sexta-feira, 15 de março de 2024

A Força do Xinin - baseado em fatos reais


Jovem divorciada na faixa dos trinta, mantinha um relacionamento amoroso com um sujeito casado. Viam-se com certa regularidade, porém, como ela morava longe, toda vez que se encontravam ele a deixava num terminal de ônibus para ela ir para casa. A ideia era aproveitar ao máximo o tempo que tinham juntos, ou, pelo menos, era isso que o artista alegava. Ocorre que, numa dessas, a amante passou um aperto, pois deu-lhe vontade de verter as cervejas que bebera durante o percurso do coletivo e a coitada quase molha a as calças.

Ela comentou o sufoco que passara com uma amiga íntima, e esta lhe aconselhou a exigir que o amante a deixasse o mais próximo possível de sua casa. Ela rebateu, argumentando que morava longe e que ele perderia muito tempo no trajeto e tal, mas a amiga foi taxativa, disse-lhe que acreditasse na “FORÇA DO XININ” e exigisse que ele a levasse no conforto e segurança até sua casa e ponto.

Se pensarmos bem, baseado na história, lendas e fatos contemporâneos, seremos forçados a concordar com a amiga da amante e reconhecer a “FORÇA DO XININ”, senão vejamos...

Helena de Tróia, disputada por Pária e Menelau foi motivo de uma sangrenta guerra. Cleópatra, do Egito antigo, foi amante dos generais romanos César e Marco Antônio, influenciando o rumo da história. Dizem que Yoko Ono, com seu romance com Jonh Lennon, foi o pivô da separação dos Beatles. Na imponente Casa Branca, o poderoso Jonh Kennedy cedeu aos encantos de Marilyn Monro e anos depois seu colega, Bill Clinton, se curvou aos encantos orais da estagiária Monica Lewinsky. Há uma versão de que os ciúmes que Tereza causou em Pedro implodiu a república de Alagoas e o que seria de Lampião sem Maria Bonita? Vixe, esse xinin é poderoso mesmo!

Agora, voltando ao casal de pombinhos apaixonados, quando combinavam o próximo encontro, ela comentou o sufoco que passara, e disse que só poderiam se ver se depois ele a levasse até a esquina de sua casa. A resposta foi negativa com aquele blá, blá, blá que conhecemos bem, e ela respondeu que dessa forma não daria mais certo. Apaixonada, ficou angustiada em não poder encontrar seu amor e curtir aqueles bons momentos, mas tinha de ser assim, era para o bem dela. Então, depois de não mais que vinte minutos de silêncio, seu celular tocou. Era ele perguntando: “Onde é que você mora mesmo, heim?”.

É amigos, como podem ver todo cuidado com a “FORÇA DO XININ” é pouco, porque o bicho é bom e a carne é fraca! Hehehehe...

Altino Farias, em 15/03/2024


 

sexta-feira, 8 de março de 2024

Dia Internacional da Mulher 2024 - O "X" da Questão

 


No começo, o “X” sempre é a incógnita da equação. E se forem duplos... Ah, meu Deus! Sim, é verdade, em certas ocasiões temos, também, um “Y”, mas este nunca é duplo e não passa de um coadjuvante, a questão central é o “X” e ponto!

Assim, bons matemáticos têm nele um amigo e companheiro presente no seu cotidiano, mas os que desprezam a ciência dos números temem, e tremem, ao se depararem com dois deles, pois, com suas limitações, podem não chegar a uma resolução da incógnita. Por isso, sem querer, o “X” pode causar grandes turbilhões para uns tantos “Y”, ilusões para outros e ser a razão de viver uma vida toda para muitos.

Vale lembrar que todo “Y” tem um quê de “X” em sua alma. Na verdade, eles são metade problema e, imaginam, metade solução. Os mais sábios, porém, tratam os “X” com um misto equilibrado de emoção e exatidão, conseguindo se aproximar natural e perigosamente deles simplesmente com o coração.

Quando a equação chega ao final, eis que se revela a verdade: o valor de “X”! Por absurdo que seja, ele não se mostra um valor numérico, absoluto. É medido em sentimentos, tão nobres quanto intensos e, multiplicado por dois, percebe-se claramente toda a beleza, pureza e força da criação divina, pois estaremos diante de uma MULHER!

Altino Farias, em 08/03/2024

 


domingo, 25 de fevereiro de 2024

Crônica da Madrugada

 

A madrugada me persegue. Ouço os seus passos, vejo sua sombra, mas ela, sorrateiramente, esconde-se de mim.

Bebo um gole de cachaça. Finjo brincar de boemia e ela vem se chegando, encabulada, por trás dos espaços já vazios.

Agora o dissimulado sou eu. Faço de conta que não a vejo. Ela me joga um charme, mas fico indiferente. A cachaça e os pensamentos me bastam nesse momento.

