segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Ainda são os Mesmos



12 de dezembro de 1981, eram colegas de trabalho e a paquera já vinha rolando quando houve o convite dele para irem juntos a uma reuniãozinha, como se falava à época, da sua turma da faculdade na casa de um colega. Ela topou!

Chegando lá, cenário legal: mesas e cadeiras em volta da piscina, uma salinha de som com ar condicionado, meia luz, almofadas pelo chão, um pequeno sofá e música boa. Perto da meia noite, o primeiro beijo ao som de Barry White. 

Daí a dois anos, casamento. Ele com vinte e dois, ela, vinte e um. Pouco mais de um ano e a primogênita veio ao mundo. Um ano e meio depois, o caçula. E a vida seguiu. 

Tanto ele quanto ela perderam o pai aos treze. Barra pesada. A educação e exemplo que até então tiveram seus pais estavam consolidados para sempre. Suas respectivas mães completaram a educação ao mesmo tempo em que tinham nesses filhos um valioso apoio. E Assim foi.

Primeiros tempos de casados, paixão e descobertas. Com a chegada dos filhos, ternura e preocupações com educação e saúde. Ao longo do tempo a correria do dia a dia da sobrevivência cuidou do necessário embrutecimento de seus corações. Agora, ambos com mais de cinquenta, muitas histórias, cicatrizes, derrotas e conquistas, chegou o tempo da delicadeza. Às vezes o mundo conspira contra, mas quem é o mundo diante de tanta força? 

Durante todo esse tempo viajaram por muitos lugares, todos maravilhosos, pois a maravilha não está em uma paisagem de cinema escolhida a dedo, e sim naquelas nas quais conseguimos emoldurar a felicidade, tanto que, às vezes, viajaram para muito longe sem que se deslocassem um centímetro sequer. E apreciaram essas paisagens, conheceram pessoas, beberam água e comeram pão. E caminharam. Muito! 

Todas as intempéries da vida não conseguiram modificá-los na essência de ser, fazendo-os, ao contrário, mais firmes e fortes em sua união, convicções morais e fé. Trinta e cinco anos depois eles ainda são os mesmos, e vivem como os seus pais. E com muita paixão!


Pedro Altino Farias, em 12/12/2016


ATENÇÃO: 
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

No Mundo da Lua


Ah, o mundo da Lua... 

Lá não há o que temer. Como não existe oceano, também não tem lulas; e tucanos, nem pensar! Como os selenitas são um povo bem mais desenvolvido que nós, terráqueos, nada de polícia por lá. Nem federal, nem estadual e nem tampouco municipal. Ninguém privado de sua liberdade, imaginem!

Impostos? Hahahahaha! Já passaram por esta há milênios...!

Ocorre que esta semana houve verdadeira invasão de seus domínios. Pelo menos de privacidade. Anunciada com a maior Lua de não sei quantos anos, a humanidade se pôs a observá-la daqui pra lá. E o que viram? Ah, ficou por conta da poesia e imaginário de cada um. Ou da vontade de postar uma boa foto no Facebook. 

Se um fiapo de luz, ou amarela, redonda e bela, a magia é a mesma, o que muda é o observador, a Lua de cada um. Se você não vive no mundo da Lua, de nada adianta observá-la.

Se sintonizado com a Lua, seus habitantes captam sua energia e a devolvem mais forte, mais presente, mais vibrante, acredite. 

Assim, em dias de nuvens, procure-a, dê-lhe um “boa noite” logo que consiga entrevê-la. Admire a nova, esse é o momento em que ela mais precisa de você. Crescente, acredite em sua promessa de ser grande. Cheia, momento de reflexão. Minguante, agradeça-lhe por todo o sentimento que fez brotar em você. E assim deveriam ser todos os dias.

Ah, infeliz de quem não vive no mundo da Lua...

Pedro Altino Farias, em 14/11/2106

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Não Precisa Ser Super


Nova, um fiapo de vida;
Crescente, uma promessa;
Cheia, tão óbvia quanto bela;
Minguante, missão cumprida.

