Opinião em Perspectiva
Neste espaço veiculo crônicas e textos diversos com idéias e opinões pessoais sobre os mais variados assuntos do cotidiano. É uma maneira simples, direta e eficiente de chegar ao internauta, e também de receber comentários sobre o que escrevo sob a perspectiva do leitor. Democraticamente. Espero sua participação em breve!!
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
sexta-feira, 20 de setembro de 2024
quinta-feira, 19 de setembro de 2024
quinta-feira, 27 de junho de 2024
Poesia do jeito dela
A poesia de Concita Farias surge natural, livre de formas e temas. É fruto de suas vivências pessoais e pensamentos de mundo. É atemporal porque fala da vida, da natureza e de valores humanos, tudo inserido num contexto que tem a criação Divina como pano de fundo.
O resultado é uma poesia sempre concisa e objetiva, mas ora leve e fluida em sua mensagem, ora densa e própria à reflexão, seja qual for o assunto central abordado. Educadora infantil, seu trabalho tem por fim uma lição, um ensinamento.
Ler Concita Farias não é como passear num jardim florido numa tarde de Sol. Não é ouvir falar romanticamente de alguém possível ou impossível, não é saber do choro de amarguras e medos, não é cantar conquistas. Ler Concita Farias é sempre positivo, mesmo que o texto provoque no leitor uma reflexão sobre a vida já vivida e a vida ainda por viver. É um despertador para a força e esplendor da natureza, uma chamada para a beleza interior do ser humano, um aceno para a esperança, um vislumbre de outros mundos.
Assim, ao ler Concita Farias, o leitor deve despir sua alma, respirar suave e profundamente, e deixar que essa poesia pura, ingênua e verdadeira permeie todo o seu espírito.
Pedro Altino Farias, 26/03/2024
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Momentos...
Momento 1: reunião anual da cúpula da Cachaça, em abril de 2024.
Momento 2: assembleia aniversária da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, em maio 2024.
Dois momentos diferentes no cenário e parecidos em sua essência. No primeiro, estou na Pousada Macaúva, situada na simpática e pacata Analândia, São Paulo, onde participei da reunião anual da Cúpula da Cachaça em abril desse ano. A Cúpula conta com 13 membros de vários estados, apreciadores e estudiosos da cachaça, prontos a contribuir para a divulgação e valorização da boa cachaça, bem como lutar por condições tributárias justas e acompanhar o desenvolvimento tecnológico na produção da Cachaça. Para que essas ações sejam efetivas, fazemos várias reuniões remotas ao longo do ano e uma presencial para acertarmos assuntos administrativos, financeiros, discutir sobre a Cachaça em Revista, publicação anual da Cúpula, e sobre o Ranking da Cúpula da Cachaça, que se realiza a cada dois anos, estando na sexta edição nesse ano.
Na segunda, estou participando da 16ª Assembleia Aniversária da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, que se realizou em maio do corrente ano. Com 40 cadeiras, sou membro efetivo fundador, ocupando a cadeira nº16. Aqui o zelo é pelas letras, pelas ideias, pelo que está acontecendo agora no Brasil e no mundo, pois essa academia é diferente das demais exatamente nesse aspecto, ela é dinâmica, vive do respirar das pessoas, dos fatos, das coisas, e não apensas de obras feitas e acabadas.
Pode-se perceber a semelhança entre os dois momentos nas fotos. A reunião da Cúpula ocorre em clima descontraído e com muito bom humor, como não poderia deixar de ser. Também recheada de bom humor, a assembleia da ACLJ é revestida de formalidades e protocolos, com convidados especiais recebendo homenagens etc. As diferenças param por aí, pois, no fim das contas, temos dois grupos formados espontaneamente por cidadãos com paixões em comum, num caso a cachaça, no outro, as letras. Saúde!
Altino Farias, em 20/06/2024
domingo, 9 de junho de 2024
Encontro em Nossa Senhora dos Lugares Esquecidos
Trafegava devagar por uma estrada poeirenta e um tanto esburacada, devagar o suficiente para que, a cada solavanco, suas lembranças chegassem a um lugar esquecido do passado, o que por si já era contraditório, pois lembranças não combinam com esquecimento. Será que seu destino seria fazer do esquecimento lembranças vivas? O coração batia em disparada.
