terça-feira, 23 de agosto de 2011

Eu Quero!


Eu quero beber num botequim...

Que tenha um balcão nem grande nem pequeno, mas simples e acolhedor, onde a gente possa beber junto e rir das coisas da vida por horas a fio.

Eu quero beber num botequim...

Que tenha tamboretes toscos para sentarmos, mas tão aconchegantes que a gente nem sinta o tempo passar.

Eu quero beber num botequim...

Onde o dono do bar beba conosco, participe de nossas brincadeiras e que, de vez em quando, se embriague também.

Eu quero beber num botequim...

Em que a falta de tira-gosto não faça falta, porque cada um traz um pouco de casa, dividindo com os outros sua alegria de estar ali.

Eu quero beber num botequim...

Onde eu tenha a certeza de que o próximo a chegar é um amigo, e o próximo também, e próximo e o próximo.

Eu quero beber num botequim...

Onde se discorde de política, futebol e religião o tempo todo; mas que, no fim das contas, política se transforme em amizade, futebol em cachaça e religião em solidariedade.

Raimundo dos Queijos, Chaguinha, Esquina, Bigode, Pedim...
Balcão, tamborete, cachaça e bebim...
Bebo também no Buraco do Reitor,
Em todos, amizade, verdadeiramente, quer dizer amor.



Altino Farias, em 06/07/2011
altino.frs@gmail.com

terça-feira, 9 de agosto de 2011

"A Vida Não se Resume em Festivais" - Um Manifesto Pela Amizade



Vaiado num festival de MPB dos anos 60, Geraldo Vandré cunhou uma frase que ficaria famosa: “A vida não se resume em festivais”.

Um festival requer preparação, disciplina, parcerias, perfeição; e culmina com uns se sobressaindo sobre outros, até que, no final, um único grande vencedor é ovacionado pelo público ou pela crítica. Ou pelos dois, num caso mais raro. Mas será mesmo que aquele é o melhor?

Na vida, detalhes bobos talvez façam a diferença, enquanto grandes acontecimentos podem não ter importância alguma. Saborear uma fruta suculenta, admirar o canto dos pássaros, uma cortesia de um desconhecido na rua, um objeto de estimação que traz lembranças boas, um dia em família, um jantar especial, um olhar sugestivo, um por do sol, um abraço... Pequenas coisas. Banais até. Mas que podem ser tão espetaculares quanto um grande festival.

Por que falar em festivais se o assunto é futebol? É que o futebol é um grande festival. Empolga multidões, leva a paixões, cega. Um campeonato nada mais é que um festival de times que se preparam com afinco para, na arena, provar quem é o melhor, o mais perfeito. Ou menos imperfeito. Enquanto a bola rola, torcedores se digladiam nas arquibancadas, colegas se insultam nas escolas, amigos discutem infrutiferamente nos bares. Torcidas brigam entre si, brincadeiras são tidas como agressão, amizades se abalam. A paixão pelo grande festival do futebol tem feito muitas vítimas mundo afora.

A certo momento nos damos conta que “A vida não se resume em festivais”. Será que essa percepção veio tarde demais para um mau feito? Acredito que não, que nunca é muito tarde, tudo tem seu tempo. Neste tempo os homens entenderão que enquanto os festivais acontecem, a vida segue linda, colorida, maravilhosa e cheia de amor, basta que tirem os olhos do palco para enxergarem que existe um mundo possível à sua volta... E muitos amigos.

Acreditem, “A vida não se resume em festivais”. A vida deve ser doce e simples, apesar das dificuldades que enfrentamos no dia a dia. Amargura? Rancor? Nem pensar! Festivais são bonitos de se ver, mas seus bastidores... Humm, nem tanto. Portanto, tiremos nossos olhos do palco vez em quando, lembrando sempre da frase de Vandré. Depois é só seguir caminhando e cantando...


Altino Farias
altino.frs@gmail.com