Segunda feira, nove da manhã. Começa minha corrida insana contra o Tempo, a qual se estenderá até a noite de sábado. Embora ele, inexorável que é, sempre vença, tento ludibriá-lo com dribles e blefes. O Tempo, por sua vez, finge que consegui fazê-lo de bobo, deixa-me pensar que desacelerou um pouco, e assim tenho a oportunidade de um sorriso aqui, uma descontraída acolá.
Essa é uma corrida solitária, onde não há disputa. De uma forma ou de outra o Tempo vai passar. Eu quero apenas chegar, não importa como. Chegar é o objetivo.
Quem sabe um dia eu tenha a chance de, enfim, vingar tanto sofrimento e angústia, e mate o Tempo impiedosamente. Como? Deixando-o simplesmente passar, enquanto observo banalidades como as nuvens no céu tomando as mais diversas formas, as ondas do mar quebrando incessantemente, o canto dos pássaros comemorando a vida. Entre um gole e outro de uma boa bebida, beijos e afagos da minha mulher amada, vou vendo a noite apagar o dia, e o dia acender o que era noite. Um dia, quem sabe um dia... Até que um dia o Tempo não importe mais.
Pedro Altino Farias, em 13/12/21, segundo ano da pandemia do coronavírus.
A morte súbita do tempo ao admirarmos o sorriso Duma criança, o gozo da mulher amada, beber com os amigos , o alumbramentos da natureza nos da um efêmero sentimento de eternidade. Parabéns pelo belo texto
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