Esse negócio de hora não é tão simples quanto parece. A rigor, nenhum de nós tem hora. Há pessoas que não têm hora porque não querem se prender a compromissos, por exemplo. Para eles, as horas não existem. Do outro lado do espectro cronológico, há os que não têm hora porque são obrigados a obedecer a uma pesada agenda profissional, ou mesmo cumprir compromissos domésticos, então, as horas não lhes pertencem. Pois bem...
Era começo de noite e dois amigos conversavam ao balcão do bar de sempre, bem em frente ao dono do estabelecimento. Chapéu Panamá, cabeça baixa, mesmo ocupado, concentrado nas operações do caixa, estava ligado no papo dos fregueses, quando um deles anunciou que chegara a hora de partir. O outro protestou, e seguiu-se o seguinte diálogo:
- Mas tão cedo? Fique mais um pouco, a conversa tá tão boa!
O amigo contemporizou...
-É, mas tenho mesmo de ir.
-Mas por que?
-É que tenho hora.
Nesse momento, o dono do bar levantou a cabeça, deixando vistos seus olhos por baixo da aba do Panamá e indagou calmamente e com um tom de ironia:
-Você tem hora ou senhora?
Depois dessa, o que estava de partida sorriu um sorriso maroto e confessou:
-Senhora! E ela já me enviou três mensagens!
Diante de tão forte argumento o homem foi liberado na hora!
Altino Farias, em 28/05/2025