quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Brasil: contradições e confusões



Março de 1964 é nosso ponto de partida. Revolução ou golpe, afinal? 


Consumado o golpe – ou revolução - terroristas comunistas lutam para derrubar a ditadura militar instalada e implantar no país o regime de partido único com o seguinte argumento implícito: “O deles não pode, mas o nosso, pode!”. Enquanto isso, o verdadeiro democrata e amante da liberdade, chamado cidadão brasileiro, vive o terror no cotidiano. Pelos dois lados.



“Integrar para não entregar” era o slogan do Projeto Rondon daqueles anos, que enviava jovens universitários voluntários para prestarem serviços em regiões longínquas e inóspitas do nosso território. Iniciativa louvável, reconheçamos. Enquanto isso, o governo se endividava no mercado internacional para honrar outro slogan por ele criado: “Pra frente, Brasil!”.



Evoluímos política, econômica e socialmente com o passar dos anos, não há dúvidas. Menos mal. Mas criaram cada coisa esquisita por aqui...

Talvez tenhamos as crianças mais bem assistidas do mundo. Apenas no papel, claro. Por aqui, fedelho não pode nem apanhar moderadamente dos pais, nem ser repreendido pelos professores, senão pode dar cadeia para o “agressor”. O menor de dezoito incompletos também é considerado criança, e é, teoricamente, protegido pelo Estado, que não tem condições sequer de proteger a Esplanada dos Ministérios de ladrões, quanto mais um montão de garotos problemáticos (aqui se abusa do eufemismo).

 



Quando cometem crimes, esses jovens não são presos, e sim, encaminhados para “instituições especializadas”... Em produzir criminosos adultos de alta periculosidade. Mas... Esses mesmos jovens, inimputáveis perante a lei, podem votar e escolher nossos governantes e parlamentares. Seus votos têm o mesmo peso que os demais. Irônico, no mínimo. E contraditório também.

A evolução social também proibiu o cidadão de portar armas de fogo, afinal, para que andar armando num país tão seguro? 
 

 A polícia militar, que “tinha” a função precípua de repressão ao crime, manter a ordem pública e proteger a sociedade (Art.144, §5º da Constituição Federal: "§ 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil."), está praticamente proibida de disparar um tiro de baladeira que seja, sob pena de ser responsabilizada por todos os males do mundo desde a época da criação. País civilizado é assim mesmo! Sorte nossa sermos brasileiros! 



E o que dizer dos nossos gloriosos jogadores de futebol? Talentos descobertos, eles são vendidos para times do exterior por “fantastilhões” de reais. Chegando ao dito país estranho, logo começam a marcar gols e mais gols, sendo idolatrados pela torcida local, eleitos os melhores do mundo e tal. Convocados para atuar em nossa seleção, têm desempenho pífio, de decepcionar e matar de raiva. “Faltou tempo para um melhor entrosamento”, justificam. Ah, sim... Desculpem, é que não entendo muito de futebol...



Quem noutros tempos decretou: “É proibido proibir!”, hoje veta. É a velha via de mão única se mostrando com vigor e fazendo desmoronar sonhos (nossos) e falsos ideais (deles). Uma pena. 

 

Nosso governo se apressou em remeter desportistas de um “país amigo” de volta ao seu algoz. Eles, cidadãos de bem, pretendiam, inocentemente, fugir da ditadura sanguinolenta de sua terra natal. Ledo engano. Por outro lado, esse Estado, tão préstimo, deu guarida a um terrorista e assassino italiano condenado pela mais alta corte italiana em julgamento lícito e democrático, negando insistentes pedidos de extradição. Por mais que se explique, não dá para entender...


 

Ainda falando em “mais alta corte”, a nossa julgou e condenou. Depois, ela própria, com providenciais alterações em seu plantel, deu aquela amaciada na situação, fazendo a nação corar de vergonha e chorar de indignação. Mas a lei vale para todos, assim está escrito, acreditam?


 

Fiquei abismado mesmo foi quando o Presidente da República, em pleno exercício de sua função, declarou que seu expediente se encerra às dezoito horas diariamente. Daí em diante ele se sentia liberado para subir no palanque de sua candidata e orar por ela frente ao povo. Ridículo! Risível! Um breve raciocínio nos leva a duas possibilidades: ou o Presidente agiu corretamente e o país diariamente ficava com a presidência vaga após as dezoito horas e fins de semana, ou alguma coisa estava muita errada. Fiquei mais abobalhado ainda, porque essa foi uma declaração pública, assim como seus atos em palanque... E ninguém fez nada, não cobrou uma explicação, nem arranjou um substituto para suprir as folgas do farsante, nem o interpelou judicialmente a dar explicações.


  

Depois de dez anos de governo “socialista” ainda temos o MST como movimento vigoroso. Ué, já não era para ter se resolvido essa questão confiscando terras de latifundiários da elite e distribuindo-as para quem precisa trabalhar no campo? Por que manter e alimentar esse movimento indefinidamente? Mais uma vez não entendi.
  

Para finalizar, vivemos um contraditório interessante nesses últimos dias, deixando-me mais baratinado do que já estava. Simpatizantes do partido do governo desqualificaram o trabalho de certo instituto de pesquisa de opinião por anos e anos, associando-o a fraudes e a defesa de interesses da “elite dominante”. Agora, o mesmo instituto divulgou pesquisa favorável à situação, e aqueles mesmos festejaram: “Vocês viram as pesquisas? 2014 vai ser no primeiro turno!”.  Mais uma vez fiquei confuso, não era tudo de mentirinha, não? Ou o dito instituto continua a serviço das “elites”?

 

  
Pedro Altino Farias, em 20/11/2013   

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