quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Internet

Um Fantástico Mundo Livre e Sem Fronteiras



Dia 28 de julho passado formatei este blog, o Opinião em Perspectiva, com a intenção de aqui postar crônicas, pensamentos e textos de opinião de minha lavra. Nada terceirizado, e tudo sem a menor pretensão, sem nenhuma estratégia de divulgação, sem nem saber bem como esse “mundo blog” funciona. E até hoje não sei ao certo, sinceramente.

Passados três meses da primeira postagem, conto com cerca de 1200 acessos, que vieram de lugares que jamais imaginei. Uma boa parte deles teve origem em Fortaleza, como era de se esperar, por conta de meu ciclo de amizades na cidade. Além de Fortaleza houve acessos significativos em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. A lista segue com Curitiba, Florianópolis, Londrina (PR), Joinville (SC), Caçador (SC), Chapecó (SC), Ponta Porã (MS), Niterói, Macaé (RJ), Iúna (ES), Mauá (SP), Novo Horizonte (SP), Salvador, Belo Horizonte, Natal, Maranguape (CE), Aquiraz (CE), Parnaíba (PI), Belém, Rio Branco, Santa Cruz do Capibaribe (PE), Crato (CE), Recife e Porto Alegre, além de outras de origem estrangeira ou não identificadas pelo sistema.

Trinta e três textos foram postados neste período, cobrindo assuntos variados. Procuro manter certa regularidade nas publicações como forma de prestigiar os internautas dessas vinte e oito cidades citadas que acessam o blog em busca de novidades, além dos de outras cidades no estrangeiro ou não identificadas precisamente. Ainda me causa surpresa acessar o blog e ver que há alguém em Rio Branco ou em Ponta Porã, por exemplo, conectado e lendo, calmamente, os textos que elaboro a partir da minha observação pessoal de fatos do cotidiano e de sentimentos vividos. E receber emails ou comentários sobre os assuntos abordados é recompensador, mesmo que sejam de opiniões opostas e discordantes, pois o que importa é a interação civilizada entre as pessoas e o bem querer comum.

Assim é a internet, democrática, sem censuras nem fronteiras, e que faz com que a informação viaje de norte a sul, leste a oeste, com a rapidez do acesso a um simples link, que se propaga de um para dez amigos, de dez para cem, de cem para mil... Esse movimento é definitivo, que ninguém o subjugue, que ninguém pretenda detê-lo, porque ele é LIVRE.

Agradeço, por fim, aos internautas e leitores que acessaram o Opinião em Perspectiva nesse período inicial, e espero contar com vocês por ainda muito tempo, pois a vida não pára, o mundo não pára, e se nós pararmos será nosso fim.


Altino Farias
altino.frs@gamil.com

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Copo de Cada Um




Certo dia estávamos, eu e mais uns bons amigos, em divertido papo num barzinho que frequentamos costumeiramente. De relance, notei que numa mesa próxima havia um sujeito sozinho, com o olhar longe e, talvez, o pensamento mais distante ainda. Ele, debruçado exageradamente por sobre a mesa, segurava um copo baixo e largo com as duas mãos, formando com a mesa e a cadeira uma só figura. Olhei para o copo dele, quase cheio, e intuí, pela cor e gelo, que continha uma dose de uísque. Se dos baratos ou mais caros, não saberia dizer.

Voltei a atenção para as conversas de nossa mesa novamente. Futebol, política, economia, assuntos variados. Passou o tempo. Muitas doses e muitas garrafas foram esvaziadas pela turma. E por mim também. Quando percebi, notei que o homem da dose e do copo baixo e largo da outra mesa ainda estava lá. Do mesmo jeito, na mesma posição, com o mesmo olhar longe e pensamento distante. Olhei novamente o copo com um olhar mais atento e sensível e perguntei-me o que haveria de fato dentro dele.

Pensando nesse sentido, logo percebi que em nossos copos, dos integrantes da mesa, havia bem mais que a habitual cerveja, uísque ou cachaça; havia também prazer, amizade, alegria, companheirismo, sonhos, lembranças passadas, planos futuros. E no copo do sujeito da mesa ao lado, o que haveria?

Lancei meu olhar mais uma vez para ele, que se curvara ainda mais olhando pra o fundo do copo, agora cheio de uma dose já aguada, abandonada por seus pensamentos longínquos. E, de novo, perguntei-me querendo adivinhar o que haveria naquele copo: mágoas profundas, cicatrizes doloridas, feridas ainda abertas, preocupações... Meu Deus, pensei, quantas coisas cabem dentro de um copo já cheio!

Chegou a hora de irmos embora e o sujeito, sempre só, continuava lá, quase imóvel, encurvado por sobre a mesa, segurando seu copo baixo e largo com as duas mãos, olhando para o fundo e pensando em algo que lhe doía muito, por certo. Antes de sair passei ao seu lado, parei e, instintivamente, o cumprimentei apalpando seu ombro, como quem diz: “Eu sei de suas dores e sinto muito”. Ele correspondeu silenciosamente, pressionando sua mão sobre a minha fazendo-me entender que dizia simplesmente: “Obrigado, obrigado por saber sobre meu copo”.

Pedro Altino Farias, 19 de outubro de 2010