Sim, é tarde (ou cedo?). Estou no território dela, porém, contrariando a lógica, o senhor aqui sou eu. Mais uma dose, que desce suave, e uma enxurrada de pensamentos. O tempo passa devagar dose após dose. O meu tempo. Cansado, enfim, entrego os pontos. Voluntariamente.

Assim deveriam ser os porres, as paixões, os amores. Não deveriam ser interrompidos, cortados, proibidos, e sim, esgotados por si próprios, como o carvão que, feito em cinzas, extingue o fogo, com o vento se encarregando de levar aquelas lembranças para bem longe... Ou para dentro do coração.

Altino Farias, em 24/02/2024

domingo, 21 de janeiro de 2024

Cerveja Lavada


Esse fato ocorreu há muitos anos, antes do “politicamente correto” dominar no mundo, portanto, desculpem qualquer coisa. Naquela época, imaginem, era proibido proibir, mas vamos ao caso.

Sou engenheiro civil e nesse tempo tocava uma pequena construtora com construções próprias, prestando, também, serviços para terceiros. Do “bloco do eu sozinho”, passava o dia rodando de uma obra para outra suprindo-as dos materiais necessários, supervisionando os serviços e atendendo a clientes, além da parte burocrática. A rotina era bem corrida e as atividades bem diversificadas. E fazia tudo isso a bordo de um buggy, que puxava um reboque para levar até quinhentos quilos de materiais sempre que necessário.

Pois bem, certo dia, final de tarde, o calor era grande e eu estava coberto de poeira de cimento. Após cumprir todos os meus compromissos, estava com uma sede daquelas, sonhando uma cerveja bem gelada para preencher o vazio de todas as minhas desidratadas células. Então, para resolver esse problema, parei numa churrascaria anexa a um posto de combustíveis localizado na BR-116, na zona urbana de Fortaleza. Sim, eu dirigia e ia tomar uma cerveja, mas lembrem-se que isso foi há muitos anos, antes da lei seca e seus bafômetros.

Cheguei ao balcão com uma sede de mil desertos e fui logo perguntando ao atendente: Você tem uma cerveja Antárctica* em lata bem gelada? Respostas positiva, o balconista perguntou se eu queria que lavasse a lata. Sim, naquela época não era procedimento comum lavar as latas de cervejas e refrigerantes antes de pô-las no freezer. À pergunta respondi: Não precisa, isso é coisa de via..., ops! De quem não tem o que fazer! Nesse momento notei que outro atendente acabara de enxugar uma lata de cerveja e estava entregando-a a outro cliente que estava ao bem meu lado, que me olhou meio de banda e com ar de censura ao ouvir meu comentário. Foi chato.

Altino Farias, em 14/01/2024
*Naquela época cerveja em lata só havia Skol e Antárctica

domingo, 14 de janeiro de 2024

Rodízio de Bundas

 


O comércio era do tipo “bar & mercearia”, muito comum em bairros das grandes cidades e mais comum ainda em municípios do interior até a uns anos atrás. Na cidade grande hoje restam poucos desses estabelecimentos, que eram bastante sortidos. Neles vendia-se corda, pregos, alfinetes, botões, remédios, cereais, fumo, bombons, pão, enlatados e por aí vai. E ainda aceitavam fiado dos fregueses com débitos anotados na “caderneta”. A caninha e a cerveja para os amigos e papudins da redondeza não faltavam. O balcão dessas casas era ocupado em grande parte por mil e uma bugigangas, restando, via de regra, pouco espaço livre. Pois bem, foi num boteco desses que correu o caso que agora vou narrar para vocês.

Certa tarde de sábado, no Bar do Seu Mundim, os amigos de sempre celebravam a vida com cerveja quase gelada, talagadas de aguardente barata e muita conversa fiada. Como os bancos para sentar eram poucos, alguns ficavam de pé, então um dos presentes fez uma proposta: Turma, já tô cansado de ficar em pé, por que a gente não faz um rodízio de bundas? Depois de um tempo os que estão sentados ficam de pé, e os que estavam de pé, sentam um pouco para descansar os cambitos”.  Proposta aceita na hora pela assembleia, deu-se de imediato o primeiro “rodízio de bundas”.

Logo depois do “rodízio” chegaram dois forasteiros e todos olharam para eles desconfiados. Os intrusos se espremeram num cantinho do balcão, afastaram uns pacotes de bolachas abrindo uma pequena clareira, e pediram duas doses de cachaça, prontamente servidas pelo Mundim em copos que acabara de retirar da bacia na qual os lavara com água aparada, e parada. E a rotina do bar continuou, com a conversa fiada correndo solta entre os diaristas, e os dois forasteiros bebendo suas cachaças e conversando baixinho entre si.

