempos, pois temia perder pelo menos um capítulo inteiro de sua própria vida envolvido com a do mais novo. Assim, esse capítulo terminou mais ou menos, porém, ainda a tempo de um novo amor.


                                           CAPÍTULO VI

Este capítulo começou com o fim de mais aquele romance. Desistiu. Ou era realmente complicado, ou os relacionamentos eram complicados. Obviamente achava que o problema não era ele. Sozinho, ia vivendo sem mais aquele viço de criatividade, sem planos futuros nem mais sonhos aos sessenta e poucos, no entanto, alentava a esperança de ficar em paz com seus filhos. Arrumou um cachorro de todas as raças para servir de companheiro, e terminou o sexto capítulo cheio de esperança.


                                           CAPÍTULO VII

Reconciliou-se com o irmão e, enfim, aguardava a visita dos filhos no capítulo seguinte, que se aproximava rapidamente. Uma vizinha amiga prontificou-se para arrumar-lhe casa, os cabelos e unhas; um garoto, que o tratava por vovô, ofereceu-se para banhar o vira latas. Estava tudo pronto, no entanto, a vida dele terminou inesperadamente antes do final deste capítulo. Uma pena.


                                           EPÍLOGO

Enquanto transitava entre uma dimensão e outra, pensava no caleidoscópio que fora sua passagem na Terra, os capítulos de sua vida. Não aproveitou o suficiente o primeiro capítulo, base da vida. Fora afobado e egoísta. No segundo, deu asas à liberdade, confundiu-se, viveu intensamente e voltou ao ponto de partida. No terceiro nem percebeu o tempo passar. No quarto, colheu o que plantara nos capítulos anteriores. No quinto, tentou se reequilibrar na tênue linha da vida; no sexto, sossegou o espírito. Agora, depois do fatídico sétimo capítulo, conseguia enxergar tudo o que se passara com ele, e tinha a esperança de que o entendessem e perdoassem. Desperdiçou muito tempo e sentimentos e agora daria tudo por mais um capítulo em sua vida... Por mais breve que fosse.

                                                  FIM

Pedro Altino Farias, em 13/09/15

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domingo, 24 de maio de 2015

Graças a Deus!


Um fio, uma agulha: difícil passar um por outra. Nova tentativa frustrada. Afinou o fiapo de linha com saliva, e mesmo assim não conseguiu. Olhos gastos, mãos trêmulas, pensar distante.

Iria cerzir roupas do filho que, desempregado, procurava nova oportunidade de servir a um senhor e precisava boa apresentação. Sem grana para roupas novas, o jeito era arrumar as que tinha. E ela estava ali para isso. Mais uma vez dentre tantas. Aliás, por toda a sua vida.

Enfim, linha na agulha, e logo um dedo furado. Não usava dedal há tempos. Até antes mesmo de o falecido partir para outra. Mais um costume que ficara para trás. Sangue!

Parou. O sangue trouxe-lhe à memória uma porção de acontecimentos. Coisas da vida de todo mundo, de qualquer um, nada especial.  Lágrimas! O tempo ficou congelado por alguns instantes.

Sangramento estancado com o cuidado de não manchar a roupa a consertar, o trabalho seguiu em frente. Um ponto aqui, uma lançada ali, uma aparada em fios soltos, mais um jeitinho de mãe, um leve sorriso. Pronto!

Foi dormir com a ponta do dedo um pouco dolorida, mas nem lembrava mais da agulha a lhe perfurar a pele, apenas queria sonhar com um novo e lindo dia, ainda que a própria vida lhe estivesse por um fio.

Mais uma manhã por vir. Preocupações, pequenas alegrias, dores, limitações, lembranças e mais um “graças a Deus”. Quem sabe teria o privilégio a mais um dia completo, com direito a agulhas a lhe furar as pontas dos dedos e cerzidos perfeitos.


Pedro Altino Farias, em 24/05/2015
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quarta-feira, 20 de maio de 2015

O Homem Rolha



Natural e residente em Fortaleza, dezenove anos, um metro e sessenta e pouco, cento e dez quilos, acadêmico de engenharia, foi passar férias com a família. O pai, coronel do exército em fim de carreira, fora enviado a servir numa cidade do Paraná fronteiriça com o Paraguai, talvez como punição por ser da linha do direito e da correção, quem sabe...

