segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Feliz da Vida



Respondia pelo nome de Severino, mas podia ser João, José, Pedro, Sebastião ou outro qualquer. Cinquenta e tantos anos, escolaridade a desejar, trabalhava como porteiro num condomínio que já fora dos mais elegantes da cidade, mas que os anos providenciaram certa decadência.

Véspera de Natal todos ficam com um sentimento fraterno e solidário à flor da pele, e naquele ano não foi diferente. Severino, no seu posto, trabalharia até vinte e duas horas, quando seria substituído por um colega, João Paulo, nome que ganhou quando da vinda do Papa ao Brasil. Estava feliz porque chegaria em casa a tempo de ficar com a família, embora nada fosse ter de especial. Talvez conversassem descontraidamente e fizessem uma oração de agradecimento antes de deitarem.

No condomínio o dia foi movimentado, todos correndo nos últimos preparativos para a ceia da noite. Doutor Malheiros, que Severino poucas vezes viu em carne e osso, pois o homem só entrava e saia do prédio de carro por trás do fumê dos vidros, veio até a portaria e cumprimentou-o apertando-lhe a mão e desejando-lhe feliz Natal com uma voz pausada e firme. Bruna, com seus dezessete anos, a mais patricinha do pedaço, foi até ele e fez um selfie, que logo postou nas mídias sociais, tendo muitas curtidas dos amigos. Salete, a perua do 902, interfonou para Severino desejando um feliz Natal e pedindo que ele subisse quando tivesse uma folguinha para pegar umas roupas usadas, mas que “estavam novinhas”, para que examinasse o que lhe aproveitava. Dona Genoveva, a vovó do prédio, deu a Severino com um vistoso panetone. “Ganhei quatro desses e nem posso comer por conta da minha diabetes”, comentou em tom de lamento enquanto entregava o pão a Severino, que adorou o presente. Já noite, ao sair para a ceia em casa de parentes, o pequeno Jonas, de cinco apenas anos, incomodou-se ao ver Severino na guarita e perguntou, inocente: “Na sua casa não tem Natal não?”.

Severino largou o serviço pontualmente às 22 horas, passando o posto a João Paulo, a quem cumprimentou com apertado abraço e um carinho na cabeça. “Coitado, vai passar a noite de Natal trabalhando.”, pensou solidário. Não fosse a mulher e filhos esperando em casa, por certo trocaria o turno com o colega. 

Apressado, a caminho de casa, pensava nos acontecimentos do dia. Passou num mercadinho e comprou uma tubaína já gelada. Com as roupas usadas, o panetone e o refrigerante, a surpresa para os de casa estava garantida. Seguia feliz da vida, como não importasse as atitudes mesquinhas que observou naquelas pessoas no decorrer de seu expediente e durante todo o ano. De relance, jura que viu um rasgo de luz no céu e teve consigo a certeza de que era Papai Noel com seu trenó. A noite não foi tão longa quanto ele gostaria, mas teve um FELIZ NATAL.

Pedro Altino Farias, em 24/11/2017



sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Dezembro 2017


Saímos da última curva e entramos na pequena reta final de 2017. O tempo passa acelerado. O que está feito, está feito, em que lugar estamos não interessa mais, o importante é chegar, apenas. 

Embora com pé embaixo, agora nos atrevemos a dar uma olhada em volta e, principalmente, no retrovisor. O que ficou para trás nesse momento é destaque. Alguns bons companheiros e entes queridos não conseguiram estar ao nosso lado agora e, com certeza, assistem-nos da arquibancada, e torcem por nós... E nós por eles.

O Brasil, ah, o Brasil! Vem devagar, lá trás. O projeto atual é ruim. Muitos problemas desde a primeira curva do ano. Todos preocupados, muitas opiniões, nenhuma solução à vista. Talvez ano que vem tudo seja melhor, talvez. 

Parentes, amigos e amores nos aguardam na linha de chegada, e nós aguardamos, também, a chegada deles próprios, cada um com sua corrida. Champanhe!

Após breve parada para respirar fundo, pensar no que vivemos, uma nova aventura nos espera: 2018, mas essa é outra corrida.


Pedro Altino Farias, em 01/12/2017

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

RO - Resto de Ontem


A conversa estava boa, a birita também. Nessa hora chegou uma moça bonita e gostosa. Papo bom, alegre e sorridente, logo surgiram uns carinhos. Nem ele nem ela sabem como começou o lero. Talvez tenham juntado a fome com a vontade de comer, quem sabe. Lá pelas tantas resolveram ir para lugar incerto, fugindo dos olhares indiscretos e invejosos dos outros.

Entre quatro paredes, pelados, livres das amarras das convenções sociais e morais, amaram-se loucamente, nem sabem dizer por quantas horas ao som de “Eu te amo”, de Chico Buarque e outras pérolas. Aí a notícia carece de uma exatidão. 

Manhã clara, de banho tomado, recuperado do êxtase intenso, bateu a fome e a necessidade de dar notícias em casa. Tentou matar dois coelhos com uma só paulada. Ainda entre quatro paredes, enquanto a jovem desnuda jazia adormecida na cama, ligou para a mulher contando uma história sobre seu sumiço mais fantástica que a mais fantástica visão de Dali, atrevendo-se a pedir que lhe preparasse um delicioso caldinho de carne do jeito que “só ela sabia fazer” para quando ele chegasse. Como a mulher lhe bateu com o aparelho na cara, olhou para cama e se conformou em comer o “RO”, resto de ontem. 

Esta crônica bem que poderia terminar por aqui, mas, como foi dito antes, a notícia carece de exatidão. 

Recém saída do segundo casamento aos trinta anos nesses tempos modernosos, ela nem pensava em sexo naquela noite, muito menos em começar algo sério, mas... A abstinência vinha de uns poucos meses, o cara era atencioso e divertido, então, “por que não?”, perguntara-se. Ao adentrar as tais quatro paredes, no entanto, decepção, pois o dito cujo parecia estar mais carente que ela umas cinco mil vezes, encerrando sua performance bem antes que o mínimo desejável. Papo vai, papo vem, deram um tempo e foram de novo. E mais uma vez o lanche foi rápido. Para ela, pelo menos, foi uma merendinha insossa tipo chá com bolacha. Como era madrugada, resolveu tirar um bom ronco e pinotar da cama cedinho sem nem olhar para o “RO”, resto de ontem. 

Pedro Altino Farias, em 25/11/2017





quinta-feira, 23 de novembro de 2017

22 de Novembro - Dia da Bandeira


Uma miniatura de máquina de escrever, um pequeno globo, alguns lápis, livros de automóveis antigos, cachaças, um violão de brinquedo, um velho vinil e fitas cassete, Patativa, Padre Cícero, um crucifixo, uma mini sela feita pelo Espedito Seleiro. Objetos que falam um pouco de mim, das coisas que gosto. Ao fundo, abraçando meu pequeno universo, o Pavilhão Nacional. Esse cenário é real e faz parte do meu dia a dia o ano inteiro, todo ano.

Dia 19 de Novembro foi o Dia da Bandeira, pouco se falou disso. Amar a Pátria se tornou piegas, cafona, ridículo. O governo militar usou mal o sentimento patriota. Os governos seguintes se esmearam em desvirtuá-lo ainda mais... Ou simplesmente ignorá-lo. E o povo, em sua maioria, entrou nessa. Lamentável. 

Vivemos atualmente uma situação crítica em termos morais e éticos. O Estado Brasileiro acabou, sobrevivemos apenas como Nação, a sociedade levando tudo nas costas. Até quando?

Patriota que sou, aproveito essa ocasião para ratificar meu amor BRASIL e meu repúdio veemente a toda essa lama que se tornou o Estado brasileiro, com seus executivos e legislativos e judiciários. Em todos os níveis.


Altino Farias, em 22/11/17

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Episódios de Chico Litro - resumo IV



- Ei Chico Litro, o Toim fechô o bar ônti, num foi? E tu bebeu       onde?
- Em casa mermo.
- E se melô?
- Melei. A Santinha mandou eu limpá a caixa de gordura da cunzinha e fiquei todo melado... e cachaça qui é bom, nada!



