A madrugada me persegue. Ouço os seus passos, vejo sua sombra, mas ela, sorrateiramente, esconde-se de mim.
Bebo um gole de cachaça. Finjo brincar de boemia e ela vem se chegando, encabulada, por trás dos espaços já vazios.
Agora o dissimulado sou eu. Faço de conta que não a vejo. Ela me joga um charme, mas fico indiferente. A cachaça e os pensamentos me bastam nesse momento.
Sim, é tarde (ou cedo?). Estou no território dela, porém, contrariando a lógica, o senhor aqui sou eu. Mais uma dose, que desce suave, e uma enxurrada de pensamentos. O tempo passa devagar dose após dose. O meu tempo. Cansado, enfim, entrego os pontos. Voluntariamente.
Assim deveriam ser os porres, as paixões, os amores. Não deveriam ser interrompidos, cortados, proibidos, e sim, esgotados por si próprios, como o carvão que, feito em cinzas, extingue o fogo, com o vento se encarregando de levar aquelas lembranças para bem longe... Ou para dentro do coração.
Sábado, vou querer uns goles dessa cachaça inspiradora.
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