Quanto mais se aproximava de Nossa Senhora dos Lugares Esquecidos, mais aumentava sua expectativa. Mas que lugares seriam esses? Por que teriam sido esquecidos?
Um encontro inusitado o esperava. Adentrou a cidade pela Avenida dos Sonhos Perdidos, com folhas secas caídas pelo asfalto estéril. Apenas uma leve brisa lhes dava algum ar de vida. Avenida reta e tão longa e monótona, que quase não se via seu fim.
Dobrou na rua Carinhos de Pai e Mãe e, automaticamente, sentiu-se feliz com um cheiro de bem me quer invadindo o ar. Fazia muito e muito tempo que não se sentia tão bem assim. A “Carinhos” faz esquina com a barulhenta e animada “Natais em Família”, fazendo prolongar aquela sensação de paz e felicidade no nosso turista ocasional.
Mas, assim como a vida, as cidades nos aprontam surpresas. No fim da “Natais” há a praça Projetos Engavetados. Com obras por terminar, a praça nada tem de agradável, “melhor passar adiante”, pensou o viajante, mas eis que logo em seguida caiu na Travessa das Palavras ao Vento. Nesse momento, considerou fazer a volta, pegar a “Sonhos Perdidos” novamente e sair da cidade o mais rápido que pudesse, mas a curiosidade, ou algumas lembranças escondidas, fizeram-no seguir adiante no seu programa de um dia qualquer.
Muitos dos habitantes da melancólica Lugares Esquecidos frequentaram, e ainda frequentam, o teatro Amores Impossíveis, um dos mais antigos prédios da cidade com seus jardins secretos e camarotes discretos. Ao longo do tempo, as sucessivas direções da casa privilegiaram o drama à comédia. Talvez isso não explique muitas cenas que ocorreram naquele palco. No momento, estava em cartaz a peça Parentes Distantes que, segundo moradores locais, não estava obtendo bom público. Quando há afinidade, a distância não importa. Não havendo, a distância traz o esquecimento.
Enfim, nosso turista chegou ao centro histórico de Lugares Esquecidos, cuja avenida principal é a Pinturas Desbotadas. Aos sábados há uma feirinha na Rua Cartas Amareladas, na qual as pessoas levam objetos que não lhes servem mais, ou por serem antigos, ou, simplesmente, por terem sido esquecidos. O curioso dessa feira é que esses objetos não são postos à venda, seus donos apenas procuram quem os queiram sob a promessa de não os esquecerem num canto qualquer também.
Na radiadora da cidade tocava a música Retrato em Branco & Preto quando ele parou num pequeno bar para merendar. Foram-lhe oferecidos coalhada, queijo fresco, ovos de galinha caipira, café moído na hora, cuscuz com leite de coco feitos do milho e do coco naturais, sucos de frutas da estação. Coisas que ele já havia até esquecido no ruge-ruge da cidade grande das comidas prontas.
Barriga cheia, chegara o momento do grande encontro, razão de sua viagem a Nossa Senhora dos Lugares Esquecidos. O dono do bar deu-lhe uma dica preciosa para que chegasse mais rápido ao seu destino, o Largo da Felicidade de Outrora, indicando que fosse pelo Primeiro e Único Amor, um beco estreito, uma via exclusiva, de mão única, sem volta. Poucos têm a sorte de saber de sua existência. Sim, existem as paralelas, mas paralelas são... Apenas paralelas.
No Largo da Felicidade de Outrora, no lugar e hora não marcados, encontrou-se consigo mesmo, uma pessoa quase irreconhecível, que fora esquecida pelo tempo e trato com as coisas práticas e rudes da vida corrida da metrópole. Achou-se um camarada legal, divertido e cheio de boas ideias. Sentiu uma enorme nostalgia tomar conta do seu peito. Findo o encontro, já saindo da cidade, fez uma oração a Nossa Senhora dos Lugares Esquecidos que terminava mais ou menos assim: “... Por isso, Nossa Senhora, um dia quero ser como esse cara!”.
Pedro Altino Farias, em 08/06/2024
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