*****

- Essa água de coco tá doce, Chico Litro?
- Muito não.
- Me dá um gole?
- Ah, Santinha, se quisé peça uma pra você...
- Arreégua, fí de quenga imprestável! Pois num quero mais não, viu? E vá se lascá todim!
Aí Zé Siriguela, intrigado, perguntou:
- Macho, purquié qui tu num deu logo um gole pra ela pra num tê confusão, porra?
- Num tá vendo qui isso aqui num é água de coco, não, abestado? O coco tá chei, mas é de cachaça!

*****

- Vixe, acordei hoje cedo no maior susto! Pensava que era segunda... Mas ainda bem que é domingo, dia de tomar umas..
- E se fosse segunda feira, Chico Litro?
- Também!
(colaboração: balcão da Embaixada)

*****

A Santinha levou Chico Litro para o médico:
- Seu Chico,o Sr.bebe?
- Bebo,doutor!
- Quantas doses o senhor bebe na semana?
A Santinha,interpola!
- Doutor, pergunte em litro!
(colaboração Assis Assisnildes)

*****

- Esse molho de pimenta é pra tu, Chico Litro?
- É não, é pra minha sogra.
- Mas Chico, esse molho é fuderoso, arranca as pele da língua! Será que véia aguenta?
- Rapaz, num se meta, não!



*****

- Tu vai se mudar, Chico Litro? Mas a tua casa é tão boa...
- É, mas a que eu vô morá agora é quase vizim do bar!

*****

- Tu soube, Chico Litro, entraram no bar do Toim de madrugada e reviraram tudo! Parece que levaro umas coisa...
- Será que levaro a cardeneta dos vale?
(colaboração Dalber Dálber Farias Landim)

*****

- Qui cara de felicidade é essa, Chico Litro?
- Ganhei 500 contos no bicho!
- Êita! E o qui é qui tu vai fazer cum essa grana toda, homi?
- BEBER!
(colaboração Paulo Costa - baseado em fatos reais)

*****

- Ei, purque qui te chamam Zé Siriguela?
- Purque eu tomo quase um litro de cana c'uma seriguela de vez...
- E purque qui tu num toma logo um litro todo?
- Purque aí é demais!



*****

Chico Litro mostrando a mão firme, sem tremor:
- Olhaí, tô bonzim, ó!
- Também, Chico Litro, tu tá bebendo desde de manhã... Quero ver é se bem cedinho, antes da primeira, tu num treme que nem uma Toyota das antiga...
(colaboração balcão da Embaixada da Cachaça)



*****

- Ei, Chico Litro, vamu ali no Forró da Colega?
- Nóis vamu de carro ou de a pé?
- A pé, né, purque?
- Ah, se for de a pé eu num vô, não!
- Arriégua, macho, que viadagem é essa?
- Ne viadagem não, macho véi, é purque se a gente for de a pé eu vô chegar lá bonzim... aí perde a graça...



*****

- Chico Litro, arrumei uma consulta pra tu vê tua unha incravada...
- Tu conhece esse médico? Ele bebe?
- Rapaz, bebe, sim!
- Ah, intão nesse eu vô!

*****

- Diabeisso qui tu ta bebendo, Chico Litro?
- Vodka cum menta.
- Vodka cum menta? Égua, macho véi, pra que isso?
- É pro mode eu me ispritá!



*****

- Leite? Me dê uma caixa que eu rebolo no mato na merma hora! Mas se for de cachaça, eu bebo todinha! (Chico Litro)

*****

- Chico Litro, o que tu vai dá de presente no Dia dos Namorados?
- Num tenho nem namorada...
- E a Santinha, tua mulher, homi, num é também tua namorada não?
- Nada! A Santinha é uma "presseguição", isso sim!

*****

- Tu num foi purque ninguém te chamou, foi, Chico Litro?
- Não, num fui purque ouvi dizer qui ia ser fraco de birita..

*****

- Chico Litro, tavam falando mal de tu lá na feira...
- Inda tão?
- Não, macho véi, isso foi de manhã.
- Ah. bom, sinão ia lá agora das umas porrada nesse povo. Toim, bota mais uma aqui!

*****

- Que marca encarnada é essa na tua camisa, hein, seu fí duma égua?
- É... é... é beterraba!
- Beterraba? E tu tava comendo beterraba, Chico Litro? E desde quando tu gosta de beterraba? E desde quando beterraba serve de tira gosto pra cachaça, hein, seu fí de quenga?
- Desde hoje, Santinha.
- Safado!
SPLASSCHH!

*****

Chico Litro
- Segura aí, Zé Seriguela, que vou bem ali, na Embaixada, dá um chero na Lindinha e volto já...
Santinha
- VAI ONDE MERMO, HEIN, CHICO?
Zé Seriguela (mumurando)
- Vixe! Agora sujou...
Chico Litro
- Vou ali, dar um beijo na sobrinha, na sobrinha... Será que ela tá acordada uma hora dessas?
Santinha
- Ah, é, e´?
SPLASSCHH!!

*****

- Rapaz, o Chico Litro tava todo se coçando lá no bar do Toim hoje de manhã.
- E era? Tá com curuba? Impinge?
- Que nada! É que a Santinha disse que só era pra ele começá a bebê só depois do almoço, aí já viu, né? Num sei como foi que o coitado aguentô...

*****

- Ei, Chico Litro, pur que qui tu só vevi de óculos escuro?
- É pro mode pudê olhá pras menina e ninguém notá...
- Rapaz, tu é muito sabido mermo, Chico, égua!

*****

- Deu pra fumar agora foi, Chico Litro?
- Dei não, Santinha! Tá me disconhecendo? Eu sô é macho! Hahahaha...
- Tá engradinho, tu...
SPLAASCHH!!
- PELO CIGARRO E PELA GRACINHA, VIU, SAFADO!

*****

- Ei, Chico Litro, tu qué um piper?
- Ora se quero! Melhor tira gosto pra cachaça num tem, não! Cu'm bichim desse eu tomo é mei litro de cana!

*****

- Tu soube, Chico Litro? O Quinzin morreu! O velório tá sendo lá casa dele...
- Pois num é, rapaz... Será que vão bebê o morto?

*****

- Chico Litro, tu é de lascar, homi... Pedi tanto pra tu num bebê onti, mas tu nem aí. Eu lavo e passo tuas rôpa, faço o teu cumê, mas quando te peço uma coisa tu num faz. É um ingrato!
- Santinha, minha fia, fique aborrecida por causa disso, não. Olha, vamu fazê assim, de hoje por diante num se preocupe mais cum minhas rôpa nem cum meu comê tá certo?


*****

- Tu gosta de pitú, Chico Litro?
- Gosto. Tanto do de bebê, quanto o de cumê...

*****

- Tu viu a notícia, Chico Litro? O Lula foi condenado!
- Foi mermo? Quanto tempo sem bebê?

*****

- Tu morre de medo da Santinha, né, Chico Litro?
- Medo não, eu tenho é respeito!
(Colaboração, Kelson Daniel, no balcão da Embaixada

*****

- Chico Litro, tu se alembra do dia do teu casamento cum Santinha?
- Lembro, sim... Buaaaá... Toim, bota uma dupla aí! Buaaaaá...!

*****

- Voltou a bebê, Chico Litro?
- Voltei. Capotei ônti de noite, dormi, acordei hoje e vim pra cá, rebatê a ressaca...
(Colaboração mesa 13 do Flórida)

*****

- Chico Litro, a Santinha disse pra tu num bebbê hoje... Tu vai se lascá todim quando chegá em casa de noite...
- Foi mermo, Zé Siriguela. Intão acho qui só vô pra casa amanhã, ó...

*****

- Arrumei um emprego, Zé Siriguela!
- Foi mermo. Chico Litro? E tu começa quando?
- Eu não, tu! Arrumei um emprego foi pra tu, hômi... E começa amanhã!
- Nãnnn... Eu, hein?

