A sede da copa foi o México, latino e efervescente como nós,
e o mascote era Juanito, um simpático garotinho amante de futebol, como tantos
Joãozinhos que havia naquela época por esse imenso Brasil nos campos de
subúrbio e interior do país.
Quando o Brasil conquistou sua vitória final sobre a Itália, o país explodiu em festa. Uma festa ingênua, de brasileiros, cujo único objetivo era comemorar sermos os melhores do mundo pela terceira vez.
Entusiasmado, papai colocou todo mundo dentro da Rural e fomos dar uma volta na Beira Mar. Em cada janela do carro havia uma bandeirinha verde e amarelo. Todas feitas em casa pela dona Concita, minha mãezinha (hoje com 92 anos), em sua máquina de costura Vigorelli. Nessa época a Beirar era mão dupla, e estava lotada, totalmente engarrafada, numa grande festa verde e amarelo. Bons tempos, boas lembranças.
De 1970 a 2022 passaram-se cinquenta e dois longos anos. Eu,
de nove a sessenta e um! O coração ainda está bom, apesar das tantas emoções
vividas no decorrer desse tempo, incluindo o 7 x 0. Daqui a pouco mais de duas horas o Brasil vai
fazer sua estreia na Copa 2022, sediada no Catar. Claro, vamos torcer mais uma
vez pela Canarina, afinal, somos brasileiros, e não desistimos nunca! Os tempos
são outros, eu sei. Um poeta já disse que “tudo muda o tempo todo no mundo”,
então, resta-nos acompanhar essas mudanças para não ficarmos presos no tempo passado.
Mas não pensem que é fácil assistir e se
entusiasmar com esse espetáculo midiático multimilionário que se tornou a Copa
do Mundo. Quem viu 1970 que o diga.
Altino Frias, em 24/11/2022