Foi aí que um dos habitués disse: “Bora! Agora quero me sentar, já faz um tempão que tô em pé e vocês aí, bem sentadinhos”. Conforme o combinado, os que estavam sentados levantaram-se, cedendo seus tamboretes aos que estavam cansados de estarem de pé. Nessa troca de posições, um deles acabou confundindo os copos e pegou o copo errado. Quando já aí tomando um gole, o verdadeiro dono do copo exclamou em alto e bom som: “Ei, peraí! Rodízio de bundas tudo bem, mas de copos, aí já é putaria!”. Nesse momento um dos forasteiros olhou para o outro e disse: “Cumpade, vamu s’imbora daqui que esse bar num é pra nós, não!”

Altino Farias, em 14/01/2024

Imagem postada no site
https://www.conhecaminas.com/2021/03/16-vendas-botecos-e-mercearias-antigas.html

Eu, Prisioneiro



Nesse momento me encontro no estômago da Mobydick. Aqui é escuro, frio, quieto, estranho. Lutei, resisti muito para não chegar até aqui. Criei situações, inventei estórias, fiz amizades, planejei mil estratégias diferentes de tudo que já se viu. De nada adiantou. Fui engolido pela famosa e temida Mobydick.

Daqui posso ouvir o barulho das ondas e correntes marinhas e ver um pouco do mundo exterior através dos olhos dela, mas nada posso fazer, estou preso, imóvel, impotente. Temo não pela minha vida, mas pelos sentimentos dos que estão lá fora e gostam de mim, afinal, isso não são modos de se sair dessa existência. Aliás, a pior hipótese para mim é continuar existindo assim, nas entranhas dessa baleia.

Mas tenho um plano para sair dessa situação. Não, não posso contar a vocês porque ela pode me ouvir, e então minha ideia iria por terra, ou melhor, por mar. Mas o plano é bom! Sei que nada que planejei funcionou até agora, mas quem sabe dou sorte e me livro dessa insólita prisão.

Agora tenho que ir. Vou trabalhar no meu plano. Vai dar certo! Qualquer dia chego numa praia distante. Sei que não irão acreditar na minha fantástica história, então vou inventar outra, bem simples. Um quase afogamento, ou o naufrágio de um pequeno barco, ou que me perdi no mar praticando kitesurf, para mim não importa, o que importa é ver o Sol e a Lua, sentir a brisa no rosto e ver o sorriso no rosto das pessoas amadas. E nunca mais ser prisioneiro novamente onde quer que seja.

Altino Farias, em 14/01/24  



 

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Meu 2024 ainda não começou


Para mim 2024 ainda não começou. Explico. Passei todo o mês de dezembro extremamente cansado, preocupado e estressado com mil problemas e imprevistos. E me sentindo mal, cheio, empachado. A coisa aperto mesmo foi depois do Natal, com sintomas de dores na boca do estômago e nas costas, lado direito, e noites em claro.

Atribui as dores no estômago a distúrbios digestivos, e a das costas e mal jeito na dormida. À base de antiácidos e analgésicos fui levando e cumprindo os últimos compromissos operacionais e legais do ano até o dia 28, ao qual seguiu mais uma noite em claro.

Na sexta, 29/12, procurei um atendimento de emergência e veio o diagnóstico bombástico: eu estava com um cálculo renal obstruindo o ureter, tubo que liga o rim à bexiga. Essa era a causa de todo o mal estar que estava sentindo há dias. Foi operado no mesmo dia às 19 horas.

Tive alta hospitalar dia 30 e a graça de passar o réveillon em casa com a família, lamentando apenas não passar com minha mãezinha, dona Concita, que esse ano vai a 94 anos, e irmãos como é tradição na família desde os tempos do meu saudoso pai, mas a maravilha da internet hoje permitem as chamadas de vídeo, que quebram o maior galho nessa situação.

Enfim, meia noite, e na minha taça para o brinde, água! Brindei feliz por estar me recuperando, pelo bem estar de todos da família e amigos. Pelo nosso Brasil e pela paz no mundo.

Água. A gênese da vida dos primeiros seres se deu na água. Animais e vegetais são compostos de água. A água nos mantém vivos. Água é o solvente universal. Na virada do ano, que para mim ainda não começou, tomei água e um decisão: de ora em diante brindarei a chegada de mais um ano com água, simbolizando a simplicidade e a purificação. Cachaça a gente bebe antes e depois.

Meu 2024 começa semana que vem, pois devo me submeter a um procedimento médico para a retirada de um cateter colocado para facilitar a drenagem dos resíduos do cálculo renal. Estou ansioso para ver e sentir 2024!

       

Altino Farias, em 11/01/2024

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Da janela do meu carro - A força do progresso


O que era seiva, agora é dor,

O que era verde, é sem cor,

Destruição sem pudor,

A vida, retorcida, sem amor,

Padece, abandonada, esperando um trator. 

Eu vi da janela do meu carro e fotografei para vocês.

Pedro Altino Farias, em 30/10/2023