Ao despontar, um sorriso;
Encoberta, um mistério;
Ao se por, uma lágrima.
Lua: sempre deslumbrante, sempre poema.

Pedro Altino Farias, em 14/11/16


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domingo, 23 de outubro de 2016

Bar do Seu Aírton - somente bares sem alma morrem



É um enorme prazer para a Embaixada da Cachaça receber os amigos, antigos frequentadores do Bar do Seu Aírton, que adotaram a casa como "nova sede" do bar. 

Tire o conforto de um bar e ele se mantém vivo.
Tire a boa comida de um bar e ele continua vivo.
Tire a cerveja gelada de um bar permanece vivo.
Cerrem-lhe as portas de um bar e, ainda ssim, ele continua vivo.

Somente bares sem alma morrem. O Bar do Seu Aírton fechou, mas continua vivo, e vcs são a prova disso.

Eu e o Pelos Bares da Vida compartilhamos essa alegria e amizade.


Pedro Altino Farias, em 23/10/2016

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terça-feira, 9 de agosto de 2016

A Caça aos (seus) Pokémons

 


E aí, caçaram muitos Pokémons esta semana? Conseguiram subir de nível?

Fazendo um paralelo da vida real com a virtual, poderíamos dizer que os Pokémons são nossos fantasmas, sonhos, medos e esperanças. Ao derrotar um medo, o fantasma de um fracasso, fortalecemo-nos. Ao conquistar um sonho, também.

À alienação que a caça ao Pokémon gera, podemos associar nossa própria desorientação diante dos desafios e dificuldades dessa vida, tão difícil de ser vivida às vezes.

Muitas vezes os Pokémons estão em lugares de difícil acesso ou mesmo perigosos. Subir de nível está ligado diretamente a uma melhoria, um aperfeiçoamento. Ao caçar seus Pokémons, você os enfrenta e com isso, melhora, aprende, evolui, fortalece-se espiritualmente. 

Há pessoas que não veem Pokémons à sua volta. Acham que são demais e que nenhum Pokémon lhes espreita à esquina até que se deparam com um deles sem estarem devidamente preparados e ficam sem ação, sem saber o que fazer. Assim fica mais difícil subir de nível, ou o nível...

Vou eu aqui com meus Pokémons, uns fraquinhos, outros mais fornidos, mas saber que eles existem e que podemos lidar com eles de boa me conforta e estimula a seguir em frente na linha da vida, e quem não tem Pokémons no seu caminho que atire a primeira pedra! 

Vixe!! Agora eu viajei, ó...!


Pedro Altino Farias, em 08/08/2016


domingo, 24 de julho de 2016

O Estranho que Emitia Ruídos


Parecia inofensivo ao balcão do bar. Tomava alguma coisa de forma pausada, metódica e ritmada. Roupas escuras e ar circunspecto completavam sua aparência observada por outro bebedor balconista, que ansiava por um bom papo, por isso prestara atenção naquele estranho.

Antes que se aproximasse dele, porém, o estranho sacou um pequeno aparelho do bolso do casaco. Não se tratava de um celular, nem rádio ou gravador, mas, com a boca próxima a ele, parecia comunicar-se com alguém. Curioso, nosso bebedor aproximou-se discretamente do estranho, constatando que ele pronunciava ruídos ao invés de palavras, fosse de que idioma fosse. Ruídos ininteligíveis!

Intrigou-se com aquilo. Tomou mais um trago. Agora o estranho calara-se. Outra dose, a conta e foi embora, tentado esquecer o que presenciara. Tarde demais!

Sentiu-se perseguido a partir de então. Vigiado. Recebeu mensagens de áudio pelo celular. Ruídos, apenas. Semelhantes aos que ouvira sair da boca do estranho. Intrigado, levou o aparelho a um amigo especialista em sons. Ondas sonoras analisadas cuidadosamente por computador, somente ruídos sem forma ou sentido.

