domingo, 25 de setembro de 2011

Banheiros Vistos por Dentro




Aqui, no nosso bom e sofrido Ceará, estamos vivenciando o “Escândalo dos Banheiros”, caso em que verbas públicas para a construção de kits sanitários foram desviadas de seus propósitos, resultando na não execução das obras a que foram destinadas. Os principais envolvidos no caso são um ex-deputado e Presidente (atualmente afastado) do TCE, e seu filho deputado.



O caso está sendo investigado com "todo rigor”, e três servidores de escalões inferiores foram indiciados na esfera da administração pública. Na outra ponta, a privada, estão “presidentes de associações municipais”. “Bois de piranha”, claro. Sabe-se lá quanto de extra estão levando no bolso para encarar a situação no mais absoluto silêncio.



A coisa segue a linha “imoral, porém, legal”. Homens públicos, lidando com verbas públicas, pai e filho fizeram tudo de forma a não se exporem, ficando na retaguarda e na engorda dos seus caixas dois; enquanto “presidentes de associações”, todos, de uma forma ou outra vinculados aos chefões, são indicados como responsáveis pela falcatrua. Não sou criminalista, mas acredito que, a se confirmarem os fatos pela justiça, formação de quadrilha cairá bem ao nobre presidente e ao jovem deputado, além da tipificação da fraude em si.



Deixando de lado os aspectos legais e morais, vamos aos sociais. Há anos construí kits sanitários num município próximo a Fortaleza. Salvo engano foram 147 unidades. A obra foi executada por construtora regularmente estabelecida, da qual eu era o engenheiro responsável, e beneficiou igual número de famílias carentes.



O contrato foi de difícil execução devido à pulverização das unidades a serem construídas, espalhadas por bairros e distritos distantes. Fizemos um planejamento estratégico onde estabelecemos pequenos centros de distribuição de materiais, visto ser quase impossível fazê-la ponto a ponto. Encostado material num desses pontos durante o dia, à noite, por vezes, a própria população beneficiada subtraía parte dele. Em outras palavras, roubava-nos. Mas a empreitada estava contratada e tínhamos que executar, então procuramos as soluções mais adequadas para tocarmos a obra.



O serviço foi concluído no prazo e TODOS os 147 banheiros entregues, processo este acompanhado por assistente social, fiscalização do órgão federal competente e prefeitura local. Se não deu prejuízo, quase empatou, isto devido aos problemas de logística já mencionados.



Quero aqui relatar o que vi durante este período. Famílias morando em lugares isolados, crianças raquíticas, casas de taipa e chão batido, moscas em profusão, panelas vazias, cachorros pulguentos transitando para lá e para cá. Gente sem instrução, sem formação, abandonados à própria sorte. Moças bonitas e... Desdentadas. Garotos alheios ao mundo profissional que lhes aguarda, mulheres e homens envelhecidos precocemente e sem expectativas de dias menos sofridos. Os beneficiados pelos kits sanitários até então faziam suas necessidades no mato, literalmente. Triste. Apesar de tudo isso, por onde andávamos sempre nos ofereciam um cafezinho com um sorriso encabulado... Quando tinham café (o sorriso nunca faltou).



Essa quadrilha roubou dinheiro público da sociedade, isso é fato. Roubaram de forma indireta, disfarçada. Mas desse povo sofrido e carente de tudo, roubaram diretamente, tirando-lhe o benefício concedido pelo Estado de ter um simples banheiro em casa e melhores condições higiênicas. Um pequeno sonho de melhoria, impossível de ser alcançado por meios próprios. Do Estado, por sua vez, roubaram uma parcela significativa de um programa sério de saúde pública, comprometendo seus resultados a médio e longo prazos. Falta gravíssima, dadas as circunstâncias de subsistência da população beneficiada.



Agora pergunto: o que merecem os autores de um crime como esse?









Altino Farias


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eu e Meu Taíba Vip




Este ano participei do 3º Encontro Anual do Planeta Fusca. Decidi ir com meu Buggy Taíba como forma de homenagear esse velho e bom companheiro.




Simples como veio ao mundo, apenas fixei um cartaz em seu pára brisa com dizeres que traduzem nossa amizade, e que reproduzo aqui.







