O
cachorro do vizinho, olhos esbugalhados e babando, avançou naquela jovem e
gostosa senhora que mora na 777. Ela se
assustou, e, agindo por reflexo e sentido de auto defesa, conseguiu se
desvencilhar do agressor, correndo para sua casa, onde permaneceu trancada até
passar o susto e certifica-se que o perigo também cessara.
Ligou
para o marido, que viajava a trabalho, para contar o que ocorrera. De onde
estava ele ficou muito puto, prometendo retornar o mais breve para tomar
satisfações com o vizinho.
Vizinhança
é negócio complicado. O cachorro do vizinho já havia incomodado a gostosona outras
vezes, e todos comentavam, mas fazer o que? Afinal, nunca havia avançado de
fato em ninguém como acabara de fazer.
Chegando, o maridão foi direto ter com o vizinho. Ao abrir o portão e adentrar a
varanda da casa ao lado, ouviu apenas uns latidos vindos lá de dentro. Bateu na porta, e nada! Somente
uns latidos encabulados.
Voltou
horas depois. Desta vez obteve sucesso, pois o próprio vizinho o atendeu. Sorte
de um, azar de outro. O maridão não esperou nem por um cumprimento, e foi logo
esbofeteando o cara. Enquanto metia a mão, cuspia-lhe xingamentos e impropérios
os mais cabeludos. Sem chance de defesa, o vizinho apenas balbuciava algo
enquanto tentava, inutilmente, livrar-se dos socos e tapas.
Ao
fim de poucos minutos, e algum sangue, a fatura estava liquidada e, afinal,
pôde-se ouvir o que o maridão dizia àquele homem, agora reduzido a trapo: “Olha
aqui seu cachorro, se tentar agredir minha mulher de novo, ou qualquer outra
aqui da vila, te capo!”.
Enquanto
isso, Fanny, o poodolzinho simpático do vizinho, assistia a tudo deitado no
mosaico frio do terraço, balançando o rabo contidamente. Olhando a expressão do
animalzinho, podia-se imaginar o que ele pensava: “Até que enfim!”.
Pedro
Altino Farias, em 24/09/2012
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