Neste espaço veiculo crônicas e textos diversos com idéias e opinões pessoais sobre os mais variados assuntos do cotidiano. É uma maneira simples, direta e eficiente de chegar ao internauta, e também de receber comentários sobre o que escrevo sob a perspectiva do leitor. Democraticamente. Espero sua participação em breve!!
domingo, 21 de janeiro de 2024
Cerveja Lavada
domingo, 14 de janeiro de 2024
Rodízio de Bundas
O comércio era do tipo “bar & mercearia”, muito comum em
bairros das grandes cidades e mais comum ainda em municípios do interior até a
uns anos atrás. Na cidade grande hoje restam poucos desses estabelecimentos,
que eram bastante sortidos. Neles vendia-se corda, pregos, alfinetes, botões,
remédios, cereais, fumo, bombons, pão, enlatados e por aí vai. E ainda
aceitavam fiado dos fregueses com débitos anotados na “caderneta”. A caninha e
a cerveja para os amigos e papudins da redondeza não faltavam. O balcão dessas
casas era ocupado em grande parte por mil e uma bugigangas, restando, via de
regra, pouco espaço livre. Pois bem, foi num boteco desses que correu o caso
que agora vou narrar para vocês.
Certa tarde de sábado, no Bar do Seu Mundim, os amigos de
sempre celebravam a vida com cerveja quase gelada, talagadas de aguardente barata e
muita conversa fiada. Como os bancos para sentar eram poucos, alguns ficavam de
pé, então um dos presentes fez uma proposta: Turma, já tô cansado de ficar em
pé, por que a gente não faz um rodízio de bundas? Depois de um tempo os que
estão sentados ficam de pé, e os que estavam de pé, sentam um pouco para
descansar os cambitos”. Proposta aceita na
hora pela assembleia, deu-se de imediato o primeiro “rodízio de bundas”.
Logo depois do “rodízio” chegaram dois forasteiros e todos
olharam para eles desconfiados. Os intrusos se espremeram num cantinho do
balcão, afastaram uns pacotes de bolachas abrindo uma pequena clareira, e pediram duas doses de cachaça, prontamente servidas pelo Mundim em copos que acabara de
retirar da bacia na qual os lavara com água aparada, e parada. E a rotina do bar
continuou, com a conversa fiada correndo solta entre os diaristas, e os dois
forasteiros bebendo suas cachaças e conversando baixinho entre si.
Foi aí que um dos habitués disse: “Bora! Agora quero me sentar, já faz um
tempão que tô em pé e vocês aí, bem sentadinhos”. Conforme o combinado, os que
estavam sentados levantaram-se, cedendo seus tamboretes aos que estavam
cansados de estarem de pé. Nessa troca de posições, um deles acabou confundindo
os copos e pegou o copo errado. Quando já aí tomando um gole, o verdadeiro dono
do copo exclamou em alto e bom som: “Ei, peraí! Rodízio de bundas tudo bem, mas
de copos, aí já é putaria!”. Nesse momento um dos forasteiros olhou para o
outro e disse: “Cumpade, vamu s’imbora daqui que esse bar num é pra nós, não!”
Altino Farias, em 14/01/2024
https://www.conhecaminas.com/2021/03/16-vendas-botecos-e-mercearias-antigas.html
Eu, Prisioneiro
Nesse momento me encontro no estômago da Mobydick. Aqui é
escuro, frio, quieto, estranho. Lutei, resisti muito para não chegar até aqui.
Criei situações, inventei estórias, fiz amizades, planejei mil estratégias
diferentes de tudo que já se viu. De nada adiantou. Fui engolido pela famosa e temida Mobydick.
Daqui posso ouvir o barulho das ondas e correntes marinhas e
ver um pouco do mundo exterior através dos olhos dela, mas nada posso fazer,
estou preso, imóvel, impotente. Temo não pela minha vida, mas pelos sentimentos
dos que estão lá fora e gostam de mim, afinal, isso não são modos de se sair
dessa existência. Aliás, a pior hipótese para mim é continuar existindo assim,
nas entranhas dessa baleia.
Mas tenho um plano para sair dessa situação. Não, não posso
contar a vocês porque ela pode me ouvir, e então minha ideia iria por terra, ou
melhor, por mar. Mas o plano é bom! Sei que nada que planejei funcionou até
agora, mas quem sabe dou sorte dessa vez e me livro dessa insólita prisão.
Agora tenho que ir. Vou trabalhar no meu plano. Vai dar
certo! Qualquer dia chego numa praia distante. Sei que não irão acreditar na
minha fantástica história, então vou inventar outra, bem simples. Um quase
afogamento, ou o naufrágio de um pequeno barco, ou que me perdi no mar
praticando kitesurf, para mim não importa, o que importa é ver o Sol e a Lua,
sentir a brisa no rosto e ver o sorriso no rosto das pessoas amadas. E nunca
mais ser prisioneiro novamente onde quer que seja.
Altino Farias, em 14/01/24
quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
Meu 2024 ainda não começou
Atribui as dores no estômago a distúrbios digestivos, e a
das costas e mal jeito na dormida. À base de antiácidos e analgésicos fui
levando e cumprindo os últimos compromissos operacionais e legais do ano até o
dia 28, ao qual seguiu mais uma noite em claro.
Na sexta, 29/12, procurei um atendimento de emergência e
veio o diagnóstico bombástico: eu estava com um cálculo renal obstruindo o ureter,
tubo que liga o rim à bexiga. Essa era a causa de todo o mal estar que estava
sentindo há dias. Foi operado no mesmo dia às 19 horas.
Tive alta hospitalar dia 30 e a graça de passar o réveillon em
casa com a família, lamentando apenas não passar com minha mãezinha, dona
Concita, que esse ano vai a 94 anos, e irmãos como é tradição na família desde os
tempos do meu saudoso pai, mas a maravilha da internet hoje permitem as
chamadas de vídeo, que quebram o maior galho nessa situação.
Enfim, meia noite, e na minha taça para o brinde, água!
Brindei feliz por estar me recuperando, pelo bem estar de todos da família e
amigos. Pelo nosso Brasil e pela paz no mundo.
Água. A gênese da vida dos primeiros seres se deu na água.
Animais e vegetais são compostos de água. A água nos mantém vivos. Água é o
solvente universal. Na virada do ano, que para mim ainda não começou, tomei
água e um decisão: de ora em diante brindarei a chegada de mais um ano com água,
simbolizando a simplicidade e a purificação. Cachaça a gente bebe antes e
depois.
Meu 2024 começa semana que vem, pois devo me submeter a um
procedimento médico para a retirada de um cateter colocado para facilitar a
drenagem dos resíduos do cálculo renal. Estou ansioso para ver e sentir 2024!
Altino Farias, em 11/01/2024