Chegou numa sexta já tarde. Acordou no sábado pelas oito e tanto, tomou um café reforçado e saiu a fazer um reconhecimento da pequena cidade. Frio, o clima estava convidativo a tomar umas. Tranquilo e bonachão, não tardou a fazer um novo amigo aqui, outro ali, e as horas foram passando, passando, somadas às doses que bebia, bebia.

Começo de noite, todos aguardavam o ilustre e querido visitante para um jantar em família. Mãe morrendo de saudade, irmãos mais novos querendo saber das últimas, pai ansiosamente contido. E nada do cara! Mais um pouco, enfim, e o homem chegou. Bem “alegre”, por sinal. Pediu que esperassem um pouco mais, pois precisava tomar um banho rápido. Todos assentiram.

Casa de dois pavimentos, o banheiro social ficava no piso superior, ao lado da escada. Ele  regulou a temperatura do chuveiro a gosto e pronto, o banho seria perfeito!

Mas todos começaram a se impacientar com a demora do banho. “Deixa, ele vem já”, contemporizou a mãe. Os irmãos começaram a achar o mais velho um folgado, e o pai, desrespeitoso. Grande expectativa.

De repente, começou a escorrer água pelo vão da escada, pingando vigorosamente num aparador da sala de estar. O caçula foi quem chamou a atenção de todos para o fato, e foram ver o que estava ocorrendo: pai, mãe e irmãos.

Subindo, deram conta de que o aguaceiro vinha do banheiro social. Porta trancada, chuveiro aberto, água corrente, mas o visitante não atendia aos chamados dos familiares. Estaria ele passando mal? Mãe em pânico, irmãos apreensivos, pai desconfiado, o jeito foi por a porta abaixo para saber o que estava ocorrendo.

Porta escancarada à força, banheiro aberto, e lá estava ele, dormindo candidamente sentado ao chão do box, enquanto o chuveiro lhe massageava o corpo com uma água tépida. A situação já não seria favorável ao visitante se só assim fosse, mas piorou bastante ao assentar seu gordo glúteo em cima do ralo de escoamento de água, vendando-o e provocando uma grande inundação. Resultado: a ira do rigoroso pai, uma leve pneumonia e retorno antecipado à terrinha de Alencar.



Pedro Altino Farias, em 17/05/2015

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domingo, 10 de maio de 2015

ALTINIANAS III


Olhe para trás: 
Erros e acertos passados podem fazer você mudar seu rumo;

Olhe para frente: 
Assim você poderá mirar seu objetivo;

Olhe para cima: 
E perceberá a grandeza do universo;

Olhe para baixo:
Isso evita que você tropece em si mesmo.

Portanto, esteja sempre atento. Em todas as direções. 


22/12/2014

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No bar a gente paga somente a comida e a bebida; 
a diversão é totalmente grátis! 

14/12/2014

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Se extraterrestres tentarem lhe abduzir, não resista, afinal, 
eles não vieram de tão longe para perder a viagem 
por causa de um simples esperneado seu. 
Então, relaxe e reze para que eles sejam da paz e do amor. 

01/12/2014

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Às vezes é preciso entender que, por mais que façamos, amanhã será outro dia. Nessas ocasiões o lance é deixar rolar... 


27/11/2014

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Aprenda a dizer não. Muitas vezes, ao dizer “sim”, negamos o “não” a nós mesmos, e isso é muito grave. 
O “sim” e o “não” são universais e democráticos. 
Usufrua deles sem pudor sempre que precisar.


08/11/2014

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Assumir o risco é assumir a si mesmo. 
É nessa hora que saberão quem você é.


05/11/2014


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Falando em tempo, dia desses vou voltar ao passado 
para acertar umas coisinhas por lá... 

03/11/14

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Errar uma vez ou outra é humano. 
Errar sempre é burrice.
Acertar uma vez ou outra é humano. 
Acertar sempre é coisa do diabo. 


19/05/2010


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Recentemente descobri que nem tudo 
que acontece nesse mundo é por culpa minha. 
Quando soube que o buraco na camada de ozônio 
é obra do gás carbônico, ufa!!


08/09/2014 

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Quando a mulher ataca, 
ele o faz verdadeiramente e sempre com razões. 
Quando o homem ataca, na verdade ele está na defesa, 
pois a culpa está na sua própria essência de ser. 
Ela está grudada nele até mesmo antes do nascimento. 


01/08/2014

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No ir e vir diário, mantenha-se sempre à direita. 
É o certo, mais seguro, você evita problemas 
e ainda chega mais rápido ao seu destino / objetivo.


