Vaiado num festival de MPB dos anos 60, Geraldo Vandré cunhou uma frase que ficaria famosa: “A vida não se resume em festivais”.
Um festival requer preparação, disciplina, parcerias, perfeição; e culmina com uns se sobressaindo sobre outros, até que, no final, um único grande vencedor é ovacionado pelo público ou pela crítica. Ou pelos dois, num caso mais raro. Mas será mesmo que aquele é o melhor?
Na vida, detalhes bobos talvez façam a diferença, enquanto grandes acontecimentos podem não ter importância alguma. Saborear uma fruta suculenta, admirar o canto dos pássaros, uma cortesia de um desconhecido na rua, um objeto de estimação que traz lembranças boas, um dia em família, um jantar especial, um olhar sugestivo, um por do sol, um abraço... Pequenas coisas. Banais até. Mas que podem ser tão espetaculares quanto um grande festival.
Por que falar em festivais se o assunto é futebol? É que o futebol é um grande festival. Empolga multidões, leva a paixões, cega. Um campeonato nada mais é que um festival de times que se preparam com afinco para, na arena, provar quem é o melhor, o mais perfeito. Ou menos imperfeito. Enquanto a bola rola, torcedores se digladiam nas arquibancadas, colegas se insultam nas escolas, amigos discutem infrutiferamente nos bares. Torcidas brigam entre si, brincadeiras são tidas como agressão, amizades se abalam. A paixão pelo grande festival do futebol tem feito muitas vítimas mundo afora.
A certo momento nos damos conta que “A vida não se resume em festivais”. Será que essa percepção veio tarde demais para um mau feito? Acredito que não, que nunca é muito tarde, tudo tem seu tempo. Neste tempo os homens entenderão que enquanto os festivais acontecem, a vida segue linda, colorida, maravilhosa e cheia de amor, basta que tirem os olhos do palco para enxergarem que existe um mundo possível à sua volta... E muitos amigos.
Acreditem, “A vida não se resume em festivais”. A vida deve ser doce e simples, apesar das dificuldades que enfrentamos no dia a dia. Amargura? Rancor? Nem pensar! Festivais são bonitos de se ver, mas seus bastidores... Humm, nem tanto. Portanto, tiremos nossos olhos do palco vez em quando, lembrando sempre da frase de Vandré. Depois é só seguir caminhando e cantando...
Altino Farias
altino.frs@gmail.com
Pedro,
ResponderExcluirSe todos tirassem os olhos do palco,"vez em quando",tudo seria muito melhor...
Concita