(FOTO ANDRÉ BEZERRA)
Mais uma vez te esperei, mais uma vez tu não vieste conforme o combinado. Passei vinte e oito dias rodando o mundo te esperando e o que tenho além da tua ausência? Nada! Nem um carinho. Nem uma satisfação sequer. És cruel comigo. Já não conto os meses a te esperar.
Se pensas que sou de todos, universal, engana-te. Sou de poucos, sou especial. Sou de quem sonha, de quem delira, de quem ama. Vivo da luz dos outros, dos enigmas das madrugadas, do encanto dos enamorados, dos sonhos alheios, da poesia. Tens tudo isso e muito mais na tua alma, por isso me és importante.
Sei que também esperas por mim, e que queres me ver surgir no horizonte linda e maravilhosa, toda nua para ti, ou então envolta em nuvens e mistérios. Vives aí, nessa vida mundana, correndo para lá e para cá para sobreviver, sem poder sequer bem respirar, e mesmo assim encontras tempo para pensar em mim e me contemplar. Saiba que te vejo muito bem daqui e que dependo dessa tua paixão para brilhar. Preciso muito de ti, me importo contigo e sinto tua falta.
Bem, nosso encontro já se foi. Volto pontualmente em vinte e oito dias. Estejas pronto para mim, mas, se mais uma vez não puderes comparecer, mais uma vez entenderei, e te banharei com os raios de luz mais puros que tiver para te dar força e acalmar teu coração. Vou te esperar porque sei que me admira e me adora e, quando passar essa tua agonia, haveremos de nos encontrar e serei toda tua outra vez.
Ass. Lua Cheia, em 25/03/2024