05/08/2014


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Deixar passar é saber ganhar “perdendo”. 
O tempo e a experiência ajudam bastante nesse exercício incessante, infinito, mas, mesmo assim, ainda erramos.


02/07/2014

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Benéfica, a boa leitura é sempre positiva para quem pensa, 
para quem quer pensar e até para quem pensa que pensa.


05/08/ 2014


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A melhor maneira de não ser enganado 
é nunca acreditar em ninguém. 
Esta também é a maneira mais fácil de se viver 
imerso em grande solidão.


26/08/2014

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Em tempos de marginália à solta e banalismo da violência, 
vale atualizar o antigo ditado para: 
vão-se as alianças, ficam os casamentos.



15/09/2014

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Quando, num casal, um acha graça do bum do outro, 
é sinal de que a cumplicidade está presente.


26/09/14


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Alguém já disse: ou você é você mesmo ou será outra pessoa.


15/10/2014


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Esqueça o anzol, nade com os peixes!


10/05/2015



quarta-feira, 6 de maio de 2015

A Enorme Utilidade das Coisas Inúteis


Era uma caixa de papelão. Uns quarenta centímetros de largura por cerca de sessenta de comprimento e outros quarenta de altura. Dentro dela, documentos em papel guardados há anos. Autênticas preciosidades de valor apenas estimativo.

Depois de anos e anos adormecida, precisou dos documentos da caixa, mas... Cadê a danada? Procurou em todas as dependências de seu espaçoso apertamento de 90m². Nada! Novo rolezinho no apê, e nada de novo. Entrou em depressão. Brincadeiras à parte, aqueles documento representavam um parte de sua história, sentimentos inclusos. Afinal, quem poderia ter extraviado a caixa? Quem?

Ela não tinha atrativos. Era de papelão e velha. Dentro, pastas, também de papelão, igualmente envelhecidas, nas quais repousavam os tais documentos, estes mais antigos ainda. Tudo meio empoeirado, com certeza não chamou atenção de ninguém por suposto valor monetário que justificasse um furto. Excluída a possibilidade de furto, e de reencontrá-la, somente restou uma hipótese: lixo!

Mas como? Por que? Pôs a refletir sobre o assunto e chegou a uma conclusão. Provavelmente, alguém de casa, que desconhecia o valor do conteúdo da caixa, pensou estar fazendo um favor arremessando a dita cuja ao lixo para nunca mais. O objetivo da desova era dar lugar a algo completamente inútil, mas que precisava urgentemente ter um lugar somente seu naquele resumido apertamento.

Inutilidade guardada, a vida seguiu em frente até que se deu por falta do legítimo ocupante daquele mísero lugar no armário do hall. Tarde demais! A inutilidade, enfim, havia revelado para que servia: tomar o lugar de algo útil. Infelizmente a inutilidade guardada não conseguiu ocupar o mesmo lugar no coração daquele que perdeu para sempre um pouco de sua vida. Infelizmente.


Pedro Altino Farias, em 21/01/2014 – O dia em que a caixa se foi. 


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segunda-feira, 4 de maio de 2015

TENSO!


Tarde de domingo, pleno carnaval, resolveu voltar para Fortaleza, distante cento e quarenta quilômetros de sua casa de praia. Estava tudo bem, com filhos e parentes curtindo a temporada de Momo à beira mar, mas como sua mulher não pode estar presente, ficou tudo meio sem graça. Por isso decidira voltar.

Bebera um pouco durante o dia, e tinha o receio de que uma blitz o penalizasse após o temido bafômetro acusar os mais tênues traços de álcool em seu sangue. E as informações eram de que pelos menos duas barreiras da Polícia Rodoviária se interpunham entre ele e seu destino.

Assim, viajou tenso, à baixa velocidade e atenção redobrada, embora tivesse feito contato com um amigo oficial da polícia que o tranquilizara: “Se lhe pararem numa blitz, não faça nada antes de ligar para mim!”.

Completamente sóbrio, talvez tecnicamente embriagado, escapou da primeira blitz... E da segunda também, quilômetros adiante. Mas ninguém gosta de dirigir naquele horário de seis da tarde. E é péssimo mesmo. Por isso nosso amigo continuava tenso, muito tenso. E ainda preocupado com a possibilidade de ser surpreendido por mais uma blitz.