Abordado na rua por outro estranho, foi conduzido a um pequeno apartamento no centro da cidade. Inexplicavelmente ele deixou-se ser levado sem questionamentos. Dissidências existem em todo lugar, em todas as situações, então, na condição do mais absoluto sigilo, o estranho, deixando a linguagem de ruídos de lado, contou-lhe segredos dos seus pares, que culminariam com o domínio do planeta Terra e sua total transformação, com a qual não mais seria possível a sobrevivência humana. Quem eram estes seres? Ah, isto não lhe foi revelado.

A ideia consistia, inicialmente, na destruição de todas as fontes de geração de energia através de dispositivos desconhecidos dos humanos, mas que foram explicados ao nosso inocente bebedor de balcão, bem como o plano completo do dissidente para evitar que tal catástrofe dizimasse a raça humana da Terra. Sentiu o peso de toda a humanidade em seus ombros. Teria de agir sozinho e em segredo para obter êxito, era a condição. “Por que eu? Só queria tomar mais duas ou três doses e um bom papo... tá certo, tá certo... umas seis ou oito, que fossem, mas só isso...”. Agora ele tinha a obrigação de salvar o planeta. E sozinho!

Os dias que se seguiram foram de apreensão. Cada tarefa ditada pelo estranho dissidente, um prazo a cumprir. “Será que realmente ele é ‘do bem’, conforme disse? Ou está me usando como ferramenta para fuder tudo?”, questionava-se. Sem alternativas, uma passada no bar para duas ou três doses todo dia tornou-se absolutamente necessária tamanha a tensão que passara a viver. 

O dia “D” chegara. Tarefas esdrúxulas a cumprir, prazos exíguos. Esforço redobrado, um esforço por toda a humanidade. Trabalhos encerrados conforme o exigido pelo estranho que emitia ruídos, tudo continuou exatamente como d’antes. Dera certo, enfim! Chegou em casa exausto. Um gole de bebida forte e jogou-se na cama. Dormiu o sono dos justos. Ele acabara de salvar o mundo, mas ninguém sabia, e jamais saberia! Nem mesmo o pessoal do bar...


Pedro Altino Farias, em 24/07/2016
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Orelhas Brancas


Tinha de viajar a lugar distante e desconhecido por conta do trabalho. E assim o fez. Antes, porém, os preparativos de praxe: antecipação do pagamento de contas, reorganização da agenda, recomendações domésticas.

Chegando ao destino, estranhou tudo. A estética contrariava a lógica, com construções angulosamente obtusas, recortadas, aparentemente antifuncionais. Veículos também seguiam a mesma tendência, com formas inusitadas, feias, desarmônicas. O desenho das ruas e tráfego de pessoas e automóveis, um caos.

Ao chegar ao hotel recebeu a recomendação de que deveria adquirir certo produto para ser adicionado à água do banho. Acondicionado num balde de dezoito litros, era uma espécie de geléia, que ele questionou ser mesmo necessário.

- Para que serve isso? Não é muito? Vou ficar pouco tempo..., perguntou à pessoa que o recepcionara.

- Suas orelhas já estão brancas, já reparou?, respondeu o habitante do lugar. 

- Orelhas brancas? Mas o que é isso? O que acontece aqui?, inqueriu constatando que suas orelhas, de fato, estavam embranquecidas.

- É por causa do cigarro, respondeu seu interlocutor.

- Cigarro? Mas eu nem fumo...

- E nem precisa, toda a fumaça de cigarro do mundo vem para cá e aqui se acumula, não sabia? Por isso usamos essa geleia para limpeza do corpo, senão...

- Meu Deus, aonde eu vim parar!

Horrorizado, tomou o primeiro banho esfregando freneticamente a pele com a geleia do balde. Estava confuso, quase desesperado. Tudo à sua volta parecia estar em completa desarmonia estética, estrutural, funcional e mais o que fosse.

O negócio que fora resolver não dera certo e a volta deveria ser abreviada. Alívio! Mas não havia voos para sair dali antes de cinco dias. Desespero! E as orelhas embranquecendo, embranquecendo...

