domingo, 14 de março de 2021

EU E MEUS 60 ANOS

 

Eis que, num piscar de olhos, cá estou, com sessentanos! Um idoso! Quando completei quatro décadas, pensei numa festa de comemora-ção, mas resolvi deixar para depois, afinal, a vida começa aos qua-renta, não é mesmo?

                         

Quando completei cinquenta, estava tão ocupado, ou pelo menos achava que estava, que deixei para comemorar os cinquenta e um ou cinquenta e dois. E tempo passou, e nada!

               

Agora cheguei aos sessenta. Essa data eu fazia questão de comemorar. Fiz planos na minha cabeça. Nada de mais, tudo muito simples e informal, como eu sempre fui. Numa manhã de domingo, família, amigos do peito, Zabumbossa presentando a todos com boa música e amizade, comes & bebes, sorrisos & abraços. A pandemia, no entanto, abortou qualquer hipótese de comemoração, fazendo a gente aprender a lidar com esses tempos esquisitos.
  
 

A festa não aconteceu como eu gostaria, mas... A música da “festa” ficou por conta das muitas mensagens que recebi dos amigos próximos, distantes ou virtuais, os quais no momento não posso abraçar. Elas foram sorvidas em toda sua essência, melodia e poesia.


Ganhei muitos presentes: todos na família estão com saúde, principalmente minha mãezinha, Dona Concita, que continua firme e Forte às vésperas dos noventa e um, e minha cunhada-irmã, Fafá, que é de uma fortaleza imensurável. Melhores presentes não haveria de ganhar.


Alguns amigos sofreram com a doença, ou eles mesmos, ou por entes queridos. Oramos pela saúde de todos, sempre.

A homenagem especial veio com a alta hospitalar da Gorette, amor, amiga a companheira de quase quarenta anos, acometida de covid 19, que saiu triunfante do hospital como quem adentra um imenso salão. Sufoco grande, viu?

                         

O bolo? Nosso filho, Altino José, cabra bom todo, que encarou a situação, e acompanhou a mãe com serenidade e carinho nesses momentos difíceis, tomando as decisões certas, fazendo valer o ciclo natural da vida: a mãe cuida do filho, o filho cuida da mãe.

                                   

E a cereja do bolo? Minha neta, Diana, que chegou em janeiro, e agora espalha seus primeiros sorrisos para o mundo, sempre aos cuidados de Daniel a Aninha. Um graça!


Festa completa, e das melhores, lamento apenas a ausência de meu pai, que partiu daqui muito jovem, mas a certeza que de ele está bem me consola.

Meu agradecimento a todos que fizeram e fazem parte da minha vida, e que, de alguma forma, tornaram-me uma pessoa melhor.

  

Agora me deem licença, a “festa” foi boa demais, mas preciso de um momento só para mim. Vou beber uma cachacinha enquanto revejo planos e projetos para o futuro, e assisto a uma retrospectiva passando em minha mente, afinal, foram sessenta anos já vividos, né? E graças a Deus com muitas histórias para contar.


Altino Farias, 12 de março de 2021, segundo ano da pandemia dos coronavírus