Manhã de fins de novembro, calor
escaldante típico de dezembro, olhei para minha camisa de listas azuis e
pensei: Vou com ela. Muitos anos de serviços prestados, colarinho puído, tecido
bem fininho, super confortável, por isso a escolha.
A coitada da camisa de listas
azuis, cansada e exaurida de tanto servir, apavorou-se ao ver-me aproximando mais
uma vez com aquele olhar de “hoje eu vou te usar”, e disse a si mesma: BASTA! Então,
ao passar meu braço direito pela maga, aconteceu a fatalidade já esperada, o “basta”
veio ao som do ruído de um rasgão bem no meio das costas, e assim eu disse
adeus para minha velha e querida camisa de listas azuis.
Pedro Altino Farias, em 27/11/2020, ano da pandemia do coronavírus