Confuso, tentou, em vão, contato com os seus para avisar o que ocorria. Não obteve êxito. Conexões telefônicas e internéticas em pane. Aos poucos começou a sentir o corpo indolente, depois, inerte... E nunca mais se soube dele. 


Pedro Altino Farias, em 24/07/2016

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terça-feira, 12 de julho de 2016

Xi... Nim!

Não faz tanto tempo assim, nossas ruas e avenidas eram arborizadas com flamboyants, acácias, ipês, algarobas, paus brasil, benjamins, jambos, castanholas e outras mais.

 


Cada uma com sua característica, estas árvores acolhem pássaros e insetos, proporcionam boa sombra, embelezam. De uns tempos para cá, porém, só se vê mudas de nim nas ruas. Um praga!


Oriundo da Índia, de copa leve e fechada, cresce rapidamente e dá uma boa e gostosa sombra, tão bem vinda por estas bandas. Mas o nim se encera por aí, nem frutos, nem flores, nem beleza. Com a massificação da arborização da cidade com nins, a paisagem vai se repetindo monotonamente. Por isso, quando vejo uma nova muda numa calçada exclamo comigo mesmo em silêncio: “Xi... Nim...!”.


Pedro Altino Farias, em 02/07/2016

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domingo, 24 de abril de 2016

Bem que ele poderia...



Bem que ele poderia ainda estar por aqui com suas brincadeiras, tiradas geniais e ideias fantásticas.

Será que ele enfim encontraria o tempo, já que sempre viveu anos e anos à frente dele, ou teria continuado caminhando de forma que estaria muito além dos dias de hoje?

No início dos anos 70 falava na importância do lazer, quando lazer era sinônimo de fazer nada; em criar um parque urbano que compreenderia uma área das dunas do Mucuripe até o Cocó, quando a especulação imobiliária falava (falava?) mais alto que um bom plano para a cidade. Dizia que quando se aposentasse compraria um carro de luxo para ser motorista de táxi para turistas, quando Fortaleza era apenas um ponto embaçado no mapa. "A vocação do Ceará é o turismo", vaticinava ele. Assuntos impensáveis à época.

Com um pé no universo, outro no “universo Brasil” (sim, o Brasil é um universo), celebrava com entusiasmo de um colegial Chaplin e Oscarito, Beethoven e Vila Lobos, Tolstói e Lobato. 

Tinha a certeza da grandeza da família, da importância fundamental da educação e da ética como essência para uma vida social e profissional saudável.

Visionário, dentro de sua área profissional criou novos conceitos e participou ativa e pioneiramente da formação de entidades de interesse de sua classe quando eram, ele e os outros, apenas oito em todo o Ceará.

É... Bem que ele poderia ainda estar por aqui. Se não mais atuante como naqueles dias devido à ação de seu próprio tempo, pelo menos observando o mundo e passando seu pensamento adiante. Por certo serviria a alguém, quem quer que fosse esse alguém.

Poderia estar, mas se foi cedo, aos quarente sete. Como estava muito à frente, mesmo em tempo exíguo deixou legado denso, sólido, que o próprio tempo levará outros tantos para apagar.

José Armando Farias, arquiteto, 23-04-1927 / 16-07-1974


Pedro Altino Farias, em 23/04/2016



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segunda-feira, 21 de março de 2016

A Sorte




Zombou da ciência

Viveu a morte

Sorriu da sapiência

Correu da sorte



Roeu a paciência

Moeu a sorte

Caiu na sonolência

Morreu sem norte


Pedro Altino Farias, em 21/03/2016

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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Ela (She)


Simples, sincera, elegante
Contida e valente, tudo na hora certa
Gestos pausados, pouco falante
Tranquila, para novas ideias aberta


Mãe dedicada, esposa companheira
Nossa Senhora, sua protetora
Mulher disposta e trabalhadeira
Aconselha certo, parece professora


Para a sogra, é filha
Para a filha, é amiga
Para náufragos, uma ilha
Forte, não tem diga


O filho, mais um presente;
Genro e nora no coração;
Irmã participativa e consciente;
Todos seus dias, uma forte oração.