*****

- Zé Siriguela, tô chatedo... Quando ia saindo hoje de manhã pra vim pru bar a Santinha me esculhambô... Snif... Me chamou de cachorro... Apois intão quando eu chegar im casa vô dá um mordida nela... Eu num sô cachorro? Intão...
- Morde ela não, Chico Litro. Tu num é cachorro? Intão faz xixi nos pé dela!
- É mermo, ó! Toim, traz uma cerveja aí!

*****

- Bora, Chico Litro, tá na hora, macho véi.
- Tá nada! Tá é cedo, agora que o piper tá na metade...!

*****

- A conta, Chico Litro? Vai pendurar de novo?
- Faça o seguinte, Toim, bote mais uma só pr'eu terminar essa azeitona...

*****

- Vocês souberam? O Chico Litro foi insultá com o pitibul do fí do Manel e levou uma dentada bem na batata da perna.
- Valha-me Deus! E o Chico tá bem?
- Tá, mas o coitado do cachorro ficou bebim e agora tá na maior ressaca.

*****

- Chico Litro, vamu lá na quadra amanhã jogar um futebolzinho pra desenferrujar?
- Rapaz, prefiro ir no bar jogá conversa fora e se embriagá...

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- Égua, ônti foi bom demais, num foi Santinha? Dancei tanto qui tô aqui todo doído...
- Tu tá doído é de apanhar, seu fí de quenga safado! Vai dizer qui num se alembra não das fulerage qui fez na festa da Dasdores não é?

*****

- Chico Litro, o qui tu achou de ônti a noite?
- Num achei nada. Fiz foi perdê. Num me alembro de porra niuma...Fiz alguma bestêra besta??

*****

- Toim, soma aí minha conta do mês.
- Humm... cento e vinte e quatro real.
- Ah, tá bom. Pensei que era mais. Segura aí, e quando chegá em duzento tu me avisa, tá?
- ARRE ÉGUA!!

*****

- Larga esse celular, Chico Litro, vamu convesá, ômi!
- Rapaz, dêxa eu cum minha meiota aqui e vá convesá cum outro...

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- Chico Litro, dizem que tu bebe demais, isso é verdade?
- Conversa desse povo quI malda tudo.
- Mas tu bebe todo dia?
- Todo dia e toda noite, marrépouco... Umas duas cerveja e quatro cana... Poraí...
- Por dia, Chico Litro!?
- Não, por hora, né...?

*****

- Chico Litro, tu num trabalha, não?
- Tenho esse vício não, ó!
- Mas de jeito nium?
- Só no Sábado de Aleluia qui faço um bico de Judas....
(colaboração Romeu Duarte)

*****

- Ô, Seu Cinco Litros...
- Desculpa, amigo, mas meu nome é Chico Litro, mas obrigado pelo elogio...

*****

Enquanto isso, no Bar do Toim...
- Ei, Chico Litro, olha o qui eu truxi pra tu, um quilo de queijo do bom!
- E pra que qui eu quero essa ruma de queijo?
- Ora, pra cumê, ômi!
- Mas eu gosto mermo é de bebê... EI, TOIM, QUANTO TU DÁ NUM QUILO DE QUEIJO DO BOM??

*****

- Pronto, já cumpri minhas obrigação, agora tô livre pra bebê...
- E qual foi as obrigação qui tu fez, Chico Litro?
- Cunfiri o jogo do bicho e fiz ôtra aposta, passei no mercado pra cortá os cabelo e comprei umas tangerina na feira pra tomá umas aqui... Cansei, viu?

*****

- Ômi, eu sai daqui era uma hora e tu tava comendo azeitona. Agora são cinco hora e tu inda tá comendo azeitona... Quantas tu comeu, Chico Litro?
- Comi, não, AINDA tô comendo... Só essa aqui mermo...
- Égua!

*****

Um papudim perguntou ao Chico Litro:
- Chico tu bebi em pé ou sentado
- Tanto faiz o copo tandu xei...
(Colaboração Rogerio Gonçalves)

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- Tá feliz pur que, Chico Litro?
- Purque hoje é segunda ferira, Zé Siriguela!
- E daí?
- Tenho uma semana inteirinha pra bebê!

*****

- Chico Litro, sáo dez pra meia noite, sabe o qui isso qué dizê?
- Não, o quê?
- Qui falta só 10 minutu pra terça feira...
- Ô besteira besta!

*****

No almoço do Dia dos Pais...
- Chico Litro, meu filho, você num tem vontade de trabalhar, não?
- Pai, vontade eu tenho, mas eu me controlo!!
(Colaboração Figueiredo, no balcão da Embaixada)

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- Chico Litro, pur que qui tu só gosta de bebê no balção?
- Purque a birita chega mais ligêro... Sou abestado, não, rapaz!

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Enquanto isso, no bar do Toim...
- E aí, Chico Litro, hoje vai bebê ou vai tomar??
- Ô brincadêra, besta...

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- Chico Litro,tu qué Skin ou Kaiser? Tá tudo gelado!
- Rapaz, dêxa de frescurage e traz logo minha cachaça!

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- Chico Litro, sabe como é, né? Esse povo malda tudo... E dizem por aí que aquele teu filho do meio, o lôrim, num é teu purque tu é moreno...
- Rapaz, o negoço é o seguinte: tem uma tia-avó duma prima em terceiro grau da Santinha qui dizem qui era lôra igual a esse menino. Intão é assim, se for parente direto, é capaz do menino nascer parecido c'uns parente qui já morrreram, sabia não?

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- Chico Litro, tu gosta de galinha?
- Gosto! Mas só pra cumê!

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Notícia de última hora!!
Santinha mandou recado ao marido, Chico Litro, depois do sumiço de uma semana do mesmo:
"Se quiser voltar, duas semanas sem bebê!!"
Replica do Chico Litro:
"Se pudé sê dia sim, dia não... posso até tentar..."

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- Ei, Chico Litro, tu sofre de pressão alta?
- Muito! A Santinha tá demais!

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Chico Litro é totalmente avesso a médicos e exames. Para ele receita só de caipirinha e olhe lá. Há anos não vai a uma consulta médica, tanto que dizem ser ele uma bomba relógio ambulante de alta octanagem.
Da última vez que foi coletar sangue para exames, e isso faz muito, muito tempo, seguiu-se o seguinte diálogo entre a atendente do laboratório e ele:
- O senhor toma algum medicamento?
- Cerveja gelada em jijum três ou quatro veiz pur semana...
- Mas que absurdo, que brincadeira sem graça! Cerveja não é remédio, meu senhor!
- A senhora diz isso purque nunca deve ter tido uma ressaca daquelas bem braba...

Ps. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coicidência.

*****

- Chico Litro, o Sol hoje tá de lascar, tira essesovo da cadeira quente, sinão vão se estragar e num vão serví mais é pra nada!
- É mermo, Santinha, vou tomá minha cachaça é bem ali, debaixo da sombra castanhola...

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- Capotô de novo ônti, Chico Litro?
- Foi, Tio Pitú... Sacanage. .Me pegaru de surpresa... A curva era fechada demais...

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- Chico Litro, o Toim mandou avisar qui tem uma promoção pra tu lá.
- Esse Toim é gente fina mermo... E como é essa promoção qui ele fez pra mim?
- É assim: tome cinco cachaças e pague dez.
- Arrégua, diabeisso?
- É assim: tu paga as cinco qui tomá hoje e as cinco qui tu ficou devendo de ônti... hahahaha...
- Ô bestêra besta...

