domingo, 28 de novembro de 2010

Brisa Que Te Quero Brisa



Ah, brisa; suave brisa! Passaste tão rápido que nem pude te sentir plenamente. Mas estavas tão gostosa, insinuante e sedutora, que vou ficar aqui parado, esperando que passes novamente, mesmo sabendo que quando vieres mais uma vez não serás a mesma, pois terás arrebanhado os odores das flores e dos suores que tiveres encontrado pelo teu caminho, e capturado os ruídos da madrugada e os sonhos mais puros com os quais te deparaste... E os mais profanos também.

Ah, brisa; inquieta brisa! Nem ouso te pedir que fiques um pouco, pois o movimento está na tua própria delicada essência de ser, então, vou estar preparado para que quando passares pela segunda vez, eu possa sorver-te e sentir-te por todo meu corpo, e, logo depois, ficar novamente esperando tua volta. Sei que quando voltares pela terceira vez estarás irreconhecível, embora as sensações de frescor, leveza, saudade, e tantas outras que trazes, sejam as mesmas.

Ah, brisa; querida brisa! Peço-te que quando por aqui passares de novo, traga os bons fluidos e energias que carreastes pelo teu caminho, e que leves meus melhores pensamentos para os quantos que encontrares daqui por diante. Só não te peço que me leves junto a ti, porque aqui tenho os que amo, e ir contigo, soprando suavemente mundo afora, seria uma grande aventura, mas a saudade que se abateria sobre mim seria maior ainda, e eu acabaria por sucumbir a meio caminho, estragando tua louca viagem.

Ah, brisa; inconstante brisa! Vamos continuar a nos sentir assim, casual e espiritualmente. Vamos continuar na cumplicidade dessa troca de sentimentos: tu me trazes os alheios e leva os meus bons para outros, estejam onde estiverem esses outros... E em que tempo. Mas agora tenho que ir. Meu mundo não é como o teu. Embora tenhamos que continuar indo e vindo para nos mantermos vivos, tu o fazes naturalmente, e eu, sofridamente, pois assim é a vida.


Altino Farias
altino.frs@gmail.com

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Carros Antigos: Cor, Alegria, Classe, Personalidade

Ser amante de carros antigos dá um grande prazer. Sensorial, inclusive, pois suas cores, formas e emoções que provocam, são um show à parte. Para mim, ser proprietário de um antigo, mesmo que não seja de um modelo considerado dos mais clássicos, é antes de tudo uma satisfação pessoal. Conseguir adquirir (e manter) aquele modelo que era o sonho de adolescente ou lembrança da infância, é uma grande conquista, além de sinal inequívoco de muita coragem ou pura insanidade. Mas o importante é ser feliz, e se um antigo for pré-requisito para essa plenitude de felicidade, que assim seja.

Como falei, considero curtir um antigo uma satisfação pessoal, e não me importo se há carros melhores e mais preservados que o meu, porque quando a gente ama realmente o antigomobilismo, e se une a uma certa "raridade", cria-se uma sentimento mútuo que ignora mesquinharias. Os encontros que reúnem os amantes de antigos são uma boa oportunidade para bater papo, trocar informações, tomar umas doses, ouvir histórias, saber de oportunidades, combinar outros eventos. Exibicionismo? Nem pensar, pois nessas ocasiões só deve reinar o alto astral e a cooperação entre os participantes.

Os encontros também exercem outra função, que é tornar visíveis ao público essas preciosidades, pois, sabe-se bem, muitos são antigomobilistas de coração, porém, por falta de coragem, ou excesso de sanidade, não são proprietários (ainda) de um carrinho com mais de vinte, pelo menos. Então, satisfação pessoal, intercâmbio de informações e exibição ao público simpatizante, são os motivos de acontecerem regularmente, em várias cidades do país, eventos que concentram veículos de marcas, modelos e anos variados, sempre sob a liderança de obstinados organizadores.

Diferentemente dos veículos atuais, quando todos seguem uma certa “tendência”, e acabam por se tornarem muito parecidos, os antigos possuem personalidade própria, tendo cada um seu charme particular. Se hoje veículos de uma mesma montadora têm a mesma linha de estilo, antes cada um nascia de uma concepção única. Outro aspecto em voga atualmente é a bicromia morna do preto e prata que impera no mercado, fazendo dos carros, mesmo os mais vistosos, figuras neutras, com suas formas sendo difusas sob o efeito de cores que hoje não são mais cores, e sim, apenas um padrão.

E quando chega o dia de um desses encontros, normalmente num sábado à tardinha ou domingo pela manhã, os antigomobilistas e seus carros maravilhosos vão surgindo aos poucos. Devagarzinho, mas sempre com certa ansiedade e alarde, e... A paisagem, até há pouco tempo preta e prata, vai ganhando cores e alegria com carros de cores exuberantes como azul-caixão-de-anjo, amarelo-laranja, verde-cana, amarelo-ovo, verde-abacate, vermelho-sangue, azul-piscina ou marrom-telha, quebrando a monotonia e fazendo sempre acontecer uma grande festa. E em volta desses “senhores idosos” se formam grupos onde há jovens e coroas a conversar, a sorrir e a comemorar essa gostosa paixão impregnada de cor, alegria, classe e personalidade.

Altino Farias
altino.frs@gmail.com