Ao meu lado faça Sol ou faça frio;
Que mais querer da vida senão sua companhia?
Com ela eu choro, eu rio;
Sem ela comigo não sei como seria.



Pedro Altino Farias, em 16/02/2016

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Meus Pre Carnavais


A ideia inicial era fazer uma exposição de camisas de pre carnavais dos quais participei desde 2001. A operação se mostrou complicada e trabalhosa, então, resolvi usar essas camisas por ordem cronológica (por esse motivo apareço em todas as fotos) e fazer postagens no Facebook com fotos acompanhadas de breve histórico. Agora, reproduzirei aqui um resumo dessas publicações como um registro desses quinze anos de folia.


2001


Começamos com o ano de 2001. Naquela época surgiu o Fortal, micareta embalada por axés baianos, bem na moda naqueles tempos. A confraria da qual faço parte, a Turma da Esquina (AEPC), que se reunia na esquina das ruas Paula Ney com Vicente Leite, na Aldeota (Fortaleza) decidiu fazer um carnaval fora de época no mesmo fim de semana do Fortal com músicas tradicionais do carnaval em contraponto ao axé baiano. Estávamos na era FHC e um grande apagão atingiu todo o país. Este foi o mote para nossa camisa com a frase “Não apague a alegria, preserve o carnaval tradicional!”. Na camisa, uma ilustração lembrando a bandeira nacional com a silhueta de uma mulher ao centro. Um detalhe na imagem fazia as vezes de filamento de uma lâmpada. 



2002


Seguindo a cronologia das camisas de pre carnaval de minha coleção, em 2002 a Rede Globo exibia com grande sucesso a novela "O Clone". A AEPC, dentro do espírito do carnaval tradicional colocou em sua camisa a inscrição: "Não clone a folia, preserve o carnaval tradicional!". Na estampa, uma molécula de DNA estilizada na forma da silhueta de uma foliã. A micareta Esquina foi um sucesso. Muito animado com amigos e seus familiares. E muita birita também... 



2003 


Seguia o ano de 2003. Em fins de julho, conforme calendário já consolidado, ocorria o Fortal, ainda com jeito de grande novidade. Com suas músicas baianas tocadas de cima de trios elétricos, faziam os tradicionalistas torcerem o nariz. AEPC (Esquina), mantendo o mesmo esquema dos anos anteriores lançou sua micareta-protesto com o lema: "Diga não às drogas, preserve o carnaval tradicional!". Na estampa da camisa, um trio elétrico, fazendo menção ao carnaval baiano, uma seringa representando as "drogas". No primeiro plano, uma placa de trânsito cortada na diagonal indicava a negativa. 



2004 


A partir deste ano abandonou-se a ideia da micareta, adotando o pre carnaval e como data para a folia, o último sábado antes do carnaval. O ano se iniciava e um incidente com um norte americano, que recusou-se a carimbar sua digital ao entrar no Brasil, provocou grande polêmica diplomática. Depois, como tudo por aqui, virou piada. A AEPC (Esquina) pegou o gancho e adotou o tema "Coloque sua impressão digital, identifique-se com o carnaval tradicional!". E assim foi o pre da AEPC no já longínquo ano de 2004. 


2005


O ano era 2005, início do governo Lula. A vedete da época era o "Programa Fome Zero", e a AEPC (turma da Esquina) não perdeu o mote lançando o tema "Vamos comer, gente!", completado com a mensagem "Preserve o carnaval tradicional". Na estampa, frutas com detalhes sugestivos. Naquele ano os organizadores (generais) ostentaram camisas pretas (as demais eram brancas). 


No neste ano, Altino e Gorette foram passar o carnaval em Ibiara, na Paraíba, na fazendo de tios dela, a Cosma, que reuniu primos e amigos e parentes em geral e formaram o CosmaFolia, animado bloco que curtiu os quatro dias de Momo. 



