Nesses tempos estranhos, quando cada um tem sua própria bandeira, adoto a universal bandeira branca. Improvisada, despojada de tudo, sem um designer bom bolado, sem cores, sem detalhes, sem raça, sem religião, sem orgulho, sem imposições, ela traz apenas uma mensagem: a PAZ.
Assim como diversidade biológica é condição existencial da natureza, a diversidade de pensamento é condição para o desenvolvimento humano. Abraçar quem é diferente de você lhe faz caminhar por outros mundos, pensar, refletir e, sobretudo, viver essa amizade plenamente, embora que eventualmente com opiniões contrárias às suas nisso ou naquilo.
No meu modelo de mundo, ele é maravilhoso e fascinante exatamente pelas diferenças que o habitam, e nas viagens que posso empreender navegando nesses mares, as vezes turbulentos, de coisas absurdamente diferentes. Isolar-se em seus princípios, abraçando apenas os iguais a você, diminui sua estatura, limita seu desenvolvimento, e rouba-lhe mil oportunidades de ser ainda mais feliz e pleno. E você vai sorrir menos, com certeza.
Se duas paralelas se encontram, inexoravelmente, no infinito, por que não relaxar e encontrar aquele seu amigo “contrário”, que andava meio distante, no bar da esquina? Por que não ouvir suas queixas da vida, dar-lhe uns bons conselhos, falar de suas próprias dúvidas e reconhecer suas fraquezas (ou será que você não as tem?)? Depois darem boas risadas de tudo isso, tomarem mais uma dose juntos, abraçarem-se e darem-se as mãos com juras de amizade eterna e, no fim da noite, sacramentarem um armistício com um forte abraço de PAZ?
Nossa vida não nos pertence, e o mundo é infinitamente maior que nosso pobre pensamento, mas o amor... Ah, com esse ninguém pode, porque ele é obra divina!
Pedro Altino Farias, em 02//06/2020, ano da pandemia do coronavírus