terça-feira, 27 de dezembro de 2011

"Biritosofando"


Ypiocamente falando, cervejando pelas praias do nosso querido Ceará, encontramos aqui e acolá aldeias de pescadores com ares ainda coloniais. De uma forma camparitiva, essas aldeias parecem um tanto caipirinhas, mas a verdade é que esse povo é dono de grande sabedoria.


No povoado de São João da Barra, por exemplo, encontramos Germana, professora primária muito querida pela criançada e filha do pescador Claudionor, um dos mais antigos do lugar, um verdadeiro “Gin dos Mares”. A teacher tem os olhos de uma cor enigmática, uma mistura de verde menta com anis. Confesso que absinto atraído por olhos assim, mas...



Uisquisito é notar que a nova geração parece não se importar com tradições e coisas assim. Aíce quis que os novos tivessem na pesca artesanal sua principal atividade, mas como? Com internet, celular e outras modernidades dentro de casa?

No bar, uma foto em black&white, como se dizia antigamente, mostra a visita de um empresário inglês tempos atrás. Ele prometeu mundos e fundos ao povo do lugar. Progresso! Mas até hoje Johnnie, como era conhecido, nunca mais voltou. Deve ter continuado caminhando por aí afora, espalhando suas lorotas.

E será que ano que vem vai ser bom para a pesca no local? Mais uma vez a tradição domina. Segundo os mais experientes, se em noite de garoa os sapos pararem de coaxar, é sinal de que o ano vai ser farto. Lá é assim: se o sapupara, tudo bem!

Rebati com nosso Claudionor essa crença. Disse a ele: você vem daí com sua crença, e eu vodicá com a ciência. Acabamos por tomar um trago de boa paciência, afinal, o mar estava tão espumante, e o sol tão brilhante, pra que encrencar? Mas findei com um frisante: “Você fica com sua crença e eu com minha ciência!”. Então ele respondeu apenas: "Hum rum". Enfim, a camaradagem foi a tônica da prosa.

Ao me despedir de todos, Claudionor quis saber:

- Para onde vai agora, meu amigo?


- Ah, vou a um lugarzinho maravilhoso conhecido por “Vale Verde”. Quando voltar vinho lhe contar como foi tudo, respondi, fechando minha visita à aldeia com chave de ouro... E uma mordiscada no bom tira-gosto posto no balcão.

Pedro Altino Farias
altino.frs@gmail.com

Ps.
- Claudionor, Germana e Vale Verde são marcas de cahcaça de Minas;
- Ypióca, Chave de Ouro, Colonial e Sapupara são marcas de cachaça do Ceará.









quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Bom Seria...


Bom seria...

Se os homens olhassem para o céu e compreendessem toda a força da criação.


Bom seria...

Se os homens tivessem nos rios, mares e florestas seu equilíbrio e seu futuro.


Bom seria...

Se os homens enxergassem em seu próximo o próprio Jesus.


Bom seria...

Se os homens guardassem sempre em seus corações o espírito do Natal.


Dentre esses homens estamos nós. Façamos nossa parte e o mundo será outro.


Feliz Natal!!


Pedro Altino Farias
altino.frs@gmail.com

domingo, 18 de dezembro de 2011

Instante Urbano



Galinhas ciscam no terreiro...

Um avião sobrevoa a cidade a uma altura inimaginável,

Tornando mudo o som de suas turbinas.

No relógio, as horas passam mais rápido que os minutos.

Uma sirene! Será ambulância, bombeiro ou polícia?

A notícia na televisão dá conta de mais uma roubalheira nos gabinetes oficiais.

No rádio, muita pregação e pouca ação.

Espero uma ligação que não vem. Alta ansiedade.

Um grupo conversa animadamente numa esquina da vida. Gargalhadas.

Outro avião. Este passou rasgando estridentemente 
os ruídos da cidade.

Recebo uma ligação, mas não é a esperada.

A vida escorre, angustiada, por entre os ponteiros do relógio.