2007 


Damos um salto a 2007. Dom Eugenio Marcelo Coutinho era o então presidente da prestigiada AEPC, que saiu com o tema "Cabeça quente, caspa vira mandiopã", ou seja, não esquente e caia na folia. Um sapo ilustra a figura, pois a logo da AEPC é um batráquio com o lema "Chega de engolir sapo!". Não, não tentem entender. Não é para entender mesmo... 



2008 


Casos de febre amarela surgiram aqui e acolá, causando pânico geral. Na camisa da AEPC, a frase: “Sapo verde não pega febre amarela!". O sapo, logo da entidade, sempre presente. 


2009 




Em 2009 Obama era a vedete nos EUA e a AEPC, sob a inspiração de dom Eugenio Marcelo Coutinho, aproveitou o gancho e apresentou um sapo negro com a inscrição: "Change: we need birita!". No verso, a relação de todos os presidentes da entidade até então. Ah, bons tempos aqueles... 


Também em 2009 aconteceu um pre no Cantinho do Frango, do amigo Caio Napoleão. A camisa trazia a frase "Caio na Gandaia" e a figura de um frango tomando todas.




Nas costas, a reprodução de um painel com caricaturas de frequentadores do lugar. Alan Morais, que participou de perto do evento, registrou um comentário no Facebook:

Turma boa, o Pelos Bares da Vida esta fazendo postagens de diversas fotos de camisas e nas legendas trazendo rápidos escritos que relatam a história contemporânea do carnaval de Fortaleza. Gostaria de destacar o CAIO NA GANDAIA por toda a relevância histórica das criações de Alex Holanda, Falcão, Chico Pio dentre outras figuras inoxidaveis da boêmia noite fortalezense. A camisa no verso traz um painel com artistas cearenses que por muitos anos permaneceu exposto no bar do homenageado Caio, do Cantinho do Frango. O áudio do Hino, uma marchinha composta por Alex Holanda em 2009 (o qual tive acesso hoje mas não sei postar aqui) é algo digno de constar em documentários de musica cearense nas pesquisas de Nirton, Pedro,Wagner...


2010


Em 2010 entrou em cena o bloco "Num ispaia sinão ienche", no bar da Dona Mocinha, capitaneado pelo incansável Dilson Pinheiro, e foi para lá que passamos a ir. Na bela camisa de 2010, uma máscara fazendo sinal de "PSSS!" como quem diz: num ispáia sinão ienche!

Também em 2010 ocorreu o 1° Bigode Folia, evento organizado com muito esmero pela Confraria Bigodeana, que tem entre seus membros os amigos Leonel, Ricardo Machado, Ricardo Meira, Eliézer Rodrigues, Coronel, Ananias, Bial, Fernando e mais outros tantos. O Bigode, uma figura ímpar nascido em Quixeramobim, tinha até há pouco um pequeno bar de mesmo nome no largo da praça principal da Cidade 2000, sendo o único bar de Fortaleza onde O FREGUÊS NUNCA TEM RAZÃO, conforme anunciava um letreiro na pequena fachada. Era lá que a confraria se reunia para altos papos e foi lá que nossa turma bebeu às quintas por muitos anos. Na camisa a frase "Minha fíiia...!", bem típica do Bigode.




2011



Última camisa de pre carnaval da AEPC, a do ano de 2011 trazia o já conhecido sapo e os dizeres "quanto mais chove, mais o sapo bebe", provavelmente em virtude das chuvas que caíam à época. Na parte de trás, a logo da AEPC com o sapo coroado e o lema da entidade: CHEGA DE ENGOLIR SAPO! A confecção desta camisa também foi resultado da participação ativa do amigo Roberto Paiva, assim como a de 2008. 


Nesta ano houve, também, o 2° Bigode Folia, mais um pre da Confraria Bigodeana que aconteceu no entorno da praça principal da Cidade 2000 (por trás da delegacia). 



