segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Antigamente - A entrega do gás de cozinha

 


Antigamente, o gás de cozinha em Fortaleza era entregue porta a porta pela “entrega sistemática” da então Ceará Gás Butano, empresa que detinha o monopólio na venda de gás butano no estado.

A companhia distribuía às residências e comércios um calendário com as datas de entrega de cada bairro/região. O serviço não falhava, e todos podiam se programar para receber o entregador de gás. No "caminhão do gás", um sino badalado em alto e bom som anunciava sua aproximação, dando tempo para que se providenciasse o dinheiro para o pagamento.

Caso se perdesse o dia da entrega, era necessário fazer um pedido avulso, pagando uma taxa de valor razoável pelo serviço de entrega extraordinário.

Outra opção era ir até o depósito no Mercado dos Pinhões, ou no terminal da companhia no Mucuripe, para trocar o botijão vazio por um cheio. Para fazer esse manejo sem prejuízos, nem correr o risco de falta, o normal era que os usuários tivessem dois botijões.   

Como se pode ver, deixar de comprar no caminhão da “entrega sistemática” era um mau negócio.

Hoje em dia há vários distribuidores de gás de cozinha, e outros tantos revendedores, de modo que com um simples telefonema recebe-se um botijão em casa em questão de minutos, sem estresse. Pena que os botijões residenciais de treze quilos não evoluíram. São trabalhosos de trocar, sujos e apresentam vazamentos na rosca de engate com bem mais frequência que o desejável, exatamente como acontecia antigamente.

Pedro Altino Farias, em 23/06/2014

 


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Antigamente


Era comum casas urbanas de terreno estreito e comprido, porta e janela na fachada. O telhado de telha de barro, a cumeeira alta afastava o calor, e meias paredes dividindo seus interiores também facilitavam a circulação do ar.

O banheiro, invariavelmente lá trás, e exigia longa caminhada, daí a utilização de penicos para necessidades noturnas e urgentes.

Uma sala na frente para as visitas, outra depois dos quartos para as refeições. Mas na copa era que a vida vibrava a todo momento, do amanhecer até que todos fossem dominados pelo sono.

O melhor dessas antigas moradias era e vai e vem, o entra e sai de pessoas. Irmãos, normalmente numerosos, tios, primos, compadres, avós, empregados.

O leiteiro, o padeiro, o verdureiro, todos à porta e prontos para uma boa prosa a cada passagem. Sem pressa, nem ambição de ser mais, ou ter mais.

Cadeiras na calçada ao final da tarde, carroças preguiçosas e automóveis idem trafegavam na rua calma, notícias de alguém distante contada de boca em boca, e aquela moça mal falada desfilando provocativamente. “Cadê o padre que não vê isso, meu Deus?”, exclamavam horrorizadas as “mulheres direitas”. Será que não via mesmo?

Bem, melhor ir parando por aqui, senão pode ser que algum leitor fique com vontade de viajar para antigamente... E não queira mais voltar.

Pedro Altino Farias, em 14?07/2014