quinta-feira, 27 de junho de 2013

O Ceará em Quinze Dias: 5º Trecho - Tauá a Juazeiro do Norte

Enfim, saímos de Tauá por volta das 9:00 horas tendo Juazeiro do Norte como destino. A estrada é boa, porém, deserta e mal sinalizada. Cada etapa cumprida foi uma conquista até que nos acostumamos com a tal luz vermelha acendendo e apagando no painel do Kadett.

Arneiroz e Aiuaba se interpuseram no caminho a Assaré, onde chegamos no horário previsto para um rápido city tour e visita ao memorial do mestre Patativa do Assaré.

IGREJA MATRIZ

GORETTE EM FRENTE AO MEMORIAL DO PATATIVA

No Memorial fomos recebidos por uma bem treinada equipe de jovens do local. Percorremos com prazer e deslumbre as várias galerias com fotos, vídeos, objetos pessoais, documentos. Uma viagem ao mundo de um homem tão simples quanto sábio, tão regional quanto universal, tão agricultor quanto poeta.

GORETTE E UMA DAS JOVENS RESPONSÁVEIS PELO MEMORIAL
PAINEL DO PATAIVA


Compramos alguns souvenires e livros e, satisfeitos, pegamos a estrada novamente com um calor intenso a nos seguir na expectativa de conhecer a oficina do Mestre Espedito Seleiro (assim mesmo, com “s”), o “maior fazedor de selas do mundo”, que tem oficina de couro em Nova Olinda.

LIVROS E SOUVENIRES
Tivemos o prazer de alguns minutos de prosa com o próprio Seu Espedito em sua oficina, que estava atrás de um balcão de trabalho entre moldes, peças, esquadros e retalhos de couro. Falamos sobre nosso roteiro de viagem e ele, sabendo que havíamos passado por Arneiroz,  comentou ser natural desse município, mas que isso foi por acaso, e lá se foi contando rapidamente sua trajetória.

EU COM SEU ESPEDITO SELEIRO
PAINEL COM FOTOS
Sua oficina é bem requisita, com turistas desembarcando em Juazeiro indo direto para Nova Olinda. “Eles olham tudo pela internet, descem em Juazeiro, entram numa van e vêm direto para cá”. É a globalização.

GORETTE NA JANELA DA OFICINA

FACHADA DA OFICINA

Em frente á oficina há uma lojinha para venda de produtos acabados. Tudo muito bonito, bem acabado e em coloridos alegres. Mais uma faceta do nosso incrível Ceará.

LOJINHA DE PRODUTOS DE COURO DO SEU ESPEDITO
PRODUTOS BEM ACABADOS E NUM COLORIDO ALEGRE

A região é berço da maior concentração mundial de fósseis do período Cretácio e conta também com abundantes reservas de Pedra Cariri. Por esse motivo incluímos Santana do Cariri, treze quilômetros ao sul de nova Olinda, em nosso roteiro. Porém, antes de seguir demos uma rápida passada pela cidade, observando outros pontos turisticamente interessantes, como a Casa Grande (Casa de Cultura) e a Igreja Matriz.

CASA GRANDE

MATRIZ

O trajeto a Santana é uma delícia. O acesso é por uma estradinha asfaltada ao redor da qual observamos sítios geológicos onde grandes jazidas de pedra cariri afloram sem cerimônia. Ao chegar á cidade fomos ao Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri.

SÍTIO GEOLÓGICO

MUSEU DE PALEONTOLOGIA

O museu exibe uma maquete da área dos geosítios e fósseis encontrados na região, de pequenos insetos, passando por peixes (muitos) até grandes dinossauros. A visita pode ser conduzida por um guia especializado, que fornece informações interessantes e interage com o turista.