Já próximo do destino, contornou uma grande rotatória devagar, tomou a saída correta e, de repente, uma vaca à sua frente, bem na margem da estrada, dando a impressão de que atravessaria a pista incontinente. Fechou os olhos e freou forte. “Vou bater!”, pensou num relâmpago. 

Veículo imóvel no meio da estrada, o suor frio escorrendo por suas têmporas, foi abrindo os olhos devagar. Observou em volta buscando o atrevido animal quando, enfim, se deu conta de que se tratava apenas da reprodução de uma vaca em tamanho natural posta defronte de uma modesta churrascaria como chamariz. Sóbrio, é? Eu sei...


Altino Farias, em 28/04/2015
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terça-feira, 28 de abril de 2015

As Mil Faces do "Sistema"



No varejo:
“O sistema está fora do ar!”, “Temos que aguardar a informação entrar no sistema.”, “Senhor, o sistema não permite parcelar em mais vezes.”, “ Hoje o sistema está leeentoooo...”, “ O sistema não reconheceu essa operação.”, “ Vamos ver se o sistema aceita?”.

No atacado:
“O sistema previdenciário está falido.”, “O sistema financeiro pode não aguentar mais uma crise.”, “O sistema carcerário está esgotado.”, “O sistema de abastecimento hídrico precisa ser redimensionado com urgência.”.

No individual:
Entre um e outro, é capaz de nosso sistema nervoso entrar em colapso e o sistema respiratório apresentar graves alterações, comprometendo todo o sistema  circulatório.

Talvez todos os “sistemas” sejam, na verdade, um só, integrados entre si, ora interdependentes, ora redundantes, ora coincidentes, ora surrealistas. Todos pressionando, ameaçando e atormentando o pobre homem, que criou alguns, herdou outros direto do Todo Poderoso e arruinou outros tantos. Coisas do “sistema” vigente, fazer o que?

Altino Farias, em 28/04/2015


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terça-feira, 21 de abril de 2015

Três Tons de Cinza


Viva moderadamente e viverá muito e bem. A moderação é uma virtude sublime.

Coma somente o que seu corpo precisa.

Seja moderado no amor, pois tudo de mais, ou de menos, é veneno.

Dirija devagar, apreciando a paisagem que se desloca lenta e previsível pela janela do carro.

Ventanias? Fuja delas, podem ser devastadoras. Prefira as mais suaves brisas da tarde. 

Roupas coloridas chamam atenção, e mais que três tons de cinza é pura extravagância. 

Cuidado com o prazer, muitas vezes ele aprisiona, sabia? 

Beber? Ah, um bom suco de frutas é sempre bem vindo... E muita água! 

Amigos: muito cuidado com as decepções. Melhor acautelar-se. 

Vivendo assim, a certa altura você vai se perguntar: “Será que eu morri, ou nem sequer nasci?”, e, então, eu vou lhe responder, também perguntando: 

ISSO REALMENTE FAZ ALGUMA DIFERENÇA PARA VOCÊ? 


Pedro Altino Farias, em 15/04/2013

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quinta-feira, 26 de março de 2015

Pensamentos Autônomos


Coisa difícil é pensamento autônomo nos dia de hoje. As pessoas até que têm ideias, boas ou ruins, não importa. O problema é que elas não têm argumentação própria para sustentar seus pontos de vista, e recorrem a intelectuais, ruins ou bons, para justificarem suas posições.

Mas, ora, uma ideia ou opinião nada mais é que isso. Não há certo nem errado. Há, sim, óticas diferentes de avaliação. Se sua opinião coincide com a de alguém famoso, como Chico Buarque ou Niemeyer, ótimo, mas isso não a faz uma verdade absoluta, pois continua sendo apenas o que é: uma opinião.

As redes sociais, e a internet em geral, estão empestadas de “grandes pensadores”, que buscam ancoragem num ou noutro personagem de projeção para dar solidez à suas convicções. Ou simplesmente os repetem, tal qual papagaios ensinados, revelando toda a fragilidade intelectual predominante na atualidade.

Ao expor uma ideia publicamente devemos estar sempre prontos para críticas (que sejam construtivas) e opiniões contrárias, mas que sejam objetivas e próprias do contestador, e não tiradas de algum manual pronto com frases de algum ilustre.

Resumindo, é preciso coragem para tornar público o que se pensa. É não temer tornar-se vidraça, é despir-se, dar a cara a bofete, como ouvi de uma amiga certa vez. E depois continuar tudo outra vez. Essa é minha opinião.


Pedro Altino Farias, em 09/12/2012

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