A exemplo do ano anterior, excelente banda, muitos amigos e animação. A camisa trazia a frase "40 anos de alegria" em menção aos 40 anos da 2000, empreendimento imobiliário lançado em 1971.


2012


Estamos agora no carnaval de 2012. Altino & Gorette formaram boa turma para ir ao Carnaval da Saudade. O amigo Paulo Regis Assumpção integrou o casal aos Dragons, bloco carnavalesco de amigos que remonta ao início dos anos 70 do qual Paulo é um dos coordenadores. Na camisa, o simpático dragão, mascote do bloco. 



2013 


Mais saudade no carnaval de 2013. O dragão do bloco Dragons é do bem e está apaixonado pela princesinha de quem é seu fiel protetor, conforme podem ver na estampa da camisa criada para o evento por Paulo Regis Assumpção & Cia.



2014




Começamos nossa caminhada pelos pre carnavais da vida em 2001 e chegamos agora a 2014. O simpático dragãozinho do bloco Dragons entrou no clima de Copa do Mundo, deixou a princesinha de lado, pegou umas cervas e foi a um estádio lotado de verde e amarelo. Ingênuo, nem imaginava, como tantos de nós, que um trágico 7 x 0 estaria por vir... Mas essa é outra história, e esse foi mais um carnaval que ficou na saudade...



2015 




Agora em 2015, o carismático dragãozinho do bloco Dragons voou com a princesinha feliz da vida até o espaço sideral para admirar o brilho das estrelas.


2016



Enfim, chegamos ao pre carnaval de 2016 depois de longa caminhada. Mais uma vez os Dragons participaram do Carnaval da Saudade com grande animação, fazendo seu mascote, o simpático dragãozinho que vocês já conhecem, acelerar o coração ao som de músicas tradicionais do carnaval. A filha da Chiquita Bacana adorou a festa...!

A última camisa de pre carnaval dessa nossa "exposição" é do bloco Nun Ispáia Sinão Ienche, do amigo Dílson Pinheiro, um dos destaques do pre de Fortaleza junto com Luxo da Aldeia e Sanatório Geral.




2017

Como estaremos em 2017? Como estará o nosso Brasil? O jeito é esperar até lá, vivendo um dia de cada vez, fazendo o melhor de si para um mundo mais justo e um carnaval mais feliz e menos violento.



Pedro Altino Farias, em 08/02/2016

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Rolezinhos Pelos Bares da Vida

Era uma tarde de sábado, maio de 2009, quando uma ruidosa turma rodou por alguns bares da cidade num trenzinho, desses que levam crianças, levando a bordo uma banda de forró, que tocava entusiasmada sem parar, muita birita e animação sem fim. As camisas traziam o motivo da festa: “1/2 Maratona Etílica da Turma do Billy”.
TURMA DO BILLY: OS PRECUSSORES
Marcos Melo “Billy” foi o organizador do evento, que reuniu amigos dele nessa fantástica brincadeira. A repercussão foi grande, todo o povo dos bares deu conta do acontecimento. Um sucesso, tanto que nossa turma ficou querendo fazer algo similar e pediram-me, como editor do jornal virtual Pelos Bares da Vida e promotor dos nossos eventos, para organizar tudo. Eu, porém, não achei legal copiar uma idéia, repeti-la, simplesmente, e o tempo passou.

Em agosto de 2012 começou o julgamento do chamado “Mensalão” e novamente a idéia do “trenzinho do Billy” surgiu no formato de um protesto cidadão contra a corrupção, desfilando pelos bares que frequentamos ao som de marchinhas, frevos e sambas tradicionais de carnaval. Foram quase quatro horas de desfile pela cidade, com muita birita a bordo, animação e indignação com a corrupção instalada no país. A composição saiu do local que frequentávamos, na esquina da Rua Paula Ney com Vicente Leite, voltando ao mesmo ponto de partida ao final, depois de rodar por vários bairros de Fortaleza.