MAQUETE DA ÁREA DOS GEOSÍTIOS

PEQUENOS FÓSSEIS DE PEIXES

GRANDES FÓSSEIS DE PEIXES

REPRODUÇÃO DE DINOSSAURO QUE HABITOU A REGIÃO
A cidade, de localização privilegiada, de frente para a Chapada, mantém casario antigo e aquele jeito de coisa do passado. Na cidade também temos o Casarão Cultural Felinto da Cruz Neves, a Igreja matriz de Senhora Sant'Ana, centenária e em estilo neo clássico, e o Pontal da Santa Cruz, a 750m de altitude acima do nível do mar com mirante e o restaurante na Chapadão do Araripe.
VISTA DA CHAPADA

CASARIO ANTIGO PRESERVADO

IGREJA MATRIZ
Saindo de Santana do Cariri seguimos a Juazeiro do Norte, onde queríamos chegar ainda cedo, por isso, e o tempo corrido, fizemos opção de não almoçar, apenas lanchamos alguns petiscos que levávamos no carro.



A estrada de Nova Olinda a Juazeiro não estava boa. Buraco não havia, mas uma imensidão de remendos fazia o Kadett chacoalhar desconfortavelmente. Além disso, sinalização não existia. Vale salientar que o trecho se encontrava em aceleradas obras de restauração total, portanto, acredito que atualmente já deve estar às mil maravilhas.



Chegamos a Juazeiro do Norte ao final da tarde. Estávamos com fome, cansados e morrendo de sede (uma cerveja gelada era como uma miragem para mim). Ficamos num hotel situado no bairro Lagoa Seca, na saída sul da cidade, recomendado pelo amigo Antônio Júnior. Bem localizado, no entorno do hotel há muitos bares e restaurantes de primeira qualidade, mas essa parte depois eu conto. 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Ceará em Quinze Dias - 4º Trecho: Ipu a Tauá

Saímos na manhã do dia 08/03 de Ipu rumo à região dos Inhamuns. Passamos por dentro da cidade de Ipueiras e ao largo de Nova Russas e Crateús, que conhecemos de outros carnavais.                        

EU, O KADETT COM O CRISTO REDENTOR AO FUNDO
 
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE IPUEIRAS

O plano era almoçar um carneiro cozido em Tauá, na Pousada do Elias, e seguir para  Assaré, onde pernoitaríamos, mas o planos mudaram.

A paisagem agora era um verde meio morto, sem substância. Riachos secos, açudes idem, barreiros com o solo esturricado. Vez por outra, uma carcaça de animal na beira da estrada. Um verde sem água.

Depois de passar por novo Oriente a luz do Kadett voltou a incomodar. Agora, quando piscava, fazia o toca CD parar por um tempo e o carro perdia, momentaneamente, um pouco de potência. Desliguei o toca CD por precaução e fiquei de alerta.

O calor estava de matar e, sem música, prescindimos da companhia de Zé Ramalho, Raul Seixas, Milton Nascimento e o resto da turma.

Alguns quilômetros antes de Quiterianópolis a situação do carro piorou, com a luz alerta da temperatura acendendo a e apagando frequentemente. Tentei identificar qual situação fazia com que a luz acendesse: alta velocidade, baixa, retomadas, banguelas... Não consegui estabelecer nenhum parâmetro, então, pisei fundo!

Paramos num posto na entrada de Quiterianópolis, antecipando um abastecimento. A essa altura chegar a Tauá era só o que queríamos. Enquanto esperávamos o carro esfriar um pouco pedi ao frentista do posto o número de telefone de um reboque em Tauá para o caso de uma emergência. Logo na saída do posto, coincidência, deparamo-nos com o dito reboque. Conversei com o motorista e seguimos mais tranquilos até Tauá. Nesse trecho, porém, a maldita luz não acendeu uma vez sequer.

Chegamos a Tauá por volta das 12:30 horas e fui logo procurar uma oficina. Fui numa e noutra, todas sem o equipamento computadorizado ler a central do carro e identificar o problema. Fui noutra que o técnico havia ido almoçar, e fui em mais outra cujo dono disse que teria que sair, mas me atenderia quando retornasse por volta das 15:00 horas.

