Certa época passou por grande aperto financeiro quando a empresa na qual trabalhava há dezesseis anos entrou em processo de falência. Cinco meses sem receber, dois filhos pequenos para criar e educar, e demais compromissos. O pior é que a situação não se definia de vez para que ele pudesse tomar outro rumo, mantendo-se preso a ela. Sem gostar de incomodar ninguém com problemas, ia se virando como podia.
A turma se encontrava no Bar do Toinho Gordo às quintas. Numa dessas, contando apenas um real no bolso, resolveu fazer uma caminhada e depois passar no bar para tomar duas cachaças, que custavam trinta centavos a dose naquele tempo.
Fora de circulação há algum tempo que estava, pediu a primeira dose ao Toinho enquanto perguntava pelas últimas. Conversa boa a animada, logo pediu a segunda, sorvida com grande prazer e anunciada ser a saideira. Frente ao (previsto) protesto geral que se seguiu, solicitou a terceira e última dose, conforme a disponibilidade financeira de então permitia e limitava.
Tomada na calma, lambendo os lábios em busca do seu último e recôndito sabor, demorou o quanto pode até que mandou fechar a conta. Os noventa centavos apresentados de despesa seriam saldados pela sua única moeda de um real, mas... Cadê a danada da moedinha, afinal?
Procurou num bolso, noutro, e nada! Logo dois ou três se propuseram a honrar o débito para com a casa, mas Toinho Gordo recusou recebê-lo de quem quer que fosse: “Essa é por conta da casa, faço questão!”, sentenciou. “Então eu pago a próxima!”, retrucou de imediato uma das testemunhas. Porém, encabulado e meio sem ânimo, nosso protagonista bateu em retirada.
Enquanto isso, não muito longe dali, em sua casa, a moedinha de um real jazia tranquila em cima do criado mudo pronta para a próxima rodada.
Pedro Altino Farias, em 21/10/2013
ATENÇÃO: Os textos deste blog estão protegidos pela lei nº 9.610 de 19/02/1998. Não copie, reproduza ou publique sem mencionar os devidos créditos.
A turma se encontrava no Bar do Toinho Gordo às quintas. Numa dessas, contando apenas um real no bolso, resolveu fazer uma caminhada e depois passar no bar para tomar duas cachaças, que custavam trinta centavos a dose naquele tempo.
Fora de circulação há algum tempo que estava, pediu a primeira dose ao Toinho enquanto perguntava pelas últimas. Conversa boa a animada, logo pediu a segunda, sorvida com grande prazer e anunciada ser a saideira. Frente ao (previsto) protesto geral que se seguiu, solicitou a terceira e última dose, conforme a disponibilidade financeira de então permitia e limitava.
Tomada na calma, lambendo os lábios em busca do seu último e recôndito sabor, demorou o quanto pode até que mandou fechar a conta. Os noventa centavos apresentados de despesa seriam saldados pela sua única moeda de um real, mas... Cadê a danada da moedinha, afinal?
Procurou num bolso, noutro, e nada! Logo dois ou três se propuseram a honrar o débito para com a casa, mas Toinho Gordo recusou recebê-lo de quem quer que fosse: “Essa é por conta da casa, faço questão!”, sentenciou. “Então eu pago a próxima!”, retrucou de imediato uma das testemunhas. Porém, encabulado e meio sem ânimo, nosso protagonista bateu em retirada.
Enquanto isso, não muito longe dali, em sua casa, a moedinha de um real jazia tranquila em cima do criado mudo pronta para a próxima rodada.
Pedro Altino Farias, em 21/10/2013
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