quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Fraquinha...




A mulher entra no bar e decreta com voz firme, em alto e bom som:
- Juventino, vamos pra casa!
- Mas eu tô em casa, meu amor...
- Em casa? Haha... Nesse bar imundo, bebendo com todos esses homens?
- Aqui é onde me sinto em paz e esses homens que bebem comigo todos os dias são meus irmãos.
- Juventino, seus filhos estão em casa lhe esperando!
- O meus filhos são também seus filhos. Já são adolescentes e não estão nem ai pra mim...
- Juventino, e eu? Snif, snif... Sua esposa?
- Hummm... Fraquinha...! Por que é que você acha que venho pru bar todo dia?

Essa história poderia terminar aqui, mas não terminou.

Seis meses depois...

O bar ainda está em reparos. Depois da reabertura ser anunciada e adiada três vezes, parece que mês que vem reabre mesmo.

Juventino, com fraturas múltiplas, começa a fisioterapia de reabilitação na semana que vem. Se tudo correr bem, com mais uns três meses começa terapia para tratar a síndrome do pânico, adquirida na mesma ocasião das fraturas.

Os amigos de Juventino presentes no bar naquele dia, ou fizeram promessa para parar de beber, ou se converteram a uma religião que proíbe a bebida.

Novamente essa história poderia terminar aqui, mas...

A mulher de Juventino, sentido-se sozinha e com a vida vazia, sem o marido e com os filhos adolescentes cuidando de suas próprias vidas, começou a beber com as amigas. Hoje bebe diariamente e está se sentindo muito feliz. Só não está mais feliz porque começou a ver certa razão naquelas biritagens do marido e aí lhe bate um remorso...

Altino Farias, em 07/02/2018

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