Fomos fazer um lanche. Muito ruim, por sinal. O tal dono da oficina chegou às 16:00 e praticamente me ignorou. Então, retornei à outra, a do cara que foi almoçar. Lá fui bem atendido, porém ele estava ocupado noutro veículo e combinamos de examinar o carro no dia seguinte, cedo.

Aproveitamos o final da tarde para um tour pela cidade.



Pernoitamos na pousado Bougainville, do Seu Elias. Ele é um sujeito bom e decidido nas coisas que faz. Com ele não tem core-coré. A pousada é boa e bem localizada. À noite ele serve uma canja para todos. Quem estiver na pousada, se quiser, come. Conversamos um pouco e lamentei estar com problemas no carro e não poder curtir melhor a estada na cidade.

POUSADA DO SEU ELIAS

No dia seguinte fui à oficina às 7:30, horário combinado. Olha daqui, examina dali, e o técnico trocou o sensor de temperatura. Saímos em seguida e, ao percorrer cerca de dez quilômetros de estrada  o problema da luz se manifestou novamente. Retornamos em busca de solução. 

EQUIPE DA LESTE AUTO PEÇAS: BOM ATENDIMENTO

Novamente fomos bem atendidos. O técnico andou conosco a bordo do Kadett por cerca de 40 quilômetros com o scaner plugado na central eletrônica do carro, lendo, instantaneamente, temperatura, consumo, rotações do motor, etc. Como não houve ocorrência do problema, as leituras do scaner foram todas normais. Retornamos a Tauá, deixamos o técnico na oficina com nossos agradecimentos e seguimos viagem.

Mais dez quilômetros rodados e mais uma vez a maldita e misteriosa luz acendeu. Tomamos a decisão de seguir em frente, eliminando o pernoite em Assaré e tendo Juazeiro do Norte como destino.

Pedro Altino Farias 

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Ceará em Quinze Dias - 3º Trecho: Viçosa a Ipu (6 e 7/3)

NÉVOA NA DESPEDIDA DE VIÇOSA

Saímos de Viçosa por volta das 8:00 da manhã com uma névoa gostosa e um longo roteiro a cumprir. A primeira cidade a visitar foi Tianguá, na qual demos um rápido giro, observando seu ativo comércio. Lá tivemos a confirmação de que não valeria a pena ir à Cachoeira do Boi Morto. Devido a estiagem, estava tudo seco por lá.

MOVIMENTO COMERCIAL NO CENTRO DE TIANGUÁ

Seguimos caminho para Ubajara, onde visitaríamos a famosa gruta. Tudo ia bem quando logo depois de sair de Tianguá a luz alerta da temperatura do Kadett piscou duas ou três vezes. O ponteiro indicativo da temperatura, no entanto, marcava o mínimo. Mesmo tendo certeza de o carro estava frio, parei para averiguar. Tudo em ordem. Então, em estado de alerta, seguimos para Ubajara sem mais problemas


IGREJA MATRIZ

Cidade linda, gostosa e ainda um tanto calma, Ubajara nos agradou bastante. Após uma rodada rápida, seguimos para a estação do teleférico. A estação é bem conservada e cuidada, assim como todo o parque. Os preços são justos: adultos, R$ 8,00; crianças, idosos e estudantes, R$ 4,00. O pessoal que opera o teleférico também é bastante atencioso e gentil. Eles foram nos passando várias informações sobre os bondinhos, que são dois, enquanto aguardávamos e embarque e durante o percurso.


SALA DE CONTROLE DA ESTAÇÃO DO TELEFÉRICO

EU NA ESTAÇÃO DO TELEFÉRICO DO PARQUE

O Parque Nacional de Ubajara foi criado com uma área de 563 hectares, em 30 de abril de 1929, e teve sua área ampliada para 6.288 hectares. A visita ao Parque é inteiramente gratuita, ou seja, ainda não existe um sistema de cobrança d eingresso, paga-se taxas pelos serviços prestados.

