terça-feira, 2 de julho de 2013

O Ceará em Quinze Dias: 6º Trecho - Passeios no Cariri

PADRE CÍCERO ONIPRESENTE EM JUAZEIRO DO NORTE
Chegamos a Juazeiro do Norte no sábado, 10/03, por volta das 16:30 horas, depois de um dia de muitas novidades, cansados e com fome. Cerveja gelada foi a primeira pedida na recepção do hotel, depois foi que nos instalamos para um bom banho e organização das malas, pois ficaríamos por lá mais quatro dias.

À Noite fomos ao Horto, onde fica a estátua de Padre Cícero. Não foi uma boa escolha. Fomos pelo acesso de calçamento de pedras toscas, a Ladeira do Horto, com muitas curvas e trechos íngremes, numa área densamente ocupada por residências simples e pequenos comércios.

VISTA NOTURNA DA ESTÁTUA DE PADRE CÍCERO
Lá em cima, pouca gente, nenhum atrativo ,excetuando a estátua de Padre Cícero. Descemos e fomos comer uma boa picanha numa excelente churrascaria próxima ao hotel. Depois, dormir.

Domingo saímos por volta das 8:00 horas rumo a Caririaçu, município ao norte de Juazeiro, situado em cima da serra. A calma do domingo fazia o lugar respirar nostalgia. Foi lá que morou um tio avô meu, Anísio Farias, e sua irmã, Julita. Recordei uma vez que estive lá quando garoto nem sei em que ano.

IGREJA MATRIZ 

INTERIOR DA MATRIZ

SOMBRINHA GOSTOSA, COCEIRA NO PÉ TAMBÉM

Na descida, na entrada de Juazeiro, uma placa chamou nossa atenção: "Galinha Caipira Cabidela". Hora do almoço, paramos. o lugar é simples; a cerveja, gelada; a galinha, excelente!! Recomendamos.

O KADETT EM FRENTE À CHURRASCARIA DO GUGU (VEJAM A LATADA COBERTA DE PLANTAS)

ANTES: CABIDELA, PIRÃO, FAROFA E ARROZ/

DEPOIS: PRATOS LIMPOS

Voltamos ao hotel para um soninho à tarde. À noite, decepção! Saímos cheios de planos para tomarmos umas e jantar, mas demos com restaurantes e bares fechados. Próximo ao hotel, apenas a churrascaria que já havíamos ido e um restaurante de massas. Optamos pelo segundo... Para nosso azar. Ambiente ótimo, preços desproporcionais, atendimento precário. Aprendemos aonde não ir.

Na segunda pela manhã o programa foi conhecer Juazeiro do Norte. De início, fomos novamente ao Horto, onde reverenciamos o Padre Cícero ao pé de sua estátua e visitamos o museu a ele dedicado. Além da capela dentro do memorial há uma igreja em construção   ao lado. Ela pode ser vista bem de longe, lá de baixo, e, curiosos, fomos até lá dar uma olhada, mas não há muito o que ver.

CENTRO DE APOIO AO ROMEIRO NO INÍCIO DA SUBIDA AO HORTO

VISTA DO MEMORIAL DE PADRE CÍCERO, NO HORTO

CENA DE JANTAR COM PADRE CÍCERO E PERSONALIDADES

PADRE CÍCERO COM A BEATA DO MILAGRE

EX-VOTOS

GORETTE NA ESTÁTUA

VISTA DE JUAZEIRO DO NORTE DO HORTO

IGREJA NOVA EM CONSTRUÇÃO

Depois, descemos em direção ao Centro. Caminhamos por suas ruas, ouvimos sua gente nas calçadas, observamos o movimento. Fomos ao Mercado Municipal, à Galeria Mestre Nosa, e rodamos a pé por todo lado.

GORETTE NO MERCADO

SEU JOÃO: 82 ANOS AINDA NA ATIVA (OLHEM O RÁDIO)

SURRÃO COM PIÕES DE MADEIRA COLORIDOS NUMA VENDA

SINOS NUMA LOJA DE FERRAGENS

O Mercado foi uma decepção. Pouca coisa em couro, quase nada em madeira, muita bijuteria, bugigangas importadas e bordados vindos de Fortaleza. Nada mais.

Na galeria Mestre Nosa muitas esculturas de madeira e trabalhos em couro. Artesãos trabalham ao ar livre, interagindo com os visitantes. Depois de olharmos tudo atentamente, adquirimos de Mestre Gilberto uma imagem de Santa para presentear meu irmão Armando.

