A festa prometia. Exigia preparativos. Um jeito no cabelo, roupa inédita, sapatos. Encontraria pessoas especiais naquela noite, portanto, deveria ser especial também. Fora convidado por ilustre figura. Tão ilustre que nem o conhecia pessoalmente, só de nome e ouvir falar.
Mandou lavar o carro. Lavagem completa. Estava precisando mesmo, e ir num carango limpinho e cheiroso fazia parte do clima.
Correu para dar conta dos preparativos pela manhã. Aproveitou a tarde para descansar, afinal, o embalo seria esticado, até alta madruga, talvez vendo a noite virar dia.
Quando chegou, todos lhe sorriram, fizeram gentilezas, mimos até. Não conhecia aquelas pessoas, mas, aos poucos, foi se familiarizando com cada um. Uns mais bacanas, outros mais reservados, alguns poucos chatos. Mas estava ali, e não lhe cabia excluir esse ou aquele da roda de papo já que todos eram convidados do mesmo anfitrião.
Depois de um tempo estava plenamente ambientado. Uísque do bom, canapés, boa música. Mas os sapatos apertavam-lhe os pés, a coluna doía, uma azia começou a incomodar o estômago. E que calor!! Queixou-se a quem estava por perto desses pequenos incômodos, que pareciam bem maiores do que eram na verdade. Mas a festa estava ótima, nem pensar em ir embora. Muito ainda estava por vir.
De repente, uma mensagem do anfitrião no celular lhe convocando a ir a outro lugar. Sentiu-se impotente para negar. Saiu às pressas, conduzido por alguém que lhe parecia familiar, sem se despedir de ninguém, e sem entender bem o que sucedia.
Os que ficaram sentiram sua falta. “Saiu tão cedo... No melhor da festa!!”. Ele mesmo achava que perdera muito, mas... Quem sabe...?
Trânsito confuso, muitas luzes. Uma breve tontura. Estaria embriagado? Sem saber ao certo para aonde estava indo, sentiu-se leve, permitindo que agora sentisse que o carro deslizava suave e silencioso naquela avenida sem fim.
Pedro Altino Farias, em 02/07/2013
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