quarta-feira, 2 de março de 2011

Quatro!


Quatro! Nem três, nem cinco, o número era quatro, decididamente. Por quê? Ah, quem sabe? Só sei que era quatro e fim.

O fato é que estava trabalhando em assunto do site Pelos Bares da Vida, e tomava uma cerveja gelada. A ação não era criar, coisa que muito me apraz, e sim, transcrever um texto manualmente direto de uma gravação de áudio. Reclamar de que se eu mesmo fui um dos inventores dessa empreitada?

Tomei uma lata como lenitivo para árdua tarefa. Ótimo! Desceu bem. Tomei a segunda. Idem. Ocorre que esqueci de gelar mais outras. Cerveja é bebida nojenta para se beber em casa. A gente tem que ter vontade minutos antes para poder, minutos depois, degustá-la gelada e com prazer.

Desisti. Não da tarefa, da cerveja. “Vou é tomar umas canas”, pensei. Em meu local de trabalho doméstico há uma pequena estante ao lado da mesinha do micro. Bem à altura da mão estão lá: um tonelzinho de cachaça, um bom uísque (em casa bebo cawboy) e sempre uma garrafa de cachaça artesanal do nosso interior, daquelas de esquentar as orelhas a cada talagada. Optei pela última.

Depois de duas doses senti falta de algo para tira-gosto. “Azeitonas”, pensei. Apanhei o pote na geladeira e escolhi quatro delas. Por que quatro? Não sei, mas tinha que ser quatro. Fui escolhendo uma a uma e colocando num pires. Eram as mais vistosas do pote.

A meio caminho, na volta à labuta, eis que uma delas resolve pular fora do prato. Fiquei só com três! Como pode alguém querer tomas umas canas com apenas três azeitonas? Eram as melhores, eu sei, mas, mesmo assim, insuficientes. “Deveria ter escolhido cinco”, pensei num instante para logo emendar: “Não, cinco é demais!”

A danada caiu e rolou para baixo de um armário. Não fosse isso, apanharia e tudo bem, afinal, quem foi que viu? Mas não, ela se escondeu mesmo. Sem alternativa, voltei ao pote. Olhei, olhei, olhei. Não consegui ver mais nenhuma outra que se comparasse àquela revoltosa. Nenhuma mais chamava minha atenção. Um “Porra, que saco!!” me veio à cabeça naquele momento.

O trabalho me aguardava e eu ali, enrolado por uma simples azeita. Apenas uma dentre quatro. Mas não dava mesmo. Bloqueou. Voltei à cozinha, devolvi as azeitonas restantes ao pote e... Lasquei um pedaço de provolone!



Altino Farias
altino.frs@gmail.com

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