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- Vamu tomá umas mais tarde?
- Hoje é segunda feira, Chico Litro!
- E o qui é qui tem?
- É contra a minha religião...
- Apois mude de religião, rapaz!
(colaboração Lauro Bezerra ao balcão da Embaixada)

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- Chico Litro, tu tá já bebendo?
- Rapaz, acho qui num vô nem bebê hoje, ó... amanheci mei ruim... pur quê?
- É qui eu truxe uma cachaça aí pra gente espermentar, mas deixe...
- Intão traga lá a bicha, ômi, qui eu já tô bem milhó!
(colaboração Maria de Socorro no balcão da Embaixada)

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- Quié qui houve cum a Santinha, Chico Litro, qui ela passou por aqui e nem falô com tu?
- Ela tá assim, sem áudio desde o fim de semana passado... Tá só cum vídeo...
(colaboração Lúcio, no balcão da Embaixada)

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- Tu já vai, Chico Litro?
- Já, ômi. Por hoje tá bom, e amanhã tenho que acordar pru almoço...
(colaboração Dórian Sampaio Filho, no balcão da Embaixada)

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- Chico Litro, vamu amanhã de manhã lá na casa da Maninha?
- Amanhã de manhã já tenho compromisso, Santinha.
- Compromisso?? Hahaha... Só se for com a ressaca, seu fí duma égua!!

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- Ei, Chico Litro, qui cachaça diferente é essa qui tu tá bebendo? De onde ela veio?
- Zé Siriguela, eu num quero nem sabê de onde ela veio, eu quero é sabê pra aonde ela vai me levá...

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- Chico Litro, o pessoal tão perguntado se tu é coxinha ou mortadela.
- Rapaz, pra mim uma banda de limão ou um píper já resolve...

*****

Amigos de copo e de cruz foram à residência de Chico Litro nesta manhã para saber como estava o amigo.
Chegando lá, encontram-no em estado deplorável. Só de calção, o homem adulava Santinha mendigando por uma dose e um cajá.
Resgatado ainda com vida pelosamigopapudim, ele já bebe sem ajuda de tira gostos. Assim seja.

*****

- Tá fazendo o que aí, Chico Litro?
- Só fazendo hora mermo...
- E tá aqui no bar desde qui hora?
- Desde de manhã...
- Intão tu tá fazendo é "dia" né hora, não, macho véi!

*****

- Chico Litro, amanhã é feriado, tu sabia?
- Rapaz, pra mim num tem moleza, feriado é um dia ingualzim os outro e amanhã vô fazê o qui faço todo dia: BEBER!!

*****

- Bebissonão, Chico Liro Isso faz é mal, ômi
- Nãnnn... E eu sei lá de quem é esse leite, Zé?

*****

- Chico Litro, o Ranulfo chegou onti na bar cum chapelão preto parecia o Durango Kid...
- Rapaz, sei não... Aquele ali tá mais pra Molengo Kid mermo...

*****

- Snif, snif, snif...
- Qui foi, Chico Litro, que churumingo é esse ômi?
- Snif... Eu e a Santinha tava discutino e ela mandou eu se lascar... Snif...
- Mas se lascar de que?
- E eu sei lá, Zé Siriguela, mandou eu se lascá e pronto... Snif...
- Intão pur que tu num se lasca de bebê?
- Rapaz, é mermo! Ei, Toim, baixa um litrão aqui por conta da Santinha!
*****

- Tu viu o Zé dos Anjo? A mulhé dele disse qui ele dexô de bebê já faz três semana... Disse qui ele tá mais disposto, tá até pensano em trabalhá...Tu divia pará de bebê também, Chico Litro.
- Santinha, minha fia, isso é muito bunitu é nusotro...

Colaboração Roberto Paiva, no balcão da Embaixada

*****

NOTA DO AUTOR


Temos postado episódios de Chico Litro, personagem pitoresco e folclórico criado por mim,que aproveitei o apelido de um antigo colega de trabalho (mecânico).
Algumas poucas passagens são diálogos verídicos, ou tidos como tal, sendo a esmagadora maioria pura criação, portanto, qualquer semelhança como fatos reais é mera coincidência.
Vale ressaltar que a cachaça de alambique é hoje um produto nobre, cujo setor conta com pesados investimentos em tecnologia e qualidade, fazendo chegar ao consumidor cachaças bem elaborados, de qualidade superior e reconhecimento internacional.
Obviamente existem os rótulos de baixa qualidade, alguns até sem o devido registro nos órgãos competentes, produtos estes de baixo custo e de consumo mais popular. O comportamento de Chico Litro, de uma forma geral, é reprovável, embora enseje sorrisos discretos.

Altino Farias, em 23/05/2017




quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Última Curva!




Última curva de 2017. Depois dela, somente uma pequena e rápida reta para a linha de chegada: 2018!

Com a pista emborrachada pelo descaso dos políticos, o risco de derrapagem é grande, por isso, cuidado! O importante a esta altura é chegar, apenas, não importa em qual posição.

Os motores estão por demais desgastados, afinal, quase 365 dias em alta rotação, com os noticiários diários a enfernizar nossas vidas, quem é que aguentaria mais que isso? E quando pensamos que está tudo bem, ameça de chuvas e trovoadas, mudando toda a lógica da corrida.

Braços e pernas estão dormentes e a concentração começa a escapar do controle, mas falta só esta curva e aquela pequena reta... Tem que dá!

Estamos com um pé em novembro: curva fechada, atenção e perícia. Depois vem aquela última acelerada e fim. Estaremos prontos para um pequeno balanço do que saiu legal ou nem tanto e já começar a planejar a estratégia para 2018, nossa próxima corrida da vida.

Pedro Altino Farias, em 01/11/2017

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Invisíve II - O Manto da Invisibilidade



Já havia tomado todas durante a tarde toda. A caminho de casa deu na veneta de passar num bar, um bar conhecido, frequentado por muitos amigos. Ao chegar, preferiu beber uns uísques no balcão. Passa um, passa outro, abraços, papos rápidos, mais uma dose e mais uma. 

Pouco depois uma loura acomodou-se numa mesa próxima ao balcão e pediu uma bebida qualquer. Sozinha, parecia que também já havia tomado algumas e interessada apenas em curtir sua dose e seus pensamentos. 

Num primeiro momento, mais pela oportunidade que pela boniteza, nosso amigo começou a puxar conversa com a loura, que correspondia desenvolta. Embora estivesse num bar onde todos se conheciam, junto ao balcão e no trajeto rumo aos banheiros, pensou:  “Rapaz, aqui nesse cantinho ninguém me vê. Eu vou é aproveitar”, e continuou com o papo, seguido de carinhos, agarrados e beijinhos. O manto da invisibilidade caíra sobre ele naquele exato momento. 

Quase meia noite, a moça chamou o rapaz para a responsabilidade: “Vamu, sair daqui? Vamu pra outro lugar onde a gente possa ficar à vontade? Tá a fim?”. Um “clic” repentino dentro do juízo do sujeito desativou o manto da invisibilidade e ele sentiu-se horrivelmente e desesperadamente vulnerável. “Uma péssima sensação”, resumira ele depois. Pediu a conta, despediu-se da moça com elegância, argumentando que chegara sua hora e foi-se.

No dia seguinte, antes das dez da manhã, três amigos já haviam ligado perguntando quem era a loura. “Mas como me viram se eu estava tão entocado e ainda mais com o manto da inviabilidade sobre mim?”, perguntava-se intrigado. Sabe-se lá, talvez não se façam mais mantos da inviabilidade como antigamente...

Pedro Altino Farias, em 17/10/2017

sábado, 14 de outubro de 2017

Invisível (I)



- Ei, garçom, meu uísque!

Passara a tarde do sábado biritando com amigos num botequim. Uísque foi a pedida do dia, já que a cerveja imperou na noite de sexta. “Não gosto de repetir cardápio”, justificou. Bons papos, atendimento perfeito (dentro do possível), tira gosto nem tanto, finda a etapa vespertina, já começo da noite, marcou encontro com a esposa numa churrascaria para morder uma boa picanha. Com uísque, claro!

Qual criminoso de altíssima peliculosidade, pediu a conta junto com a saideira, que foi bebendo ao volante. Regulou o consumo de forma a chegar ao destino junto com o último gole. Com a esposa já à espera, sentou e disparou seu pedido: uma dose de uísque em copo alto e com muito gelo. E urgente!