CABOS DO BONDINHO E ENTRADA DA GRUTA AO LONGE

Chegando na estação da gruta, fomos atendidos por um guia especializado. Inicialmente ele nos mostrou a estrutura da base da antiga estação, desativada em meados dos anos 80. Esta estação ficava situada entre duas pontas de serra altas e íngremes, e, justamente por esta localização, ela foi atingida nessa época por alguns blocos de pedra que rolaram do alto. Assim, engenheiros resolveram construir uma estação nova, mais ao alto, de modo que não houvesse mais risco de ser atingida acidentalmente de novo.

NO BONDINHO

Durante a visita o guia foi nos fornecendo detalhes sobre a gruta: descobertas, histórias antigas, sua formação geológica, salões, fauna, etc. Sobre os salões, denominação de espaços   mais amplos, temos o da Imagem, o da Rosa, o dos Retratos e o das Cortinas, por exemplo. A gruta é repleta de morcegos. Muitos morcegos. A certo momento o guia apaga as luzes para contemplarmos o silêncio e a escuridão, então nos damos conta de que onde estamos e como são as condições naturais daquele lugar.

SALÃO DOS RETRATOS

O CASAL DE TURISTAS MARAVILHADO COM AS BELAS FORMAS DO INTERIOR DA GRUTA

GORETTE E O "SAPO"

EU NO SALÃO DA ROSA

Ao sairmos do parque seguimos caminho a Ibiapina e São Benedito, esta cidade de grande movimento comercial.  

MERCADO DE SÃO BENEDITO

Na saída de São Benedito existe o Santuário de nossa Senhora de Fátima, uma grande construção que compreende capelas, auditórios, e grandes salões para eventos. Uma grande obra.

SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

Almoçamos em Inhuçu, distrito de São Benedito, distante sete quilômetros da sede do município, no Clube Pousada Inhuçu. Excelente almoço, aliás, além da tranquilidade e aconchego do lugar.

CPI: BOA COMIDA, ÓTIMO ATENDIMENTO, CONFORTO E TRANQUILIDADE

Na sequencia passamos por Guaraciaba do Norte e iniciamos a descida da serra rumo a Ipu, onde chegamos por volta das 16 horas com o Kadett falhando e luz alerta da temperatura ascendendo aleatoriamente. Lá embaixo fazia um calor enorme, contrastando com o conformo do clima da serra. Antes de procurarmos uma pousada fomos até a famosa Bica do Ipu, que fica praticamente dentro da cidade. O acesso é asfaltado e bastante íngreme, e na base da bica há um restaurante bar.

SOMENTE UM FIAPO D'ÁGUA
Da bica escorria um simplório filete de água que se dispersava na queda de cento e trinta metros de altura. Mesmo assim ainda se consegue tomar um banho de bica, pois a água que se dispersa à meia altura precipita-se sobre pedras que compõe uma bacia, formando uma pequena bica próxima ao solo. Depois do rápido banho como que para nos benzermos com aquelas águas, procuramos um local para o pernoite.

DEVIDO Á ESTIAGEM, PEQUENA BICA PARA BANHO

RESTAURANTE BAR AOS PÉS DA BICA

No jantar fomos comer um churrasco e tomar umas cervejas, claro. Demos um giro na cidade e ficamos encantados com sua igreja matriz e a antiga estação ferroviária, transformada em biblioteca pública. 
HOMENAGEM A IRACEMA

CASA DE CULTURA

IGREJA MATRIZ

ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA, HOJE BIBLIOTECA PÚBLICA

Ficaríamos dois dias em Ipu, imaginando passar boa parte do dia seguinte na bica, porém, com a bica fraquinha como estava, não valia a pena e, ainda à noite, resolvemos dar um giro na cidade na manhã seguinte e partir rumo aos Inhamuns. Semana que vem eu conto.


Pedro Altino Farias, em 05/06/2013