domingo, 14 de janeiro de 2024

Eu, Prisioneiro



Nesse momento me encontro no estômago da Mobydick. Aqui é escuro, frio, quieto, estranho. Lutei, resisti muito para não chegar até aqui. Criei situações, inventei estórias, fiz amizades, planejei mil estratégias diferentes de tudo que já se viu. De nada adiantou. Fui engolido pela famosa e temida Mobydick.

Daqui posso ouvir o barulho das ondas e correntes marinhas e ver um pouco do mundo exterior através dos olhos dela, mas nada posso fazer, estou preso, imóvel, impotente. Temo não pela minha vida, mas pelos sentimentos dos que estão lá fora e gostam de mim, afinal, isso não são modos de se sair dessa existência. Aliás, a pior hipótese para mim é continuar existindo assim, nas entranhas dessa baleia.

Mas tenho um plano para sair dessa situação. Não, não posso contar a vocês porque ela pode me ouvir, e então minha ideia iria por terra, ou melhor, por mar. Mas o plano é bom! Sei que nada que planejei funcionou até agora, mas quem sabe dou sorte e me livro dessa insólita prisão.

Agora tenho que ir. Vou trabalhar no meu plano. Vai dar certo! Qualquer dia chego numa praia distante. Sei que não irão acreditar na minha fantástica história, então vou inventar outra, bem simples. Um quase afogamento, ou o naufrágio de um pequeno barco, ou que me perdi no mar praticando kitesurf, para mim não importa, o que importa é ver o Sol e a Lua, sentir a brisa no rosto e ver o sorriso no rosto das pessoas amadas. E nunca mais ser prisioneiro novamente onde quer que seja.

Altino Farias, em 14/01/24  



 

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