MESTRE GILBERTO TRABALHANDO NA GALERIA MESTRE NOSA

GALERIA MESTRE NOSA: ARTESÃOS TRABALHANDO NO BARRACÃO

GORETTE ENTRE MIL PEÇAS DE ARTESANATO

Depois de um rápido almoço no shopping, passei numa oficina para verificar a suspensão do Kadett, que passou a apresentar um ruído após a subida ao Horto, pela estrada de pedra, sendo necessário apenas um reaperto numa peça substituída antes da viagem.

Para encerrar a tarde, percorremos algumas igrejas, o chamado “Circuito da Fé”: a Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (onde Padre Cícero está sepultado), a Salesiana, a Basílica de Nossa Senhora das Dores. Demos uma parada também no Cruzeiro, outro marco da cidade.

CAPELA DE NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO

TÚMULO DE PADRE CÍCERO

INTERIOR DA IGREJA SALESIANO

O CRUZEIRO

INTERIOR DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS DORES

À noite jantamos, regados por muita, muita cerveja gelada, uma boa carne noutro restaurante próximo ao hotel. Papo bom, um balanço do dia, e uma prévia do que faríamos no dia seguinte: Barbalha e Caldas com saída bem cedo.

Como o nosso hotel se localizava na saída sul da cidade, exatamente no roteiro de Barbalha, logo estávamos na estrada na manhã seguinte. Uma estradinha gostosamente aconchegante, com muito sítios, pássaros e gado pastando sossegadamente.

A CAMINHO DE BARBALHA... 

A CAMINHO DE BARBALHA...

Barbalha é uma cidade tranquila, onde as barulhentas motocicletas e o trânsito sem lei ainda não dominaram totalmente as ruas. Casario antigo, praças bem cuidadas, poder público presente na vida cultural, foi o que podemos observar nessa rápida passagem pelo local.
SIMPLICIDADE

ANTIGO PREDIO COMERCIAL TRANSFORMADO EM APOIO AO ESTUDANTE
ESSE FOI TRANSFORMADO EM BIBLIOTECA PUBLICA

ANTIGA ESTAÇÃO DE TREM

ANTIGA CADEIA PÚBLICA - PRÉDIO EM RESTAURO

UMA PAUSA PARA DESCANSO NA PRAÇA

GORETTE EM FRENTE A UMA DAS IGREJAS DA CIDADE E...

UM INESPERADO ÓRGÃO DE FOLE


O dia seria longo. Nosso objetivo final era Caldas, distrito de Barbalha, na Chapada do Araripe, que é uma estância hidromineral, contando com vários hotéis de serra e pousadas em suas proximidades, e um balneário, que pertence à prefeitura, no local onde existem duas fontes de água mineral.


Nota: Segundo o Departamento Nacional de Produção mineral - DNPM, as águas destas fontes, Bom Jesus e João Coelho, se classificam da seguinte maneira: "Águas minerais naturais e hipo-termais, enquadradas em tipos de águas medicinais." As fontes se encontram a aproximadamente 760m de altitude e possuem uma vazão de, aproximadamente, 45m³/h. a temperatura da água está em torno de 26ºC e sua dureza em 0,028 g/l. O Balneário do Caldas é reconhecido pela lei estadual  nº 3894 de 1957 como única estância  termo-mineral do Ceará. 


Para mim, estar ali foi uma viagem no tempo, pois quando menino pequeno, nos anos 60,  nossa família fez uma viagem de Rural de Fortaleza até Crato. Nessa oportunidade fizemos um passeio a Caldas, e pude rememorar aquela viagem que foi um verdadeiro rali. Para que se  tenha uma ideia, pernoitamos em Caldas, numa estalagem: papai, mamãe, quatro filhos e mais dois garotos amigos nossos. Pela manhã, mamãe colocou sobre a mesa mantimentos que levava na viagem: biscoitos, bolachas, e sei lá mais o que. Colocou, também, um pedaço de queijo coalho. Foi então que a dona do estabelecimento pediu à mamãe em tom de súplica um pedaço do nosso queijo para que pudesse atender a um pedido do outro único hóspede da casa.

PRÉDIO UM FUNCIONAVA A ESTALAGEM ONDE NOSSA FAMÍLIA HOSPEDOU-SE NOS ANOS 60 

VISTA DA RUA A PARTIR DA ESTALEGEM

Pois bem, conversei por lá com os mais antigos, localizei onde era esse tal hotel, resgatei o nome de sua proprietária, viajei demoradamente no tempo. Depois fomos ao balneário.

