Fazia silêncio. As mãos delicadas da mulher acariciaram os cabelos do amante. Em seguida ela o envolveu com seus braços esguios, fazendo com que seu peito fosse encostado ao dele, transmitindo e recebendo calor ao mesmo tempo. O silêncio permanecia. Dentro e fora do recinto. E os dois continuaram se olhando, calados.
Uma lágrima despontou na face daquele homem de quarenta e poucos e muitas dores. Ela, dona de outras tantas, também lacrimejou. Suavemente, primeiro enxugou o rosto dele, depois o seu próprio. O único som que se ouvia naquela penumbra era a respiração de ambos. Ora calma e pausada, ora ofegante, apressada.
Aquele momento se estendeu por alguns minutos. Será? Ou foram somente instantes? Ou longas horas? O tempo não importava. A vida não importava. O mundo não importava.
Seminu, o amante sentou-se numa poltrona. A mulher, então, ajoelhou-se à sua frente, olhou-o mais uma vez com ternura, e rompeu aquele terrível silêncio dizendo simplesmente: “Adeus!”. Foi um adeus miúdo, sofrido, apertado, quase mudo. Mas foi um adeus.
Pedro Altino Farias, em 29/06/2012
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Quente e profundo!
ResponderExcluirGostei!