Intermináveis quatro minutos passados, ele vê o garçom passando ao largo e gritou lembrando seu pedido como já foi dito aqui. O garçom acenou que esperasse mais um minuto e sumiu. A essa altura o suor lhe escorria pela testa, a mãos ansiavam por um copo, parecia-lhe que o mundo ao seu redor congelara até que a dose estivesse à mesa. A mulher falava, porém o áudio não chegava aos seus ouvidos. Estava temporariamente surdo. 

Numa terceira tentativa, “Meu filho, esqueceu de mim?”, ainda procurando ser simpático e amável sem resultado prático. Daí por diante, com a esposa sempre lhe pedindo calma, começou a achar que estava invisível aos olhos do garçom e do mundo. Picanha e coca cola à mesa, e nada do uísque. O tal garçom simplesmente o ignorava. Agora não era mais suspeita, tinha a certeza que tornara-se invisível, decididamente.

Já sem esperanças de levar uma vida normal dali em diante, reuniu suas últimas forças e gritou a plenos pulmões ao garçom que mais uma vez passava ao largo, pensando que, se não poderia ser visto, que pelo menos fosse escutado, e disparou em desespero:

- GARÇOM, ESQUEÇA O UÍSQUE EM COPO ALTO COM MUITO GELO E TRAGA-ME UMA DOSE DUPLA SEM GELO E UMA SERINGA DESCARTÁVEL! 

O garçom tomou um susto com o grito mas, enfim, se tocou do mau atendimento que estava prestando, dirigiu-se à mesa e, num sorrisinho meio culpa, meio cúmplice, respondeu com um tapinha nas costas do cliente :

- Meu patrão, não se preocupe que não vai faltar mais nada pru senhor hoje!

E foi assim que aconteceu.

Pedro Altino Farias, em 14/10/2017

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Conselho Bom pra Cachorro





Em tempos que já se vão, antes da Lei Seca e do politicamente correto, bebia-se na liberdade dos bons papos acompanhados de bons porres. Homéricos porres, às vezes. Pois bem, nesse belo e dourado tempo, dois amigos se encontravam rotineiramente nas noites de sexta e tardes de sábado para tomar umas tantas, sem horários, nem estresse, e num certo sábado...



Chegaram ao bar do Zezim Gordo por volta das dez da manhã, quando as duas portas de enrolar ainda estavam semicerradas. Logo que Zezim abriu a primeira por completo, a dupla adentrou o bar e, incontinente, fez seu primeiro pedido:



- Uma gelada aí, Zezim!
- Peraí, deixa eu terminar de abrir esse carái!, resmungou.

Portas abertas, mesas e cadeiras organizadas, cerveja servida e sorvida pela dupla como se oxigênio fosse, veio logo a segunda. Nem bem deram o quarto gole, chegou um terceiro amigo, o qual também pediu uma geladíssima para lavar a garganta. O homem estava todo social: camisa, calça e sapatos. Extremamente amarrotado, é verdade, mas todo no social. “Esse tá virado”, disseram os da mesa em pensamento, provavelmente de forma simultânea, quando o homem, começou a contar o que se passara com ele naquela noite.

- Rapaz, ontem depois do expediente subi o Morro de Santa Terezinha (nessa época se podia curtir a bela vista da cidade de cima do morro). Nem ia demorar, mas apareceu um cara com um violão e perdi a noção da hora. Quando dei por mim era três da manhã! Aí eu pensei: Tô fudido! Liguei para minha mulher para avisar que estava tudo bem. Ela me chamou de cachorro e bateu o telefone na minha cara. O jeito foi curtir o violão até o Sol nascer. Depois fui fazer a base com um caldo no Pote. Agora vou tomar uma cerveja e chegar em casa latindo. Se ela cismar, cachorro que sou, dou-lhe uma mordida!

Finda a fala do socialmente incorreto, um dos ouvintes emendou:
- Tenho sugestão melhor: já que és um cachorro, levante uma perna e mije nos pés dela.
- Rapaz, como não pensei nisso antes? Gordo, mais uma cerveja aí...!


Pedro Altino Farias, em 11/10/2017 








quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O Marujo




Moreno claro, corpanzil avantajado, gordo tipo socado. Olhos apertados, parecia sem pescoço por conta de uma manta de gordura que o envolvia. Cabelos pretos, escorridos e ralos, desciam até o meio da testa. Se o visual impressionava, seu sorriso fácil e franco cuidava de dissipar qualquer erro de avaliação.


Calorento e bonachão, costumava descansar nos começos de tarde numa espreguiçadeira gentilmente posta na calçada do bar pelo proprietário do mesmo, onde ele tirava uns cochilos alheio ao calor, ao barulho e às brincadeiras da turma que frequentava a casa.

Toda tarde, quase pontualmente às três horas, passava em frente ao bar uma garota que trabalhava num restaurante sef service que funcionava na esquina. Com seus viçosos dezoito aninhos, distribuía simpatia e simplicidade no trajeto do trabalho à parada do coletivo. Alguns marmanjos a viam com malícia, outros com um desejo ingênuo e contido. E eis a grande dúvida da turma: seria ele ingênua de fato ou insinuante e oferecida?

Nosso amigo bonachão era o mais agraciado pelos sorrisos e olhares dúbios da encantadora moça. Isso porque era o único a ali estar todos os dias que Deus deu. Muitas vezes só ele e ela, como se cúmplices fossem. Com o tempo a ideia de que a garota estava a fim dele foi se consolidando. Ao comentar suas suspeitas com a turma, encorajaram-lhe a partir para cima dela e resolver a parada> “Tá na cara que ela tá na tua!”, disseram-lhe. Ah, essa turma! 

Certa tarde, uma sombra boa, uma brisa fresca, e lá vem ela. Sem mais ninguém como testemunha, nosso garanhão deu o bote fatal. Ela esgueirou-se, reagiu, dissimulou e se saiu da mesma forma que sempre agira: sedutora, ingênua... Sempre dúbia, deixando nosso amigo a ver navios.

Tarde seguinte, bar lotado, turma reunida na calçada. Quase três horas e lá vem ela mais uma vez. Sorriso discreto, roupinha simples, na mesma simpatia enigmática de sempre. Ao cruzar caminho com o garanhão, que descansava no sossego de sua espreguiçadeira, recolhido à sua insignificância, ela o cumprimentou: “Olá, marujo.”. “Marujo? Marujo por que?”, quis saber ele, surpreso com o inesperado apelido. “Porque entrou na onda!”, respondeu ela sem alterar o passo nem se importar com as gargalhadas da turma. 

Pedro Altino Farias, em 05/10/2017




segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Cuspindo Bala!


Meados dos anos 80. Naquela manhã de domingo corria uma brisa fresca e o Sol brilhava num céu límpido, enquanto músicas populares soavam de em novíssimo 3 em 1 Philips na sala. De repente, estampidos de tiros vindos da cozinha!

Vizinhos assustados indagavam-se: assalto? Tragédia familiar? Acidente? Na dúvida, chamaram a polícia que, como sempre, tardou a chegar.

Para entender o que ocorreu, temos que contar a história desde o início. Embora gostasse de uma boa briga quando adolescente, não era dado a armas. Casado e com filhos pequenos, acalmara-se. Guardava a sete chaves o três oitão que herdara do pai, falecido há anos e anos, juntamente com alguma munição. De bobeira num domingo, resolveu fazer uma manutenção na arma.

Som ligado, tira gosto pronto, uma cachacinha para acalmar a garganta, apanhou o revólver e as balas no "esconderijo". Arma limpa e lubrificada, chegou a vez da  munição. Segundo a dica de um amigo, era bom de vez em quando "esquentar" a balas para que elas não perdessem a eficácia, então, foi até a cozinha e arrumou-as de pé, fundo de espoleta na chapa da frigideira. Fogo alto acesso, pôs-se junto ao fogão como quem frita um inocente ovo. Pouco tempo depois as balas começaram a detonar numa sequência de tiros frenética, digna de um filme de bang bang dos bons.