TURMA PRONTA PARA PARTIR





O tempo passou, mas a turma do PBV não esqueceu o trenzinho e seu irreverente desfile por nossas rua e avenidas. Em fins de 2013, jovens organizaram encontros pelas redes sociais, principalmente em shoppings da capital paulista e Grande São Paulo. Esses eventos ficaram conhecidos como “rolezinhos” e ganharam repercussão nacional. Então, na época do pre carnaval de 2014 me veio a ideia de comemorar a temporada pre momina com um novo desfile pela nossa capital no tal trenzinho e daí surgiu o “Rolezinho Pelos Bares da Vida”, um desfile por Fortaleza, saindo daquela mesma esquina, passando por mais de trinta bares tradicionais da cidade em quatro horas de roteiro com cinquenta foliões a bordo. Um sucesso!


 





 




No final de 2014 a turma já começou a perguntar: “E aí? Vai ter Rolezinho esse ano?”. Uma melhorada no roteiro, orçamento à mão e marquei a data do “Rolezinho Pelos Bares da Vida 2015”. Naquele ano, porém, reduzi a quantidade de participantes para quarenta visando mais conforto para todos. Para compensar, dois dias de desfile como forma de atender à grande demandade e percurso por mais de trinta e cinco bares tradicionais e dez bairros da cidade. A concentração, saída e retorno passou a ser na Embaixada da Cachaça, loja/bar que tenho com o sócio e amigo Attila Vasconcelos. O resultado? Sucesso!

Nesse ano havíamos lançado o nome de Laurinho Bezerra a Rei Momo, porém, ele teve que desistir de concorrer por motivos profissionais. Apoiamos, então, o nome de Fernando, o "Fininho". Ele participou do concurso, ficando em terceiro lugar. Com problemas de saúde em decorrência do diabetes, Fernando faleceu pouco tempo depois (na primeira foto).

  

 

 

  

 

 

 

Terminando 2015 a história se repetiu: “tu vais fazer o Rolezinho esse ano? Guarda meu lugar, viu?”, era o que ouvia de forma recorrente. Com o carnaval no começo de fevereiro, marquei os desfiles para os dois primeiros sábados de janeiro. O que estava marcado para o dia 9, que seria o primeiro grito de carnaval, teve de ser adiado para o dia 23 em virtude da forte chuva que caía naquela manhã. Daí em diante a torcida foi por Sol aos sábados. O roteiro sofreu mais algumas pequenas alterações para atingir um maior número de bares tradicionais em seu percurso, mais de quarente e cinco em cinco horas. No fim, tudo certo e mais um sucesso!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


O grande barato desse desfile, que de certa forma lembra os antigos corsos, é a interação com os donos dos bares, com o povo que passa pela rua e com os amigos que estão nos bares por onde passamos. Aproveitamos para saudar com carinho e alegria os donos dos bares, principalmente os mais idosos dos bares mais antigos. Eles merecem esse reconhecimento. O centro da cidade é um capítulo a parte. Ali a recepção é mais intensa, a energia flui franca e honestamente.

              

Aqui acolá, uma dificuldade para o trenzinho passar em algum trecho e uma pequena alteração no roteiro se fez necessária, fazendo-nos perder tempo, uma preocupação constante minha por conta do valor contratado com a empresa do veículo. Essa preocupação é maior nas paradas que fazemos durante o trajeto. A cada parada recomendo e aviso: “Apenas 10 minutos, senão não conseguiremos cumprir nosso objetivo!”. Apesar de serem quarenta participantes em estado de absoluto relaxamento e brincadeira, não tive problemas.


 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

Sem patrocínio e sem intenções de ter um resultado financeiro, faço os “Rolezinhos” com gosto e satisfação. Eles já fazem parte do calendário de eventos anuais do Pelos Bares da Vida, que conta também com o “Sábado do Pirata”, o Halloween e o aniversário do jornal dentre outros.

Finalizando, meu agradecimento pessoal aos participantes de todos os desfiles que já realizamos e, mais uma vez ao amigo Marcos Melo Billy, o inspirador dos Rolezinhos do PBV.


Pedro Altino Farias, em 01/02/2016