Era comum casas urbanas de terreno estreito e comprido, porta e janela na fachada. O telhado de telha de barro, a cumeeira alta afastava o calor, e meias paredes dividindo seus interiores também facilitavam a circulação do ar.
O banheiro, invariavelmente lá trás, e exigia longa caminhada, daí a utilização de penicos para necessidades noturnas e urgentes.
Uma sala na frente para as visitas, outra depois dos quartos para as refeições. Mas na copa era que a vida vibrava a todo momento, do amanhecer até que todos fossem dominados pelo sono.
O melhor dessas antigas moradias era e vai e vem, o entra e sai de pessoas. Irmãos, normalmente numerosos, tios, primos, compadres, avós, empregados.
O leiteiro, o padeiro, o verdureiro, todos à porta e prontos para uma boa prosa a cada passagem. Sem pressa, nem ambição de ser mais, ou ter mais.
Cadeiras na calçada ao final da tarde, carroças preguiçosas e automóveis idem trafegavam na rua calma, notícias de alguém distante contada de boca em boca, e aquela moça mal falada desfilando provocativamente. “Cadê o padre que não vê isso, meu Deus?”, exclamavam horrorizadas as “mulheres direitas”. Será que não via mesmo?
Bem, melhor ir parando por aqui, senão pode ser que algum leitor fique com vontade de viajar para antigamente... E não queira mais voltar.
Pedro Altino Farias, em 14?07/2014
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