Esposa em pânico, filhos chorando, ele agachado junto ao fogão esperando o fim do inusitado tiroteio. Quando a calma enfim voltou a reinar, podia-se ouvir Gonzagão no 3 em 1 e vizinhos em pequena balbúrdia, sem entenderem o que acontecera. A polícia? Ah, passou em frente uma hora depois, nada viu e seguiu adiante incontinente. E ele nunca mais tirou o três oitão do esconderijo novamente...


Padro Altino Farias, em 25/09/2017



terça-feira, 29 de agosto de 2017

Entardecer - I




Mais um fim de tarde. As quase silhuetas dos edifícios, o vai e vem frenético dos automóveis, as buzinas nervosas, ora entristecem, ora entediam, ora brutalizam. 

Fechei os olhos num átimo de segundo e quase vi lindas colinas ladeando um vale verdejante onde corre um rio de águas cristalinas, com animais pastando e brincando à solta. Foi o máximo que consegui naquele momento.

Pedro Altino Farias, em 23/08/17

Desde



Desde 1961 eu existo;
Desde 1974 fiquei sem pai;
Desde sempre fui muito tímido;
Desde 1980 eu trabalho para me manter;
Desde muito novo gosto de música como uma forma universal de comunicação;
Desde 1984 estou casado;
Desde 1985 sou pai;
Desde pequeno gosto de carros antigos;
Desde 1974 bebo umas e outras;
Desde uns tempos comecei a escrever crônicas e outros textos;
Desde 2008 edito o Pelos Bares da Vida;
Desde 2014 me dedico de corpo e alma à Embaixada;
Desde que a vida me impôs um ritmo frenético, e isso faz tempo, sinto saudades de minha mãe;
Desde muito jovem gosto de bares;
Desde que me tornei gente acho o Brasil um país injusto;
Desde que percebi essa injustiça considero a grande maioria dos políticos autênticos pilantras;
Desde cedo, hoje, dei um duro danado;
Desde que todos que estiveram comigo tenham tido bons momentos valeu a pena;
Desde que cheguei em casa tomo umas doses com boa música;
Desde que eu não capote no sofá, tudo bem...

Pedro Altino Farias, em 26/08/2017

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Episódios de Chico Litro - resumo III


- Olhaqui, Chico Litro, eu trouxe um porquim pra gente provar.
- E é só pra provar, é? Arre égua!

*****

- Tu viu, Chico Litro, dizem que o Aécio é um grande "cheirador"...
- Apois esse tal de "Laécio" pode vim me cheirar agorinha se quiser... Tomei bãim onti. Tô aqui só o mí!

*****

Diante dos últimos acontecimentos, com Brasília em chamas, Chico Litro faz pronunciamento no Bar doToim:
- Não quero saber de Brasília. Todo isso me dá nojo! Prefiro ir a pé, pois sei que chego, do que depender d'um carro véi peganu fogo.

*****

- Chega, mininu, avisa lá à Santinha que o Chico Litro tá capotado aqui no bar.
- CARECE NÃO, TOIM, JÁ TÔ BONZIM!
- E tu num tava melado, homi?
- É, mas só em ouvir falar em Santinha eu fico bonzim...

*****

"Pessoas que não comem torresmo não são confiáveis".Chico Litro
(Colaboração Messias Bimbo Siqueira)

*****

- Chico Litro, se tú ganhá na loteria,tú vai fazer o quê?
-Contrato um cara pra sair comigo!
-Pra que Chico Litro?
-Pra tomar a primeira por mim! Oh bixo ruim é a primeira!
(Colaboração Assis Assisnildes)

*****

Chico Litro chegando em casa:
- Bebo de novo? De que é essa porra dessa garrafa aí debaixo do teu braço, hein, seu fí d'uma égua?
- É de vrido, Santinha... Hehehe...
- Splaschhh!
(Colaboração Assis Assisnildes)

*****

- Lai vem o Chico Litro do bar do Toim indo pra casa c'uma garrafa debaixo do braço.
- É, ele sempre levando trabalho pra casa...

*****

- Êita, tô cum soluço danado!
- Tu bebeu foi demais, Chico Litro! Tapa o nariz e prende a respiração que passa, homi.
- Égua! Tá cum raiva d'eu, Santinha? Assim eu faço é morrer.... Desse jeito o soluço possa mermo...



*****

- Chico Litro, quando foi teu primeiro porre?
- Ihhh... O primeiro eu num lembro, não, mas o último foi onti...

*****

- Rapaz, onti o cara tava aqui conversando e falou duma tal de "síndrome do pânico". Aí hoje de manhã, eu pensando, acho que tenho essa doença aí ó...
- Pur que, Chico Litro?
- Quando eu venho aqui pru bar do Toim, todo dia eu fico cum medo do bar tá fechado, aí depois qui tô tomando as minhas fico cum medo da Santinha aparecer de supetão, aí depois fico cum medo do Toim tê cortado meu fiado... Eu tô é doente mermo, viu?

*****

- Que cara de alegria é essa, homi?
- Hoje é sexta feira, Chico Litro!
- E daí?
- Dia de tomar umas e outras...!
- Marrapaz... E tem dia pra isso, é? Taí qui eu num sabia duma marmota dessa...

*****

Enquanto isso, no bar do Toim...
- Chico Litro, tu num disse pra Santinha qui ia na venda comprar verdura?
- Disse, pur que?
- Purque ela acabou de dobrar a esquina do seu Manel e tá vindo pra cá...
- Êita, se lasquei!

*****

- Chico Litro, meu fí tá cum quantos anos mermo?
- 45, minha tia!
- Vixe, mas meu fí tá é acabado...!

*****

- Chico Litro, com quantas doses de cana tu fica alto?
- Rapaz... Vou te dizer... Eu tenho é bebido, viu, mas continuo da merma altura de sempre...

*****

- Rapaz, vô acabá cum esse negócio de bebê de segunda a segunda... A Santinha tá reclamando que só a porra!
- E tu vai deixá de bebê é, Chico Litro?
- Não, vô bebê agora só a partir de quinta...
- Mas de quinta a quinta, Chico Litro, é a merma coisa, né não?
- É mermo, né? Nem tinha pensado nisso....

*****

- O Chico LItro num tinha deixado de fumar?
- Tinha, por que?
- Tava fumando que nem uma caipora ônti lá no bar do Toim... Era um cigarro atrás do outro...
- Mas ele deixou, sim... Só fuma quando bebe... Mas bebe, bebe, bebe e como bebe aquele mininu!!

*****

- Mais uma dose, Chico Litro?
- Ô pergunta besta! Claro!

*****

- Chico Litro se meteu na maior confusão onti, tá sabendo?
- Tô não ó... E aí?
- Rapaz, diz que ele foi no IML fazer o "exame de corpo de litro".
(Colaboração Rogerio Gonçalves Gonçalves)

*****

- Chico Litro, há quanto tempo! Conte as novidades!
- Deixei de bebê depois d'amanhã faz dois dias... Vamu comemorá?

*****

- Chico Litro, tu tem medo de avião ingual o Belquior?
- E eu lá tenho medo de porra de avião? Eu sou é macho, rapaz! Como é que tem medo se a coisa mais difícil do mundo é um bicho desse cair na minha cabeça, num tá vendo, não? E se vier caindo, eu corro... Perna serve pra isso mermo, sabianão?
- E se tu tiver melado, como é que corre?
- Sai pra lá, coisa ruim! Tu só pensa em desgraça fí duma égua!

*****

- Olhaí, Chico Litro, o pituzão (crustáceo) que eu ganhei do Osvaldim pra nóis tomar umas...
- Ihh...
- Que foi, homi, gosta de pitú não?
- Gosto, sim... Mas prum bichão desse, tô aqui pensando é no tamãim da dose...
(colaboração Roberto Costa Melo)

*****

- Ei Chico Litro, vamu lá na feira dos passarim comigo pra mim comprar um periquito...
- Vô lá nada, rapaz! Me chame prum negócio de futuro que eu vou... Que tal a gente ir lá no bar do Toim tomar umas?