10 ANOS DE COMPANHEIRISMO




170.000KM RODADOS COM VALENTIA




ORIGINALIDADE A TODA PROVA




MIL PORRES




MOMENTOS INESQUECÍVEIS




PAISAGENS DESLUMBRANTES




PASSEIOS DE JERI A TIBAU PELA PRAIA




UM AMIGO INSEPARÁVEL




********







GALERIA DE FOTOS






LAGOINHA (2005)









TRAVESSIA DO JAGUARIBE (2007)






ATOLADO NO TRECHO MOITA/PATOS RUMO A JERI (2008)





FOZ DO RIO CHORÓ - BARRA NOVA (2009)










OPERAÇÃO DE RESTAURO TOTAL (12/2008)





MEUS OUTROS COMPANHEIROS:





OPALA COUPÊ DE LUXO 4 CIL. 1978



PUMA GTS 1980



FUSCA 1300L 78



KADETT GL 1.8 1996


ANTIGOMOBILISMO:
PAIXÃO A TODA VELOCIDADE!!

PEDRO ALTINO FARIAS

quinta-feira, 15 de setembro de 2011




Festa no Interior



Quando todos pensavam que a festa era no interior, descobriu-se que o grande rolo estava se dando mesmo era na Capital Federal. Novais, titular do Turismo, foi inocentado do fato de ter realizado uma orgia num motel de São Luiz (MA) com verbas públicas. Mas inocentado de tão grave falta, por que? Ora, primeiro ele ainda não era ministro, “apenas” deputado federal. Segundo, ele devolveu o dinheiro ao erário e se desculpou, entenderam?


Notem a similaridade com o caso de Jaqueline Roriz. Ela foi flagrada recebendo propina, mas foi inocentada porque o fato se deu antes de assumir uma cadeira na Câmara. Essa semelhança revela o modus operandi que a classe política adotou para tratar os seus. Imaginem se o mesmo critério fosse adotado para toda a população brasileira, visto que todos devem ser iguais perante a lei. Um sem número de “eu não sabia”, “mas isso foi antes de eu ser promovido”, “é tudo intriga dos meus desafetos”, e tal. Isso aqui viraria programa da Globo, uma zorra total!



Além da orgia do Maranhão, Novais pagou sua governanta particular por SETE longos anos com verba pública, e sua mulher usufruiu de motorista particular, também pago pela “viúva”, além das negociatas de praxe no ministério. E na hora de sair o homem ainda esperneou, pode? Pergunto: como é que um fuleragem desse foi nomeado Ministro de Estado? Será que a Presidente não foi devidamente alertada pela agência de informação? Ou será que ela sabia de tudo e fez vista grossa por questões “políticas”? E nós, devemos ficar à mercê dessas conveniências (ou conivências) políticas?




Altino Farias
altino.frs@gmail.com

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Eu Não Sabia de Nada...






A presidência da república precisa contar com um serviço de informação eficiente e leal. O propósito de tal agência é manter o chefe do executivo devidamente informado sobre movimentações políticas, econômicas e sociais, auxiliando o Presidente na boa governança. No Brasil temos a ABIN – Agência Brasileira de Inteligência, que sucedeu o extinto SNI- Serviço Nacional de Informação, que teve sua existência durante o regime dos generais.




É legítimo e necessário que o Presidente mantenha o setor de informação e inteligência sob seu comando, sempre observando os limites impostos por lei.




Causa-me estranheza que simples repórteres, munidos apenas de bons contatos, câmera e microfone, consigam trazer à tona casos os mais escabrosos, onde figuram como protagonistas grandes personalidades da nossa República, e a ABIN, com todas as prerrogativas que uma agência como ela tem, não chegue a um centésimo do resultado obtido pela imprensa livre.




Nossos repórteres, por mais competentes, obstinados, perspicazes e atuantes que sejam, ficam bem longe das condições especiais que a ABIN desfruta para obter informações. Escuta telefônica e quebra de sigilos bancários autorizados pela justiça, dentre outras, são verdadeiras armas no ofício de investigar. E tudo dentro da lei.




Pois bem, nosso ex-presidente Lula, a cada novo escândalo – e não foram poucos – vinha a público declarar que de nada sabia. Agora a história se repete com sua pupila, Dilma, que se mostrou surpresa com a revelação feita pela imprensa de que José Dirceu, sob as sombras, comanda um verdadeiro governo paralelo a partir de um quarto de hotel. Oh!




Será verdade o que Lula e Dilma alegam? Será que nada sabiam de fatos tão relevantes como o mensalão e o balcão de negócios instalado na Casa Civil? Se eles não sabiam de fato, há três possibilidades: ou a ABIN pisou na bola e não tomou conhecimento desses casos, ou se omitiu, ou foi conivente com os infratores e corruptos. Qual das três a pior? Em se tratando de ABIN, todas, pois, de uma forma ou outra, houve falha grave.