Uma folha seca cai no asfalto estéril. Ninguém percebe 
a morte que ali está.

Dez minutos demoram mais que duas horas.

A ligação não vem...

E as galinhas continuam ciscando no terreiro.


Pedro Altino Farias, em 18/12/2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Dancing Day


Luzes, cores e formas num arranjo psicodélico.
Sons destoantes, distantes, próximos.
Corpos em revolução, odores, suores.
Vibração, euforia, gritos de guerra.


Uísque, vodka, doses de campari.
O ontem... Ah! Viagem de volta ao que se quer, ao que se gosta.
O dia seguinte... Dia o que?
O hoje... Dancing day!
Mais sons, mais luzes, a euforia continua!


Passaram-se horas... Está tarde (ou cedo?).
Não há mais revolução e as luzes parecem cansadas também.
Já se pode falar, ouvir, olhar.
Os suores, antes indomáveis, estão agora colados ao corpo,
Que está colado a outro.
Serenamente, ternamente, apaixonadamente.
Sussurros.
Sem que se perceba o dia seguinte já chegou...
Mas ainda é ontem.



Pedro Altino Farias, em 08/12/201

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Encontro no "Buraco"

A turma do “Buraco do Reitor”, boteco do bairro do Benfica, em Fortaleza, reúne-se todo ano para bebemorar o ano que finda e a amizade que une seus freqüentadores.



Com cinqüenta e um anos de existência, o bar foi fundado e comandado inicialmente por Manoel, que passou a responsabilidade da administração a Andrade, seu irmão, há anos.







O primeiro encontro oficial se deu há 31 anos, e foi batizado de EBEM – Encontro dos Bebedores do Manoel. Depois, com Andrade à frente, surgiu o EBAN – Encontro dos Amigos do Andrade, que está na sua 22ª edição. Assim, sábado, 03/11, o pessoal comemorou simultaneamente o 31º EBEM e o 22º EBAN, com a participação de cerca de cinqüenta freqüentadores, inclusive eu.




Muita comida, bebida, música e brincadeira marcou o evento, que teve também a escolha do “Ferradura” (quem come mais) e do “Boneco” (quem apronta mais), sendo eleitos Mazim e Belém respectivamente.



Descrever com mais detalhes o que rolou nessa tarde fica difícil, pois sabemos que cada confraria tem suas particularidades, mas posso garantir que quem participa dessa turma não volta triste para casa.




Pedro Altino Farias


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Meu nome


Pedro Altino Farias é meu nome completo. O “Pedro” veio do avô materno de minha mãe. “Altino”, herdei do pai dela. Quando garoto, em casa e na escola sempre fui “Pedro”. No entanto, ao mudar de colégio aos treze anos, os novos colegas elegeram o “Altino” como nome de guerra. Por consequência cresci assim, dividido entre o “Pedro” e o “Altino”, contando ainda com eventuais e raros “Pedro Altino”.


Com meus ciclos de amizade se multiplicando a partir da adolescência, o “Altino” prevaleceu sobre o “Pedro” até nossos dias, fazendo, inclusive, que eu sempre assine como “Altino Farias”. Mas tenho sentido falta do “Pedro” ultimamente...





Na empresa troquei meu crachá recentemente. Excluí o “Farias” e adicionei o esquecido “Pedro”. Foi um começo. Em pouco tempo, pessoas que não conheço começaram a me chamar pelo primeiro nome. Achei estranho no início, mas estou me acostumando. “Pedro”, além da referência bíblica, é sonoro, curto e simples, assim como o pescador que celebrizou o nome. Altino é mais clássico, solene, mas também soa bem.


Então, o “Pedro” está oficialmente reabilitado, e agora passo a assinar Pedro Altino Farias, embora todos tenham a liberdade de continuarem a me tratar da forma que preferirem. Abraço a todos... Tanto do Pedro, quanto do Altino.



Pedro Altino Farias
altino.frs@gmail.com