*****

- Tá fazendo o que, Chico Litro?
- Uma poesia!
- Poesia, ai meu Deus, que coisa mais linda! Hahahahá! Diz aí que porra de poesia é essa que tu fez...
- É assim, ó...
"Quando eu era pequeno;
Mamãe disse que eu ia crescer;
E eu fui cresceno, cresceno;
Até que um dia comecei a beber!"
- Rapaz, ficou massa, ó!

*****

- Chico Litro, aquele feladaputa ali tá cismando com a gente... Vamu lá dá umas porrada nele agora mermo, vamu!?
- Peraí, macho véi... Agora que tô tomando a segunda lapada...

*****

- Ei, Chico Litro, tá tudo mundo pegando chicogunha...Tu num tá com medo de pegá também, não?
- Eu, não! Se um baitinga dum mosquito desse vier me morder, eu quero é cegar se ele num cai é duro na hora, bebim...!

*****

- Chico Litro, tu tem vontade de morar nos Estadusunido?
- De lá dá pra vim aqui pru bar do Toim a pé?
- Humm... Acho que num dá, não...
- Ah, então num queria, não, ó...



*****





NOTA DO AUTOR

Temos postado episódios de Chico Litro, personagem pitoresco e folclórico criado por mim,que aproveitei o apelido de um antigo colega de trabalho (mecânico).
Algumas poucas passagens são diálogos verídicos, ou tidos como tal, sendo a esmagadora maioria pura criação, portanto, qualquer semelhança como fatos reais é mera coincidência.
Vale ressaltar que a cachaça de alambique é hoje um produto nobre, cujo setor conta com pesados investimentos em tecnologia e qualidade, fazendo chegar ao consumidor cachaças bem elaborados, de qualidade superior e reconhecimento internacional.
Obviamente existem os rótulos de baixa qualidade, alguns até sem o devido registro nos órgãos competentes, produtos estes de baixo custo e de consumo mais popular. O comportamento de Chico Litro, de uma forma geral, é reprovável, embora enseje sorrisos discretos.

Altino Farias, em 23/05/2017




quarta-feira, 3 de maio de 2017

Episódios de Chico Litro - resumo II



- Chico Litro, tão dizendo que parece que a safra de caju vai ser boa...
- Vixe, doido!

*****

"A vontade de fazer xixi é o melhor despertador que existe! ". (Chico Litro)


 *****

Parodiando Che:
Hei de perder a sobriedade, mas o copo, jamais! (Chico Litro)
*****

- Ei, Toim, bota uma dose de zinebra aí pra mim!
- Zinebra, Chico Litro? Que novidade é essa, homi?
- Rapaz, a Santinha tá lá em casa cum cão nos couro, se eu chegar cum bafode birita tô é lascado, e zinebra num deixa bafo, entendeu? Vê se aprende, ô abestado!
- Tu é muito é frouxo!

*****

Rapaz, eu já ia até s'imbora, mas com essa chuva...
(Chico Litro ao sair do bar)

*****

- Chico Litro, qual a música qui tu gosta mais?
- Ah, é aquela qui diz assim... "É beber, cair e levantar". Rapaz, toda vez que escuto ela me emociono...

*****

- Rapaz, tão querendo mexer nos direitos do trabalhador... Qué qui tu acha disso, Chico Litro?
- Rapaz, graças a Deus nunca precisei desses tal desses direito...


*****

- Ei, Chico Litro, é tu que é tu?
- Homi, peraí, pergunta de novo... Mas vá devagar, viu?

*****

- Chico Litro, que ôi rôxo é esse, homi? Foi a Santinha?
- Rapaz, fresque não, ó!

*****

- Tá mais magro... Tá fazendo regime, Chico Litro?
- Rapaz, tava muito buchudo. Parei com a cerveja e tô só na cana agora.
- Tá mais magro mermo... Já perdeu quanto de peso?
- Rapaz, ligerim já emagreci mais de um LITRO!

*****

- Ô enjôo, ô ressaca maldita, ô sede da porra!
- Qué um copo d'água, Chico Litro?
- Rapaz, Toim... Me dê uma cerveja gelada mermo...

*****

- Chico Litro, tu tá sabendo da greve qui vai tê sexta feira?
- Tô, mas num tô nem aí...
- Mas Chico, vai fechar tudo, arriscado tê confusão na rua, e tu nem aí?
- O bar do Toim vai fechar também?
- Não.
- Então...


*****

- Chico Litro, afinal, tu é Ceará, Fortaleza ou Ferrim?
- Rapaz, eu só do time é da cachaça!

*****

- Hoje eu vô tomá só uma por causa do teste do bafômetro...
- Tu num tem nem carro, Chico Litro, pra quê se preocupá cum bafômetro, abestado?
- É que a Santinha disse pra mim bebê pouco hoje e avisou que quando eu chegá em casa ela vai ver se eu tô cum bafo de birita... 

A Santinha é osso!!
*****

- Chico Litro, tu viu que engarrafamento medonho?
- Engarrafamento? Quero ver! Onde é que é? A gente pode ir lá tomar umas?
- Tô falando é de engarrafamento de carro na avenida, abestado!
- Ah, é...? E eu lá quero saber de porra de carro, seu fi duma égua..

*****

- Chico Litro, tu parece aquele jogador... Clodoaldo.
- Jogo bem, né? Ainda bem que tu reconhece...
- Joga bem porra nenhuma! Tu BEBE é bem, ingual a ele!

*****

- Chico Litro, tu já viu assombração?
- Assombração, vi não, mas teve uns dia que tava sem bebê purque tava ruim do estômago e vi uns bicho esquisito subindo as parede, saindo de debaixo da cama... Rapaz, deu uns tremor, uma suadeira... Fiquei foi cum medo...


*****

- Chico Litro, como é que tu gosta mais de cachaça, cum limão ou cum refrigerante?
- No bucho!

*****

- Vamu ver quem é que conta a maior mentira, Chico Litro?
- Ah, tô a fim de brincar não... Tô sem beber hoje...
- Arriégua, ganhou de novo, né macho véi?

*****

Chico Litro:
- Ei, quando tu falar com o Toim, tu fala bem altão que ele é mei surdo, viu?
Visitante:
- Tá certo, Chico Litro, valeu!
- EI SEU TOIM, BOTA UMA CANA PRA MIM, VÁ LÁ!
Toim:
- VAI BERRAR NO PÉ DOSOVIDO DA TUA MÃE, SEU FÍ DE DUMA QUENGA!
Chico Litro:
- Hehehehe...

*****


NOTA DO AUTOR

Temos postado episódios de Chico Litro, personagem pitoresco e folclórico criado por mim,que aproveitei o apelido de um antigo colega de trabalho (mecânico).
Algumas poucas passagens são diálogos verídicos, ou tidos como tal, sendo a esmagadora maioria pura criação, portanto, qualquer semelhança como fatos reais é mera coincidência.
Vale ressaltar que a cachaça de alambique é hoje um produto nobre, cujo setor conta com pesados investimentos em tecnologia e qualidade, fazendo chegar ao consumidor cachaças bem elaborados, de qualidade superior e reconhecimento internacional.
Obviamente existem os rótulos de baixa qualidade, alguns até sem o devido registro nos órgãos competentes, produtos estes de baixo custo e de consumo mais popular. O comportamento de Chico Litro, de uma forma geral, é reprovável, embora enseje sorrisos discretos.


Altino Farias, em 14/04/2017



sexta-feira, 14 de abril de 2017

Episódios de Chico Litro - resumo I



- Rapaz, hoje tô meio assim, sem vontade de comer nada...
- E de beber, cê tá com vontade?
- VIXE!!

*****

- Ei, Chico Litro, tu qué um copo de leite morno antes de dormir?
- Praquié que serve isso?
- Ôxi, homi! Faz bem pra saúde!
- Carace não, minha bichinha, tô doente não, viu?

