quarta-feira, 1 de junho de 2011

Meus Primeiros 50 Anos

Fiz muitos planos para comemorar meus primeiros cinqüenta anos, mas todos foram por terra. Da grande festa de aniversário, embalada com luz negra e músicas dos anos 60/70, ficou só a vontade, pois a data este ano ficou espremida entre o carnaval e uma viagem de férias.



De volta à terrinha depois de quinze dias me deleitando com as maravilhas da Itália, muito trabalho por fazer... E contas a pagar.



“Mas um bom texto sobre o evento ‘50 anos’ vou escrever e publicar no blog”, pensei. Compromissos, falta de inspiração, cachaçadas. Passou um dia, outro, e mais outro. Então veio a solenidade de instalação da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo e tomou todos os espaços ocasionalmente livres. Assim já vou com cinqüenta anos e dois meses. Melhor deixar as tais comemorações para ano que vem. O bom texto também.



Porém, para a data não passar totalmente em branco, reproduzo um texto de Mário Coelho Pinto de Andrade, escritor e político angolano (1928-1990), que fala sobre “O valioso tempo dos maduros”. Espero que gostem.





O Valioso Tempo dos Maduros





Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.



Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.



Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.



Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.



'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...



Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.



O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!


Altino Farias
altino.frs@gmail.com

Um comentário:

  1. Parabéns, atrasado, pelo seu aniversário. Gostei da formação da nova Academia e das histórias contadas (carros, Florença, etc.Abraços do Amilcar.

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