terça-feira, 19 de maio de 2020

Roleta Russa



Faltando dois minutos para as três e meia da tarde do sábado, 09/05/2020, meu celular tocou. Do outro lado da linha estava o amigo Fabrício, que, com a voz embargada e sufocada, disse ser portador de uma má notícia. Tempos difíceis, naquela mísera fração de segundos pensei: Meu Deus, quem terá sido? E a insana, diabólica e fatal roleta russa começou a girar em minha cabeça, com a sua assustadora aleatoriedade de sempre. “Quem?”, perguntei-me novamente. Rostos e sorrisos projetaram-se para mim, ainda esperando que a notícia não fosse tão devastadora assim. Era. E a roleta parou no nosso amigo Haroldo.

Parei. Emudeci. Agora eu é quem teria que ser portador da notícia para a Gorette e outros amigos. Falei para um e outro, e preferi o silêncio. Apenas atendi a telefonemas de amigos incrédulos em busca da não confirmação do fato. Negativa que não pude dar. Infelizmente.

Com o coração um pouco mais sossegado, agora que estou quebrando o silêncio. Haroldo não era cor, era multicor. Não era bar, era multi bar. Não era música, era todas as músicas, não era amigo, era NOSSO AMIGO e amigo do mundo.

Quem diz que não existem espaços vazios, e que o cemitério está cheio de insubstituíveis, nunca teve um amigo de verdade. Nunca! Com certeza o lugar dele estará sempre vazio no Serpentina, Embaixada da Cachaça, Raimundo do Queijo, Flórida Bar e em todos os bares da vida, mas ele estará em todos, ao mesmo tempo, cantando e sorrindo para nós. Haroldo se foi, mas nós continuamos com ele!

Pedro Altino Farias, em 10/05/2020, ano da pandemia do coronavírus
(foto arquivo PBV, com Romeu Duarte, Gorette Almeida e Haroldo Sousa)

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