domingo, 24 de abril de 2016

Bem que ele poderia...



Bem que ele poderia ainda estar por aqui com suas brincadeiras, tiradas geniais e ideias fantásticas.

Será que ele enfim encontraria o tempo, já que sempre viveu anos e anos à frente dele, ou teria continuado caminhando de forma que estaria muito além dos dias de hoje?

No início dos anos 70 falava na importância do lazer, quando lazer era sinônimo de fazer nada; em criar um parque urbano que compreenderia uma área das dunas do Mucuripe até o Cocó, quando a especulação imobiliária falava (falava?) mais alto que um bom plano para a cidade. Assuntos impensáveis à época.

Com um pé no universo outro no “universo Brasil” (sim, o Brasil é um universo), celebrava com entusiasmo de um colegial Chaplin e Oscarito, Beethoven e Vila Lobos, Tolstoi e Lobato. 

Tinha a certeza da grandeza da família, da importância fundamental da educação e da ética como essência para uma vida social e profissional saudável.

Visonário, dentro de sua área profissional criou novos conceitos e participou ativa e pioneiramente da formação de entidades de interesse de sua classe quando eram, ele e os outros, apenas oito em todo o Ceará.

É... Bem que ele poderia ainda estar por aqui. Se não mais atuante como naqueles dias devido à ação de seu próprio tempo, pelo menos observando o mundo e passando seu pensamento adiante. Por certo serviria a alguém, quem quer que fosse esse alguém.

Poderia estar, mas se foi cedo, aos quarente sete. Como estava muito à frente, mesmo em tempo exíguo deixou legado denso, sólido, que o próprio tempo levará outros tantos para apagar.

José Armando Farias, arquiteto, 23-04-1927 / 16-07-1974


Pedro Altino Farias, em 23/04/2016



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