Paga-se pequena taxa para entrar. O balneário compreende uma grande área, com quadras esportivas, bicas, piscinas de água corrente, água parada, quiosques, vestiários e áreas para pic-nics. A população local frequenta-o aos finais de semana, quando fica lotado.

PLACA COM INFORMAÇÕES 

ENTRADA DO BALNEÁRIO DE CALDAS 

VISTA DOS JARDINS

CACHOEIRA

PISCINA DE ÁGUA CORRENTE

Como era uma terça feira, tudo estava tranquilo. Tomamos banho nas fontes, depois nos instalamos numa mesa, debaixo de boa sombra. Um quiosque de apoio supriu nossas necessidades etílicas e gastronômicas. Conversamos, passeamos, rimos das coisas da vida. Hora de voltar.


FONTE DE ÁGUA MINERAL: PEDRAS LIMPAS, ÁGUA CRISTALINA BROTANDO DO BURACO

OUTRO BURACO: A VISTA ALCANÇA ATÉ CERCA DE SEIS METROS DE PROFUNDIDADE

Recompostos, à noite fomos ao Crato, jantar no Mirante, restaurante que fica no Granjeiro, bairro da cidade em cima de uma pequena serra. Subimos até o clube, no final da linha, para ter uma ideia do lugar. Depois descemos até a entrada do restaurante, dobramos à direita, seguimos até o fim da rua e... Fechado! Decepção, pois o amigo Messias, do Buraco do Reitor, havia-nos recomendado a casa com grandes elogios.

Plano “B” tirado da manga, fomos para o “Ponto do Cupim”, um pouco mais abaixo. A pedida foi, óbvio, cupim na brasa. A cerveja estava ótima, o papo também. Foi então que um camarada que estava sozinho na mesa vizinha, morador do bairro, começou a puxar assunto. Conversamos, ele lá, nós cá, enquanto tomávamos nossas cervejas. O atendente se juntava ao grupo sempre que podia. Fortaleza, Crato, Juazeiro, trabalho, carros, carros antigos... E tocou o celular dele. Era sua mulher, a quem ele disse que logo estaria em casa. Nossa conversa continuou, o telefone tocou novamente, e ele teve direito a prorrogação. Na terceira chamada, desligou o fone e continuou o papo, embora o tivéssemos aconselhado a ir para casa. No fim das saideiras, saiu completamente embriagado, e deve ter ouvido todas e mais algumas. Ficamos por lá mais um pouco rindo da situação, ao mesmo tempo torcendo para o coitado ter se saído bem. Um boa noite de sono se seguiu.

PLANO "B": PONTO DO CUPIM, NO GRANJEIRO, CRATO

Na manhã seguinte, último dia no Cariri, fomos ao Crato. Percorremos a Centro da cidade, fomos ao Hotel Crato, local onde nos hospedamos naquela viagem-aventura que já comentei, perambulamos. Subimos a serra do Lameiro até o alto da chapada. Descemos e fomos, agora de dia, ao Granjeiro. Entramos no clube de mesmo nome para conhecer (estava fechado). Na volta fomos almoçar no Mirante, mas o danado estava novamente fechado (abre somente a partir da quinta, soubemos depois). Procuramos uma alternativa e ao fim da tarde estávamos no hotel. 

COOPERATIVA DE CRÉDITO NO CENTRO DO CRATO: SEM COMPUTADORES


FACHADO DO PRÉDIO DA COOPERATIVA

FACHADA DA ANTIGO HOTEL CRATO

ANTIGA ESTAÇÃO DE TREM

PLACA SEMINÁRIO DE SÃO JOSÉ

FACHADA DO SEMINÁRIO DE SÃO JOSÉ, NO ALTO DA CIDADE

À noite jantamos no Sirigado do Pedro, restaurante muito bonito, bem decorado, de comida excelente e atendimento nota 10. Assim fechamos com chave de ouro a etapa Cariri de nossa viagem.



Pedro Altino Farias, em 02/07/2013

2 comentários:

  1. "As cidades vivem por meio de seus escritores, como eram, como foram um dia. [...] Para conhecer um local, conheça aqueles que escreveram sobre os lugares onde estiveram ou viveram". (MOTTA. A Vida dos livros, 2010, p. 38)

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  2. Pedro, hoje também fiz esta viagem por meio dos comentários e fotos que você nos oferece e lembrei muito de Caldas, daqueles tempos...
    Parabéns jornalista fotógrafo.

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