Movimentos dessa magnitude deveriam, obrigatoriamente, ser detectados pela inteligência que assessora a presidência. Dirceu, depois de cassado, deveria ter sido monitorado diuturnamente, mesmo sendo um homem do partido que está no poder, pois aqui se fala em segurança nacional e não de futricas entre companheiros. O povo brasileiro quer que a legalidade prevaleça, não importando se Fulano ou Sicrano é ou não da “base aliada”.




Mas há ainda a possibilidade de nossos ilustres presidentes terem se omitido, ou mesmo faltado com a verdade, permitindo, com pleno conhecimento, que bacanais rolassem nos gabinetes oficiais de Brasília. Mais grave ainda que uma pisada de bola da Agência.




Não há vislumbre de que verdade desnude esses casos. Então continuamos assim, com uma agência de inteligência que leva dribles consecutivos da imprensa livre; presidentes que tomam conhecimento de fatos graves como um cidadão comum, ou seja, pelos jornais; e nós, brasileiros, a ver o mesmo filme mais uma vez, cujo título é “Eu não sabia de nada...”.




Altino Farias
altino.frs@gmail.com

domingo, 11 de setembro de 2011

Passei uns tempos sem falar em política nem atualidades. Nesse período preenchi o espaço deste blog apenas com crônicas despretensiosas de minha lavra, mas, como o mundo continua girando e os fatos se sucedem, senti aquele impulso de voltar a tecer comentários pessoais sobre nosso momento, e fazer valer o título do blog: Opinião em Perspectiva. Portanto, de ora em diante crônicas se alternarão com artigos de opinião, tornando o “Opinião” mais interativo e dinâmico. Acesse, leia, comente.





Sombras



Dilma foi eleita em pleito democrático, porém, conforme já havia comentado aqui mesmo, embora a votação em si tenha transcorrido em clima de normalidade, toda sua campanha eleitoral foi viciada e recheada de irregularidades. A maioria cometida pelo ex-presidente Lula, que usou e abusou da máquina federal para fazer de Dilma uma candidata viável. Ou seja, a campanha foi totalmente desigual, anti-democrática.

Eleita e empossada, ela iniciou seu mandato com ministros herdados diretamente do governo Lula, outros indicados por ele, mais alguns pela “base aliada”, e uns poucos por ela mesma. E começou a governar, dando sinais de ter vida própria.


Iniciou revendo o orçamento, orientado ações de ministros, lançando programas pomposos. Rechaçou a tentativa de controle da imprensa e reposicionou o Brasil no cenário mundial em termos de política internacional. Palmas!



Neste meio tempo, a imprensa, na sua incansável busca por casos e fatos, seguiu indícios de irregularidades no Ministério dos Transportes. Coisa antiga. O que veio à tona derrubou o ministro e mais outros tantos. Depois foi a vez da Agricultura. Jobim, da Defesa, saiu do governo falando mal dos colegas, mas pelo menos não se viu roubo em sua pasta. Também pudera. A caserna está com os soldos defasados e as Forças Armadas mais desarmadas que nunca. Roubar o que? A bengala de um cego?





Na seqüência tivemos o escândalo no Turismo. Parece brincadeira, mas tudo isso se deu em nada mais, nada menos que sete, oito meses de governo, que por sinal, ainda não conseguiu engatar a primeira marcha e dar uma boa arrancada.

Mais recentemente revelou-se através da imprensa (sempre ela), que o cassado José Dirceu comanda pessoalmente muitos dos colaboradores diretos de Dilma. Atentemos bem para a gravidade da situação. Pelo que se viu, Dirceu, que está com os direitos políticos cassados pelo que já aprontou, articula com ministros, presidentes de estatais, líderes parlamentares, todos homens investidos numa função pública, quer por voto direto, quer por nomeação do executivo. Homens que deveriam defender os interesses da sociedade estão conspirando contra o Brasil, procurando de todos as formas garantir vantagens para si próprios, encobertos pelas sombras sob as quais Dirceu se locomove tão bem.




Que acendam as luzes, os refletores. Que o Brasil todo se ilumine. Que consiga sair dessa imensa e eterna sombra, e se deixe brilhar como uma Nação justa social, política e criminalmente falando. Aos Corruptos, punição exemplar! E, uma vez vencidos, devemos cuidar para que jamais sejam nocivos ao País novamente.





Altino Farias
altino.frs@gmail.com