domingo, 28 de novembro de 2010

Brisa Que Te Quero Brisa



Ah, brisa; suave brisa! Passaste tão rápido que nem pude te sentir plenamente. Mas estavas tão gostosa, insinuante e sedutora, que vou ficar aqui parado, esperando que passes novamente, mesmo sabendo que quando vieres mais uma vez não serás a mesma, pois terás arrebanhado os odores das flores e dos suores que tiveres encontrado pelo teu caminho, e capturado os ruídos da madrugada e os sonhos mais puros com os quais te deparaste... E os mais profanos também.

Ah, brisa; inquieta brisa! Nem ouso te pedir que fiques um pouco, pois o movimento está na tua própria delicada essência de ser, então, vou estar preparado para que quando passares pela segunda vez, eu possa sorver-te e sentir-te por todo meu corpo, e, logo depois, ficar novamente esperando tua volta. Sei que quando voltares pela terceira vez estarás irreconhecível, embora as sensações de frescor, leveza, saudade, e tantas outras que trazes, sejam as mesmas.

Ah, brisa; querida brisa! Peço-te que quando por aqui passares de novo, traga os bons fluidos e energias que carreastes pelo teu caminho, e que leves meus melhores pensamentos para os quantos que encontrares daqui por diante. Só não te peço que me leves junto a ti, porque aqui tenho os que amo, e ir contigo, soprando suavemente mundo afora, seria uma grande aventura, mas a saudade que se abateria sobre mim seria maior ainda, e eu acabaria por sucumbir a meio caminho, estragando tua louca viagem.

Ah, brisa; inconstante brisa! Vamos continuar a nos sentir assim, casual e espiritualmente. Vamos continuar na cumplicidade dessa troca de sentimentos: tu me trazes os alheios e leva os meus bons para outros, estejam onde estiverem esses outros... E em que tempo. Mas agora tenho que ir. Meu mundo não é como o teu. Embora tenhamos que continuar indo e vindo para nos mantermos vivos, tu o fazes naturalmente, e eu, sofridamente, pois assim é a vida.


Altino Farias
altino.frs@gmail.com

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