*****

- Meu fí, eu dou o que você quiser pra você parar de beber.
- O que eu quiser, mamãe?
- Meu fí, pra você se livrar dessa cachaça eu dou o que você quiser...
- Posso pedir, mamãe?
- Pode!
- Pois eu quero um violão! (Chico Litro quando adolescente)

*****

- Hoje é domingo, homi... Vê se faz alguma coisa que preste em casa.
- Tá bom, tá bom. Vai torrando um carazinho aí que vou ali na bodega pegar uma cachaça no fiado.

*****

- Rapaz, tô lendo um livro, ó...
- Tu, Chico? Lendo livro? Só sendo mermo... hahahaha... Que porra de livro é esse, macho véi?
- 10 dicas pra num tê ressaca.

*****

- Macho, tu viu como o Zezinho saiu melado do bar ontem?
- Ontem? Do bar? Que bar?
- Vixe,doido... Melado tava era tu!

*****

- Chico Litro, purquê tu num foi trabalhar ontem?
- O pineu da bicicreta furou em iencheu de pranta...

*****

- Chico Litro, a crise tá braba mermo... Purquié que tu num faz uma promessa pra arrumar um emprego?
- ARRIÉGUAMACHOVÉI, PENSEI QUE TU ERA MEU AMIGO!!

*****

- Chico Litro, vou lhe dar R$ 100,00. Deste valor, vou reservar R$ 5,00 para você comprar de pão. O resto pode gastar com cachaça.
- E pra quê que eu quero essa ruma de pão?

*****

- Chega Dona Santinha, Seu Chico caiu na calçada!
- Caiu não, esse fí d'uma égua fez foi capotar! Quando ele ficar bom ele se alevanta sozinho...
- Mas Dona Santinha, Seu Chico Litro caiu e quebrou a garrafa!
- Valha me Deusu! Chega, esse mininu, corre lá que o negócio é serio!!

*****

- Ei, Chico Litro, tu vai pru jogo amanhã?
- Vô não!
- Purque, homi?
- Por causa da Mulher.
- Ela não deixa, é?
- Deixar ela deixa, mas é que ela tá querendo ir também...

*****

- Chico Litro, bó jogar porrinha apostado?
- Bora!
- Quem perder tem que virar um copo de cachaça na risca, topa?
- Topo!
- Vamu, lá, diz aí Chico, quantos palitos...
- Humm, chovê... 354.945!

*****

- Vai tomar umas hoje, Chico Litro?
- Vô, mas hoje eu vô beber só cachaça purque onti eu bebi demais...!

*****

"Beber muito demais da conta é antes de tudo um ato de fé, fé de que a ressaca vai ser de matar!" (Chico Litro)

*****

- Chico,vamu lá no bar da Penha, tá todo mundo lá...
- O Zé da Viola tá lá?
- Tá.
- Vixe!!

*****

- Cê viu aí esse negócio da delação premiada, Chico Litro?
- Vi não, mas se um prêmio desse fosse comigo eu comprava todinho de cachaça...!

*****

- Rapaz, tô pensando em largar a Santinha pra ficá cum a Mundinha...
- Mas pur quê, Chico Litro? Tu num gosta mais da Santinha não?
- Gostá eu gosto... Mas é que o pai da Mundinha é dono de um bar...

*****

- Que cara é essa, Chico Litro?
- É que cortaram a conta do meu celular...
- Que celular, homi? E tu lá tem porra de celular, vagabundo?
- Foi o Toim do bar... Cortou meu fiado e num vô pudê levar um celular pru estádio.... snif, snif...

*****

- Bom dia! Vejo que o senhor está com uma receita em mãos para uns óculos... Vamos escolher um modelo bem bacana... Como é mesmo o seu nome?
- Chico Litro!
- Ah, seu Chico... e esses óculos são para longe ou para perto?
- É PRA LONGE, MINHA FILHA! EU MORO LÁ NO ARATURI, VIZINHO AO BAR DO TOINHO!

*****

- Chega Dona Santinha, Seu Chico caiu na calçada!
- Caiu não, esse fí d'uma égua fez foi capotar! Quando ele ficar bom ele se alevanta sozinho...
- Mas Dona Santinha, Seu Chico Litro caiu e quebrou a garrafa!
- Valha me Deusu! Chega, esse mininu, corre lá que o negócio é serio!!

*****

- CHICO LITRO, SEGURA SAPORRA AÍ, CARÁI! GUENTA MACHO!
- Num dá não...! As pernas tão tremendo... Num tomei nada ainda hoje...

*****

- Chico Litro, tu vai ali na bodega pra mim? Tô precisando de dois coco seco pra rapá.
- Eu não. Tô tão cansado...
- Se eu te der um trocado pra você tomar uma tu vai?
- Ave Maria, essa mulher faz de tudo pra me tirar do fundo rede... Tá bom, eu vou... Eu vou...

*****

- Chico Litro, hoje eu fiz um cumê especial pra tu que aprendi cum minha patroa, fricassé de frango...
- Isso serve pra comê cum cachaça?

*****

- Ei, purquié que te chamam de Chico Litro?
- Purque eu acho esse negócio de meiota a maior páia, ó!

*****

- Tu morre de beber, Chico Litro! Vai te aquietar... Arruma um trabalho, homi! Te ajeita!
- Tu tá é cum inveja d'eu...

*****

- Chico Litro, vai em casa, toma um banho e veste uma roupa limpa pra gente ir no velório do cumpade Sebastião. Depois a gente volta pra cá pra tomar mais umas.
- E eu tenho mermo que tomar banho?

*****

- Pronde tú vai uma hora dessa, Chico Litro?
- Vou pru bar tomar umas...
- De novo?
- Com uma crise dessa, mulher, tu qué qu’eu faça o quê?

*****

- Andou bebendo de novo, homi?
- Não, andei bebendo não!
- Ah, não é? E por que que cê tá melado desse jeito, heim, seu fí duma quenga?
- Eu bebi, mas foi sentado... Eu tava era sentado... Bebi sentado traçando um sarrabúi lá no bar do Toinho... Foi senta...
- SPLAASHHH!!

*****

- Ô calor lascado!
- Tu qué uma limonada, homi?
- Limonada...? Tem uma cachacinha, não?

*****

- Vixe! Pronde tu vai, bãim tomado, barba feita, roupa limpa?
- Vou pru bar prosear com a negrada...
- AH, NÃO!!
- "Anão" pra mim é um homizinho desse tamainho... hahahaha...!
- SPLAAAASSSH!!

*****

- Ei, fí de rapariga, tu levou minha cajá!
- Cajá? Mas tava só o caroço...
- Inda dava pra tomar umas duas ou três roendo o caroço, seu baitinga...

*****

- Tem vergonha, homi! Tanta marmota que fez na vida, devia tá era pedindo perdão pelos seus pecados em vez de todo dia chegar em casa de manhã bêbado...
- E já é de manhã?
- Safado! Devia fazer como eu e se preparar para a vida no céu!
- Mulhé, e se num tiver céu, heim?

*****

- Tu vai beber tudo isso?
- Vou!
- Sozinho?
- É.
- E eu?
- Ah, sei não... Se vira, cara!

*****

- Tu vai?
- Sei não... Acho que num vô não, ó... É negócio de batizado, minha mulher falou que num vai ter birita, não...!

*****


NOTA DO AUTOR

Temos postado episódios de Chico Litro, personagem pitoresco e folclórico criado por mim,que aproveitei o apelido de um antigo colega de trabalho (mecânico).

Algumas poucas passagens são diálogos verídicos, ou tidos como tal, sendo a esmagadora maioria pura criação, portanto, qualquer semelhança como fatos reais é mera coincidência.

Vale ressaltar que a cachaça de alambique é hoje um produto nobre, cujo setor conta com pesados investimentos em tecnologia e qualidade, fazendo chegar ao consumidor cachaças bem elaborados, de qualidade superior e reconhecimento internacional.

Obviamente existem os rótulos de baixa qualidade, alguns até sem o devido registro nos órgãos competentes, produtos estes de baixo custo e de consumo mais popular. O comportamento de Chico Litro, de uma forma geral, é reprovável, embora enseje sorrisos discretos.

Altino Farias, em 14/04/2017