Natural e residente em Fortaleza,
dezenove anos, um metro e sessenta e pouco, cento e dez quilos, acadêmico de
engenharia, foi passar férias com a família. O pai, coronel do exército em fim
de carreira, fora enviado a servir numa cidade do Paraná fronteiriça com o
Paraguai, talvez como punição por ser da
linha do direito e da correção, quem sabe...
Chegou numa sexta já tarde.
Acordou no sábado pelas oito e tanto, tomou um café reforçado e saiu a fazer um
reconhecimento da pequena cidade. Frio, o clima estava convidativo a tomar
umas. Tranquilo e bonachão, não tardou a fazer um novo amigo aqui, outro ali, e
as horas foram passando, passando, somadas às doses que bebia, bebia.
Começo de noite, todos aguardavam
o ilustre e querido visitante para um jantar em família. Mãe morrendo de
saudade, irmãos mais novos querendo saber das últimas, pai ansiosamente
contido. E nada do cara! Mais um pouco, enfim, e o homem chegou. Bem “alegre”,
por sinal. Pediu que esperassem um pouco mais, pois precisava tomar um banho
rápido. Todos assentiram.
Casa de dois pavimentos, o
banheiro social ficava no piso superior, ao lado da escada. Ele regulou a temperatura do chuveiro a gosto e
pronto, o banho seria perfeito!
Mas todos começaram a se
impacientar com a demora do banho. “Deixa, ele vem já”, contemporizou a mãe. Os
irmãos começaram a achar o mais velho um folgado, e o pai, desrespeitoso.
Grande expectativa.
De repente, começou a escorrer
água pelo vão da escada, pingando vigorosamente num aparador da sala de estar.
O caçula foi quem chamou a atenção de todos para o fato, e foram ver o que
estava ocorrendo: pai, mãe e irmãos.
Subindo, deram conta de que o
aguaceiro vinha do banheiro social. Porta trancada, chuveiro aberto, água corrente,
mas o visitante não atendia aos chamados dos familiares. Estaria ele passando
mal? Mãe em pânico, irmãos apreensivos, pai desconfiado, o jeito foi por a
porta abaixo para saber o que estava ocorrendo.
Porta escancarada à força,
banheiro aberto, e lá estava ele, dormindo candidamente sentado ao chão do box,
enquanto o chuveiro lhe massageava o corpo com uma água tépida. A situação já
não seria favorável ao visitante se só assim fosse, mas piorou bastante ao
assentar seu gordo glúteo em cima do ralo de escoamento de água, vendando-o e
provocando uma grande inundação. Resultado: a ira do rigoroso pai, uma leve
pneumonia e retorno antecipado à terrinha de Alencar.
Pedro Altino Farias, em
17/05/2015
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