domingo, 20 de novembro de 2011

Loucos Somos Nós II


Vagueia pelo centro da cidade. Sua imaginação o transforma em um ser único, diferente, expressivo, fantástico. Para compor o que imagina ser, fantasia-se luxuosamente com o que encontra pela rua.

Enquanto nós nos submetemos ao tempo, nosso personagem o tem a seu inteiro dispor. Portanto, seu tempo é muito mais valioso que o nosso.

O ritmo de sua dança nos faz imaginar a música que soa no interior de seu ser. Bela música, por sinal. Aliás, a dança, associada à indumentária e à paisagem ao redor, faz com que a cena pareça mais um antigo ritual que uma dança qualquer. Um ritual alegre, de celebração de agradecimento pelo bom que se tem.

Mais uma vez eu pergunto: louco? Loucos somos nós, eternamente preocupados com o dia que de amanhã, como o time de futebol que anda mal das pernas, com o trabalho que lhe rouba oportunidades de viver melhor (mesmo sendo ele seu meio de sustentação), com roupas, carros, viagens... Quanta loucura!

Quem sabe um dia aprendo um pouco a viver com este senhor, e o mundo se revele para mim mais simples, mais justo, hospitaleiro, humano... E eu entre no ritmo dessa música imaginária, fazendo do tempo algo sem importância, e da vida, uma festa sem fim...

Altino Farias
altino.frs@gmail.com

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