terça-feira, 13 de setembro de 2011

Eu Não Sabia de Nada...






A presidência da república precisa contar com um serviço de informação eficiente e leal. O propósito de tal agência é manter o chefe do executivo devidamente informado sobre movimentações políticas, econômicas e sociais, auxiliando o Presidente na boa governança. No Brasil temos a ABIN – Agência Brasileira de Inteligência, que sucedeu o extinto SNI- Serviço Nacional de Informação, que teve sua existência durante o regime dos generais.




É legítimo e necessário que o Presidente mantenha o setor de informação e inteligência sob seu comando, sempre observando os limites impostos por lei.




Causa-me estranheza que simples repórteres, munidos apenas de bons contatos, câmera e microfone, consigam trazer à tona casos os mais escabrosos, onde figuram como protagonistas grandes personalidades da nossa República, e a ABIN, com todas as prerrogativas que uma agência como ela tem, não chegue a um centésimo do resultado obtido pela imprensa livre.




Nossos repórteres, por mais competentes, obstinados, perspicazes e atuantes que sejam, ficam bem longe das condições especiais que a ABIN desfruta para obter informações. Escuta telefônica e quebra de sigilos bancários autorizados pela justiça, dentre outras, são verdadeiras armas no ofício de investigar. E tudo dentro da lei.




Pois bem, nosso ex-presidente Lula, a cada novo escândalo – e não foram poucos – vinha a público declarar que de nada sabia. Agora a história se repete com sua pupila, Dilma, que se mostrou surpresa com a revelação feita pela imprensa de que José Dirceu, sob as sombras, comanda um verdadeiro governo paralelo a partir de um quarto de hotel. Oh!




Será verdade o que Lula e Dilma alegam? Será que nada sabiam de fatos tão relevantes como o mensalão e o balcão de negócios instalado na Casa Civil? Se eles não sabiam de fato, há três possibilidades: ou a ABIN pisou na bola e não tomou conhecimento desses casos, ou se omitiu, ou foi conivente com os infratores e corruptos. Qual das três a pior? Em se tratando de ABIN, todas, pois, de uma forma ou outra, houve falha grave.




Movimentos dessa magnitude deveriam, obrigatoriamente, ser detectados pela inteligência que assessora a presidência. Dirceu, depois de cassado, deveria ter sido monitorado diuturnamente, mesmo sendo um homem do partido que está no poder, pois aqui se fala em segurança nacional e não de futricas entre companheiros. O povo brasileiro quer que a legalidade prevaleça, não importando se Fulano ou Sicrano é ou não da “base aliada”.




Mas há ainda a possibilidade de nossos ilustres presidentes terem se omitido, ou mesmo faltado com a verdade, permitindo, com pleno conhecimento, que bacanais rolassem nos gabinetes oficiais de Brasília. Mais grave ainda que uma pisada de bola da Agência.




Não há vislumbre de que verdade desnude esses casos. Então continuamos assim, com uma agência de inteligência que leva dribles consecutivos da imprensa livre; presidentes que tomam conhecimento de fatos graves como um cidadão comum, ou seja, pelos jornais; e nós, brasileiros, a ver o mesmo filme mais uma vez, cujo título é “Eu não sabia de nada...”.




Altino Farias
altino.frs@gmail.com

Um comentário:

  1. Pedro,
    Continue, continue escrevendo suas opiniões que ,na realidade reflete o pensamento de muitos brasileiros que não têm como se expressar.
    Sabe? o Brasil precisade você.
    Concita

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