Eu era tão jovem...
Eu era tão jovem...
E tive
que reaprender a viver. Mesmo sabendo impossível, procurei não causar
preocupações à minha mãe, que tinha mais outros quatro a cuidar. Embora com muito pouca idade, tentei entendê-la e apoiá-la. Fiz o que pude fazer naqueles tempos
duros...
Eu era tão jovem...
E comecei a
trabalhar enquanto estudava. Precisava me afirmar perante a família e a mim
mesmo. E desde então não parei um dia sequer, pelo que dou graças a Deus. E já
se vão mais de trinta anos...
Eu era tão jovem...
Tão inseguro e tímido,
que deixei de viver boas amizades, momentos e amores, mas essas limitações pelo
menos me serviram como aprendizado, pois eu pude olhar de longe as situações da
vida e aprender com elas sem ter que quebrar demais a cara. Já adulto, superada
a insegurança e a timidez, passei a viver mais plenamente, mas algumas coisas foram
perdidas para sempre e jamais serão recuperadas.
Eu era tão jovem...
Quando decidi
construir uma vida de duas. E ter filhos. Na época tinha certeza do que fazia,
das decisões que tomava. Hoje, olhando para trás, às vezes penso: tão jovem, que
louco! Mas quando vejo meus filhos, adultos e bem educados, compreendo que,
apesar de muito jovem, tomei o rumo certo. E já se vão trinta e cinco anos com Gorette!
Eu era ainda jovem...
Quando descobri
que tenho hipertensão, mal silencioso e traiçoeiro. Procurei de imediato tratar
a doença, e muito mais ainda o espírito. Desde então tenho tentado banir
sentimentos ruins do meu coração, mas, para isso, tive que mais uma vez reaprender
a viver, pois quero vida por muitos anos mais.
Jovem?
Dizem que não
sou mais, mas eu não estou nem aí, tenho tanto que aprender, fazer e amar ainda...
Pedro Altino
Farias, em 28/03/2012
Aqueles tempos e que tempos, saudades, saudades..
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